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terça-feira, 26 de agosto de 2014

Corrida Presidencial: Entre a Euforia e o Desespero

Por PAULO FRANCO


A sociedade brasileira esta vivendo hoje um misto de euforia e desespero.  O Ibope divulgou hoje mais uma rodada de pesquisa presidencial, sendo a primeira com Marina Silva em lugar de Eduardo Campos para a presidência.

Marina Silva, que era vice de Eduardo, não havia conseguido transferir praticamente nada de votos, de maneira que a dupla não conseguiu em nenhum momento atingir 10% das intenções de votos.

Nesta rodada, segundo o Ibope, Marina aparece com 29%, um espantoso acréscimo de 20% sobre os 9% de Eduardo Campos.  Por outro lado, Dilma Rousseff que vinha numa liderança razoavelmente tranquila, viu uma queda de 38% para 34%, ou seja, apenas 5% acima de Marina.  Aécio, anteriormente o segundo colocado, caiu de 23% para 19%.


A EUFORIA DO GRUPO PRÓ-MARINA


Ainda não estou plenamente convencido de quais os objetivos dos grupos que estão por trás da candidatura Marina.  Parece simples, mas não é.  Estamos falando de política eleitoral, de disputa pