PÁGINAS

sexta-feira, 29 de março de 2013

Presidenta, crie corvos e eles bicarão teus olhos



por Maria Luiza Tonelli, especial para o Viomundo

O Brasil teve a mais longa ditadura da América Latina: 21 anos. Passamos por um período de redemocratização iniciado em 1985 e, finalmente, em 1988, com a Constituição chamada por Ulysses Guimarães de constituição cidadã, entramos efetivamente num sistema político de democracia, sob o Estado Democrático de Direito. Nossa democracia ainda é muito jovem, considerando que pela primeira vez o Brasil desfruta de um período de democracia ininterrupta, sem golpes no meio do caminho.

Às vésperas de completar 49 anos do golpe militar que contou com o apoio das classes privilegiadas, da imprensa, de intelectuais de direita, de grande parte da classe média brasileira e dos EUA, ainda estamos longe de viver numa verdadeira democracia em termos de efetiva igualdade de todos perante a lei e do respeito à dignidade humana, corolário da nossa Constituição.

O Brasil é um país constitucionalista, ou seja, um Estado no qual ninguém está acima da lei, nem governantes nem governados. Significa que nenhuma lei pode estar em contradição com a Constituição, bem como a nenhum cidadão ou grupo de indivíduos cabe, sob qualquer pretexto, agir de modo tal que contrarie o que diz nossa Lei Maior, mesmo quando percebemos que há colisão entre direitos.

Isso quer dizer que nenhum direito é absoluto. O direito à liberdade de expressão não é absoluto a ponto de violar o direito à imagem, à privacidade e à dignidade humana. Mesmo quando se trata de

terça-feira, 26 de março de 2013

Regulação da MÍDIA: O Exemplo Inglês



BBC Analisys


image of Nick Robinson
Nick Robinson
Political Editor
The PM has always known that he is likely to be defeated in the Commons on this issue. It is Ed Miliband and not him who leads a coalition on press regulation of Labour, the Lib Dems and some Conservative MPs and peers too.

So Cameron decided to pre-empt them and to pick a fight on his own terms and at a time and place of his choosing. By doing so he still faces the likelihood of defeat (though nothing is certain on an issue on which few have fixed views). He will still face being attacked for abandoning the victims.

However, he will calculate that he has demonstrated to the public that he is willing to deal with the issue of press excesses at the same time as indicating to the newspapers that he is fighting for press freedom whilst his opponents are desperate to shackle the press.

Above all though, perhaps David Cameron's calculation was that his defiant Downing Street news conference would make him look like a leader at a time when his own party has been questioning how long he should carry on in the job




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A Regulação da Imprensa é Necessária, é Possível e é Democrática.

Por Venício A. de Lima em 26/03/2013 na edição 739 de "Observatório da Imprensa"


Quatro meses depois da publicação do Relatório Leveson (ver, neste Observatório, “Alguma lição para o Brasil?“), os três principais partidos ingleses – Conservador, Trabalhista e Liberal Democrata – anunciaram na segunda-feira (18/3) o fechamento de um acordo para regulação da imprensa (jornais, revistas e internet) no Reino Unido.

A nova instância, independente do governo e das empresas de mídia, substituirá a agência autorreguladora Press Complaints Commission, formada por integrantes da própria imprensa, que o Relatório Leveson considerou incapaz de coibir os crimes cometidos pela imprensa britânica além de funcionar, na prática, como um lobby dela mesma, a imprensa.





A agência reguladora terá poderes de um órgão fiscalizador, poderá aplicar multas de até um milhão de libras (cerca de três milhões de reais) ou de até 1% do faturamento das empresas de mídia; adotará medidas gerais para proteção do cidadão comum, além de poder obrigar jornais, revistas e sites de internet com conteúdo jornalístico a publicar correções de matérias e pedidos de desculpas. Mais importante: o novo órgão regulador será amparado legalmente por uma Carta Real (Royal Charter), assinada pela rainha Elizabeth II, da qual constará uma cláusula rezando que “não pode ser adulterada pelos ministros”, mas apenas pela maioria de dois terços nas duas Câmaras do Parlamento britânico.

A adesão das empresas de mídia ao órgão será voluntária, mas a não adesão implicará o risco de punições ainda maiores caso elas sejam enquadradas nas novas normas.  O texto final deverá ser submetido à rainha Elizabeth II em maio.

Registre-se ainda que se trata de um novo órgão regulador para a mídia impressa e sites jornalísticos na internet. O rádio e a televisão, no Reino Unido, já são regulados pelo Ofcom.

Apesar de óbvias reações contrárias, de um modo geral, o acordo produzido no Parlamento britânico foi bem “digerido” pelos grupos de mídia ingleses e contou com o apoio de empresas do porte e da importância do The Guardian, do Financial Times e do The Independent.

Duas lições para a Terra de Santa Cruz

Há duas lições básicas para o Brasil no que vem ocorrendo na Inglaterra desde o escândalo que revelou os crimes do tabloide News of the World – relevadas, é claro, as enormes diferenças entre as duas sociedades.
  • A primeira, específica para os que ainda não conseguem conviver com a ideia, é de que a regulação – veja só – da mídia impressa é necessária, é possível e é democrática. Ela é fundamental para que a liberdade de expressão seja de todos e não apenas de alguns poucos. Ela visa garantir direitos, e não o contrário.
  • A segunda lição, importantíssima, se refere ao “como” os ingleses conseguiram viabilizar a nova regulação da mídia impressa: através da negociação, do entendimento entre os seus principais partidos, da situação e da oposição, no Parlamento.

Ao contrário de vizinhos nossos como a Argentina, a Venezuela e o Equador, no Brasil o principal partido no governo, o PT, tem apenas 17% dos deputados na Câmara e 17% dos senadores no Senado. Por óbvio, não tem força política para aprovar, sozinho, medidas sobre as quais já tomou posição pública – como é o caso, por exemplo, de um novo marco regulatório para as comunicações. A articulação com outros partidos é simplesmente indispensável. É preciso buscar pontos em comum e tentar vencer resistências – e interesses – que tem prevalecido nas comunicações brasileiras há décadas.

segunda-feira, 25 de março de 2013

CAPITALISMO: A VISÃO DE BILL GATES


Capitalismo significa mais dinheiro para pesquisa contra calvície que contra malária, diz Bill Gates

Capitalismo significa que há muito mais pesquisa para a calvície masculina do que para doenças como a malária, que afetam principalmente pessoas pobres, disse Bill Gates em discurso sobre grande desafios globais.

“Nossas prioridades são derivadas de imperativos do mercado”, disse. “A vacina contra a malária, em termos humanitários, é uma enorme necessidade. Mas praticamente fica sem financiamento. Se você está trabalhando em calvície masculina ou outras coisas mais comerciais suas chances de obter recursos são bem maiores.”

Governos e organizações filantrópicas, afirmou Gates, têm que intervir para compensar essa “falha na abordagem pura capitalista”.
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Bill Gates: «El capitalismo hace que la investigación contra la calvicie reciba más fondos que acabar con la malaria»

Parece que fuera ayer cuando Bill Gates todavía dirigía con mano de hierro el destino de Microsoft al tiempo que amasaba una fortuna colosal que lo colocaba año tras año como la persona más rica del mundo, pero ya han transcurrido 4 años y medio desde que abandonó su trabajo en la multinacional del software para dedicarse en cuerpo y alma a la fundación Bill y Belinda Gates.

Odiado por muchos durante buena parte de su trayectoria profesional debido a su estilo agresivo de hacer negocios y por los ardides que no dudaba en emplear para machacar a la competencia, su imagen pública ha mejorado paulatinamente conforme se han ido conociendo las colosales aportaciones económicas que ha realizado desde mediados de la década de los '90 a causas humanitarias.
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Bill Gates: capitalism means male baldness research gets more funding than malaria

By Olivia Solon
14 March 13


Capitalism means that there is much more research into male baldness than there is into diseases such as malaria, which mostly affect poor people, said Bill Gates, speaking at the Royal Academy of Engineering's Global Grand Challenges Summit.

"Our priorities are tilted by marketplace imperatives," he said. "The malaria vaccine in humanist terms is the biggest need. But it gets virtually no funding. But if you are working on male baldness or other things you get an order of magnitude more research funding because of the voice in the marketplace than something like malaria."

As a result, governments and philanthropic organisations have to step in to offset this "flaw in the pure capitalistic approach". The Gates Foundationfocuses on finding under invested areas of basic science and focusing an innovation agenda on the needs of the poor, specifically looking at education and health.

domingo, 24 de março de 2013

BANCO MUNDIAL: El mundo puede aprender mucho de Brasil

Desde el 2003, el país sacó a 20 millones de personas de la pobreza, y con el programa Brasil sem Miseria, pretende erradicarla para el 2015


El mundo, y América Latina, parecen mirar cada vez más a Brasil, especialmente en temas de economía, sociedad y desarrollo. El gigante sudamericano se ha convertido en el país de referencia en reducción de la pobreza, igualdad de género y exportación de conocimientos, por ejemplo.
Y es que Brasil está a la cabeza de muchos rankings globales: es la sexta economía del mundo, el quinto país más grande, el segundo con más aeropuertos, o el que tiene más especies de animales. Pero quizás lo más importante es que, desde el 2003, sacó a 20 millones de personas de la pobreza, y con el programa Brasil sem Miseria, pretende erradicarla para el 2015.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Página 12: O jornal que incomoda fardas e batinas


por Saul Leblon para Carta Maior


Na manhã seguinte ao anúncio de um Papa argentino, o jornal ‘Página 12’ sacudiu Buenos Aires com a manchete: ‘!Dios, Mio!’
A sexagenária Graciela Yorio, distante 11 mil km, em Buenos Aires, numa explosão de sentimentos, esmurrou as paredes de seu apartamento, quando viu emergir o cardeal Bergoglio no balcão do Vaticano, após o "Habemus Papam".

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"Página 12": o Alvo

 ¡DIOS MIO!  

(Por Fernando Cibeira)



El cardenal primado de la Argentina, Jorge Bergoglio, es el nuevo papa, el primero que no es europeo y que viene de América latina. El alto prelado ha sido denunciado por complicidad con la dictadura militar, mantuvo una relación conflictiva con los gobiernos kirchneristas y fue un tenaz opositor del matrimonio igualitario y las políticas de educación sexual y salud reproductiva




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Na 6ª feira, dois dias depois, como relata o correspondente de Carta Maior, Eduardo Febbro, direto do Vaticano, o porta-voz da Santa Sé reclamou do que classificaria como ‘acusações caluniosas e difamatórias’ envolvendo o passado do Sumo Pontífice.

Em seguida atribui-as a ‘elementos da esquerda anticlerical’.  Com ele, seu diretor, o jornalista Horácio Verbitsky, autor de um livro sobre o as suspeitas que ensombrecem a trajetória do cardeal Jorge Mário Bergoglio, durante a ditadura argentina.

A cúpula da Igreja acerta ao qualificar o ‘Página 12’ como ‘de esquerda’ – algo que ostenta e do qual se orgulha praticando um jornalismo analítico, crítico, ancorado em fatos.  Mas erra esfericamente ao espetá-lo como ‘anticlerical’.  O destaque que o jornal dispensa ao tema dos direitos humanos não se restringe ao caso Bergoglio.

Fundado ao final da ditadura, em maio de 1987, o ‘Página 12’ é reconhecido como o grande ponto de encontro da luta pelo direito à memória na Argentina.  Não foi algo premeditado.  No crepúsculo da ditadura militar, um grupo de jornalistas de esquerda vislumbrou a oportunidade de criar um veículo enxuto, no máximo 12 páginas (daí o nome), mas dotado de densa capacidade analítica.

E, sobretudo, radicalmente comprometido com a redemocratização e com os seus desafios.  A receita das 12 páginas baseava-se num cálculo curioso.  Era o máximo que se conseguiria produzir com qualidade naquele momento; e o suficiente para a sociedade reaprender a refletir sobre ela mesma.

domingo, 17 de março de 2013

Brasil tem alto desempenho no desenvolvimento humano e é modelo para o mundo, diz ONU




English Summary


The 2013 Human Development Report – "The Rise of the South: Human Progress in a Diverse World" – examines the profound shift in global dynamics driven by the fast-rising new powers of the developing world and its long-term implications for human development.

The Report identifies more than 40 countries in the developing world that have done better than had been expected in human development terms in recent decades, with their progress accelerating markedly over the past ten years. The Report analyzes the causes and consequences of these countries' achievements and the challenges that they face today and in the coming decades.

Each of these countries has its own unique history and has chosen its own distinct development pathway. Yet they share important characteristics and face many of the same challenges. They are also increasingly interconnected and interdependent.

The Report calls for far better representation of the South in global governance systems and points to potential new sources of financing within the South for essential public goods. With fresh analytical insights and clear proposals for policy reforms, the Report helps charts a course for people in all regions to face shared human development challenges together, fairly and effectively.

  • Today, the South as a whole produces about half of world economic output, up from about a third in 1990.
  • Latin America, in contrast to overall global trends, has seen income inequality fall since 2000.
  • There is a clear positive correlation between past public investment in social and physical infrastructure and progress on the Human Development Index.
  • Developing countries trade more among themselves than with the North, and this trend can go much further.


BRASIL EM FOCO

País registra crescimento de 24% no IDH desde 1990 e cresce mais rápido que vizinhos latino-americanos. IDH do Brasil melhora em 2012; país mantém 85ª posição no ranking em relação a 2011.





14 Março 2013, do PNUD

O Brasil está entre os 15 países que mais conseguiram reduzir o déficit no IDH entre 1990 e 2012, uma trajetória que o coloca no grupo de “alto desempenho” em desenvolvimento humano. As conclusões são do Relatório de Desenvolvimento Humano 2013 – Ascensão do Sul: progresso humano num mundo diversificado, lançado hoje pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 

A classificação de “alto desempenho” foi dada aos países que: tiveram desenvolvimento humano significativo pois, além de experimentar aumento do rendimento nacional, registram valores superiores à média nos indicadores de saúde e educação; reduziram o hiato necessário para alcançar o teto do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – igual a 1 –; e tiveram desempenho melhor em relação a seus pares – países que se encontravam em patamares semelhantes em 1990.

sábado, 16 de março de 2013

[Novo Papa] A geopolítica do segredo

por Ivone Gebara* (16/03/2013)

Que interesses tiveram as grandes empresas de telecomunicações em transmitir os inúmeros detalhes da escolha do novo Papa? A quem servem os milhões de dólares gastos nas transmissões ininterruptas até a chegada da fumaça branca? Do lado de quem se situam esses interesses? Que interesses tem o Vaticano em abrir as possibilidades para essas transmissões?




Passadas as primeiras horas do impacto da eleição do Cardeal Bergoglio de Buenos Aires, das emoções primeiras de termos um papa latino-americano, com expressão amável e cordial a vida presente nos convida a refletir.

Apesar de seu valor, os meios de comunicação têm também o poder de amortizar as mentes e de impedir que perguntas críticas aflorem ao pensamento das pessoas. Nesses dois últimos dias que precederam a eleição papal, muitas pessoas no Brasil e no mundo foram tomadas pelas transmissões em direto de Roma. Sem dúvida um acontecimento histórico desses não se repete todos os meses! Mas, que interesses tiveram as grandes empresas de telecomunicações em transmitir os inúmeros detalhes da escolha do novo Papa? A quem servem os milhões de dólares gastos nas transmissões ininterruptas até a chegada da fumaça branca? Do lado de quem se situam esses interesses? Que interesses tem o Vaticano em abrir as possibilidades para essas transmissões? Essas perguntas talvez inúteis para muitos, continuam a ser significativas para alguns grupos preocupados com o crescimento da consciência humanista de muitos/as de nós.

São em grande parte as empresas de telecomunicações as responsáveis pela manutenção do segredo nas políticas eleitorais do Vaticano. O segredo, os juramentos e as penalidades por não respeitá-los são parte integrante do negócio. Criam impactos e fazem notícia. Não se trata de uma tradição secular sem conseqüências para a vida do mundo, mas de comportamentos que acabam viciando a busca de diálogo entre os grupos ou excluindo grupos de um necessário diálogo. Nenhuma crítica a esse sistema perverso que continua usando o Espírito Santo para a manutenção de posturas ultraconservadoras revestidas de ares de religiosidade e bondosa submissão é feito. Nenhum espaço para que vozes dissonantes possam se manifestar mesmo com o risco de serem apedrejadas é aberto na oficialidade das transmissões. Uma ou outra vez se percebe uma pequena ponta crítica se esboçando, mas logo é abafada pelo "status quo” imposto pela ideologia dominante. 

Do novo papa Francisco se contou que usava transportes públicos, estava próximo dos pobres, fazia sua comida e que a escolha desse nome o assemelhavam ao grande santo de Assis. Foi imediatamente apresentado como uma figura simples, cordial e simpática. Na imprensa católica nada se falou das suspeitas de muitos em relação a sua postura nos tempos da ditadura militar, de suas atuais posturas políticas, de suas posições contrárias ao matrimonio igualitário, ou mesmo contra o aborto legal. Nada se falou de suas conhecidas críticas em relação à teologia da libertação e de seu desinteresse pela teologia feminista. A figura bondosa e sem ostentação eleita pelos cardeais assistidos pelo Espírito Santo encobriu o homem real com suas inúmeras contradições. Hoje os jornais (Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo) delinearam perfis diferentes do novo papa e temos uma percepção mais realista de sua biografia. Além disso, foi possível intuir que sua eleição é sem dúvida parte de uma geopolítica de interesses divididos e de equilíbrio de forças no mundo católico. Um artigo de Julio C. Gambina da Argenpress publicado via internet ontem (13 de março de 2013) assim como outras informações enviadas por grupos alternativos da Nicarágua, Venezuela, Brasil e, sobretudo da Argentina confirmaram minhas suspeitas.

terça-feira, 12 de março de 2013

A Ditadura da MIdia


por Altamiro Borges


A mídia hegemônica vive um paradoxo. Ela nunca foi tão poderosa no mundo e no Brasil, em decorrência dos avanços tecnológicos nos ramos das comunicações e das telecomunicações, do intenso processo de concentração e monopolização do setor nas últimas décadas e da criminosa desregulamentação do mercado que a deixou livre de qualquer controle público. Atualmente, ela exerce a sua brutal ditadura midiática, manipulando informações e deturpando comportamentos. Na crise de hegemonia dos partidos burgueses, a mídia hegemônica confirma uma velha tese do revolucionário italiano Antonio Gramsci e transforma-se num verdadeiro “partido do capital”.

Por outro lado, ela nunca esteve tão vulnerável e sofreu tantos questionamentos da sociedade. No mundo todo, cresce a resistência ao poder manipulador da mídia, expresso nas mentiras ditadas pela CNN e Fox para justificar a invasão dos EUA no Iraque, na sua ação golpista na Venezuela ou na cobertura tendenciosa de inúmeros processos eleitorais. Alguns governantes, respaldados pelas urnas, decidem enfrentar, com formas e ritmos diferentes, esse poder que se coloca acima do Estado de Direito. Na América Latina rebelde, as mudanças no setor são as mais sensíveis.

No caso do Brasil, a mídia controlada por meia dúzia de famílias também esbanja poder, mas dá vários sinais de fragilidade. Na acirrada disputa sucessória de 2006, o bombardeio midiático não conseguiu induzir o povo ao retrocesso político. Pesquisas recentes apontam queda de audiência da poderosa TV Globo e da tiragem de jornalões tradicionais. O governo Lula, com todas as suas vacilações, adota medidas para se contrapor à ditadura midiática, como a criação da TV Brasil e a convocação da primeira Conferência Nacional de Comunicação.

sexta-feira, 8 de março de 2013

8 de março - Dia Internacional da Mulher










Mudam-se as molduras, mas a essência é sempre a mesma: a opressão do forte sobre o fraco. Opressão que é avassaladora, crueal, massacrante, insensível. Não importa quem esteja no caminho: a mulher, o negro, o índio, o homossexual, o camponês ou apenas o pobre. De outro lado temos o empresário, o fazendeiro, o político, o Coronel, ou simplesmente o rico.

Se quisermos ter um sociedade digna, todas essas formas de disparidades tem que ser erradicadas. 

A diminuição dessas atrocidades, dessas desigualdades tem preço alto. São vida e mais vidas que ficam pelo caminho dessa trajetória de pequenas, mas vitais conquistas, como no casos dessas velentes mulheres de Nova Iorque.

O Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de Março, tem como origem as manifestações das mulheres russas por "Pão e Paz" - por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada do seu país na Primeira Guerra Mundial. Essas manifestações marcaram o início da Revolução de 1917. Entretanto a ideia de celebrar um dia da mulher já havia surgido desde os primeiros anos do século XX, nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas de mulheres por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto.   




A ideia da existência de um dia internacional da mulher surge na virada doséculo XX, no contexto da Segunda Revolução Industrial e da Primeira Guerra Mundial, quando ocorre a incorporação da mão-de-obra feminina, em massa, na indústria. As condições de trabalho, frequentemente insalubres e perigosas, eram motivo de frequentes protestos por parte dos trabalhadores. Muitas manifestações ocorreram nos anos seguintes, em várias partes do mundo, destacando-se Nova Iorque, Berlim, Viena (1911) e São Petersburgo (1913).



No Ocidente, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado no início do século, até a década de 1920. A data foi esquecida por longo tempo e somente recuperada pelo movimento feminista, já na década de 1960.

Na atualidade, a celebração do Dia Internacional da Mulher perdeu parcialmente o seu sentido original, adquirindo um caráter festivo e comercial. Nessa data, os empregadores, sem certamente pretender evocar o espírito das operárias grevistas do 8 de março de 1917, costumam distribuir rosas vermelhas ou pequenos mimos entre suas empregadas.

1975 foi designado pela ONU como o Ano Internacional da Mulher e, em Dezembro de 1977, o Dia Internacional da Mulher foi adotado pelas Nações Unidas, para lembrar as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres, mas também a discriminação e a violência a que muitas delas ainda são submetidas em todo o mundo.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Em apenas 14, CHAVEZ DESCONSTRÓI 500 anos na Venezuela


50 verdades sobre Hugo Chávez e a Revolução Bolivariana

por Salim Lamrani - Paris, para Opera Mundi

O presidente Hugo Chávez, que faleceu no dia 5 de março de 2013, vítima de câncer, aos 58 anos, marcou para sempre a história da Venezuela e da América Latina.

1. Jamais, na história da América Latina, um líder político alcançou uma legitimidade democrática tão incontestável. Desde sua chegada ao poder em 1999, houve 16 eleições na Venezuela. Hugo Chávez ganhou 15, entre as quais a última, no dia 7 de outubro de 2012. Sempre derrotou seus rivais com uma diferença de 10 a 20 pontos percentuais.

2. Todas as instâncias internacionais, desde a União Europeia até a Organização dos Estados Americanos, passando pela União de Nações Sul-Americanas e pelo Centro Carter, mostraram-se unânimes ao reconhecer a transparência das eleições.

3. Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos, inclusive declarou que o sistema eleitoral da Venezuela era “o melhor do mundo”.

4. A universalização do acesso à educação, implementada em 1998, teve resultados excepcionais. Cerca de 1,5 milhão de venezuelanos aprenderam a ler e a escrever graças à campanha de alfabetização denominada Missão Robinson I.

5. Em dezembro de 2005, a Unesco decretou que o analfabetismo na Venezuela havia sido erradicado.

6. O número de crianças na escola passou de 6 milhões em 1998 para 13 milhões em 2011, e a taxa de escolarização agora é de 93,2%.

7. A Missão Robinson II foi lançada para levar a população a alcançar o nível secundário. Assim, a taxa de escolarização no ensino secundário passou de 53,6% em 2000 para 73,3% em 2011.

8. As Missões Ribas e Sucre permitiram que dezenas de milhares de jovens adultos chegassem ao Ensino Superior. Assim, o número de estudantes passou de 895.000 em 2000 para 2,3 milhões em 2011, com a criação de novas universidades.

quarta-feira, 6 de março de 2013

América Latina es "la región más desigual del mundo"


       
              por Gilberto Lopes - San José  (BBC-Mundo)




Una familia pobre en América Latina.
El informe asegura que diez de los quince países más desiguales están en la región.


América Latina y el Caribe "conforman la región más desigual del mundo" y esa desigualdad no sólo es alta, sino también muy persistente, concluyó el Informe Regional presentado en San José, Costa Rica, por el Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo (PNUD), que busca no sólo comprender las causas de este fenómeno, sino también ofrecer soluciones.
De acuerdo al estudio, 10 de los 15 países más desiguales del mundo "pertenecen a esta región".
La desigualdad se puede medir con el "coeficiente de Gini", utilizado habitualmente por este tipo de estudios. Varia de cero a uno, siendo el cero la igualdad absoluta y, el uno, la mayor disparidad posible.
En América Latina los dos países con el índice más bajo, los más igualitarios, son Uruguay y Costa Rica, con 0,45 y 0,47 respectivamente. En el otro extremo, Haití y Bolivia trepan hasta 0,59 y 0,6. Es decir, son aquellos donde la desigualdad es mayor.
El estudio destacó además de las brechas visibles entre los países en términos de desarrollo humano, la que existe dentro de cada país.

¿Cómo combatir esa desigualdad?

El Informe destaca la importancia del "logro educativo" en el combate a la desigualdad. Pero añade que el gasto social del Estado en salud, nutrición e infraestructura, contribuyó también, en la última década, de forma significativa a reducirla.

terça-feira, 5 de março de 2013

El secreto de Venezuela en su lucha contra la pobreza

Juan Paullier - BBC Mundo, Caracas


Para los partidarios de Hugo Chávez, probablemente sea uno de los datos más halagadores.




Venezuela es el segundo país de América Latina donde más se ha reducido la pobreza en los últimos 12 años, detrás de Ecuador, que entre 1991 y 2010 la redujo en 26,4%.   La tendencia regional registró los niveles más bajos de pobreza e indigencia en dos décadas, según la Comisión Económica para América Latina y el Caribe (Cepal).


El 27,8% de los 29 millones de venezolanos viven por debajo de la línea de pobreza. Cuando el presidente Chávez llegó al poder en 1999, era el 49,4%.   Las cifras concuerdan con el discurso de "justicial social" de Chávez pero, contrariamente a lo que se podría pensar, no son consecuencia directa de las llamadas "misiones" (programas sociales).

"A lo que más se atribuye la disminución de la pobreza (en Venezuela) –le dice a BBC Mundo Martín Hopenhayn, director de la División de Desarrollo Social de la Cepal– es al aumento de los ingresos laborales, mucho más que a los programas de transferencias".


Las razones

Detrás del caso venezolano hay beneficios extraordinarios por los precios del petróleo, mejoría en los ingresos laborales y mayor distribución de las rentas.   A diferencia de otros países, donde se atribuye al crecimiento económico las mejoras en los niveles de pobreza, en Venezuela la distribución cobró mayor protagonismo.

Mientras que en Argentina el 80% de la variación se debió al crecimiento y el 20% a la distribución, esos porcentajes alcanzaron en Venezuela el 45% y el 55% respectivamente, una de las más altas en la región.
Para el gobierno venezolano la clave pasa por las "misiones", con las que aspiran a tener "en la próxima década cero pobreza", según el vicepresidente Elías Jaua.

sábado, 2 de março de 2013

Brasil tem o Menor Nível de Evasão por Corrupção




Global Financial Integrity: corrupção evadiu do Brasil U$ 35 bilhões em 10 anos, ou 0,4% do PIB anualmente, o menor nível entre os países em desenvolvimento.



A  GFI - Global Financial Integrity, publicou uma estimativa de que de 2001 a 2010, cerca de US$ 5,8 trilhões advindos de corrupção com recursos públicos foram “transacionados ilicitamente” no mundo.


A GFI elaborou um ranking da quantia com que cada país do mundo “contribuiu” para o montante.   O 1º lugar coube à China que evadiu, em 10 anos, US$ 2,7 trilhões, seguida pelo México, com US$ 476 bilhões e pela Malásia com US$ 284 bilhões.   O fato de a China ter evadido o maior valor não significa que o país seja o mais corrupto do mundo, pois a quantia evadida depende do PIB de cada país.

A Rússia, por exemplo, um dos países mais corruptos do mundo, está listada em 5º lugar, com US$ 152 bilhões vazados pela corrupção e a Índia vem em 8º com US$ 123 bilhões.   O Brasil, que segundo a Global Financial Integrity, evadiu US$ 35 bilhões em 10 anos, U$ 3,5 bilhões por ano está na 21ª posição.
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Postagens Relacionadas:
BRASIL: País mais Transparente da America Latina
Ajustando esse número ao PIB  para eliminar a distorçao gerada pelas diferenças de tamanho das economias, obtém-se um ranking bem diferente dos valores absolutos.  Neste caso, tomou-se apenas os cinquenta países com maior valor absoluto de evasão, calculando a representatividade desse valor em relação ao PIB de 2005, que é ponto médio entre 2001 e 2010. 

O primeiro e o segundo lugares ficaram com Liberia e Aruba, com 200% e 124% do PIB.  Ou seja, o valor transacionado ilicitamente foi superior ao próprio PIB anualmente.  Do outro lado, a China e o México que ocupam os dois primeiros lugares em valores absolutos, caem para a 17ª e a 26ª posições com 12,1% e 5,6% respectivamente.

A grande surpresa foi o índice do Brasil que,  com um volume de US$ 3,5 bilhões anuais  ficou na última posição, com apenas 0,4% do PIB. 






Muitas constatações podemos tirar desses números, mas eu destacaria duas: 
(i) A corrupção e o fluxo de dinheiro sujo é um cancer já em nível de metástase, atingindo todos os cantos do mundo, e 
(ii) O Brasil, embora com um nível alto de corrupção está muito longe de ser o apocalipse pintado pelos atuais oposicionistas ao  governo.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Favelas Brasileiras: 65% já é Classe Média

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English Sumary


Most “favela” dwellers now considered middle class – Feb 19 2013

Most of the Brazilian population that lives in the country's “favelas,” or slums, have now risen to the middle class, according to a new study by NGO Data Favela. The study says that 37% of people dwelling in those communities were considered middle class in 2002, but the rate rose to 65% by 2011. For all of Brazil, meanwhile, the rate of people considered middle income has rise to 52% from 38% in the same period. The survey was based in data from the Brazilian Institute of Geography and Statistics. According to the same data, 12 million people live in slums in Brazil, with a joint income of R$56.1 billion a year, comparable to the GDP of Bolivia.
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São Paulo – Morar em favelas, pelo menos no Rio de Janeiro, pode não ser tão ruim quanto parece para quem está de fora. Amparados por melhorias nos indicadores socioeconômicos, 85% dos jovens das comunidades cariocas disseram ao Data Popular que gostam do lugar onde moram. E 70% disseram que continuariam a morar na comunidade mesmo se a renda dobrasse.

Os resultados fazem parte de um levantamento do DataFavela , união entre o Data Popular e Celso Athayde, ex- dirigente da Central Única de Favelas (Cufa). E mostra um retrato não só do Rio de Janeiro, mas de todas as comunidades do Brasil.   É um contingente formado por 12 milhões de pessoas, cuja renda soma 56,1 bilhões de reais por ano, com uma maioria de membros da classe média. 

O que melhorou

Embora o conceito de classe média gere polêmica, segundo o Data Favela, hoje 65% dos moradores estão nesta faixa de renda, contra 37% em 2002.  Há 10 anos, apenas 4 em cada 10 moradores tinham celular. Hoje são nove. Computadores, tidos apenas por 3% dos moradores, agora estão em 40% dos lares.
A média de anos de estudo subiu, no mesmo período: foi de quatro para seis anos.  Segundo a pesquisa, os jovens têm papel preponderante na atividade econômica e na organização social das favelas.   São eles, por exemplo, que orientam os pais na aquisição de serviços, como TV por assinatura, e decidem as marcas de alimentos e o consumo de eletrônicos.

Visão otimista

A pesquisa incluiu levantamento qualitativo apenas no Rio de Janeiro. E a visão dos jovens mostrou-se otimista: 51% deles acham que a comunidade melhorou nos últimos dois anos, e 63% acreditam que vai continuar melhorando.  Mesmo assim, o preconceito ainda persiste, na visão deste grupo, fazendo com que 49% deles prefira não dizer onde vive.  No Brasil, em números absolutos, São Paulo e Rio de Janeiro lideram entres os estados com mais pessoas morando em favelas.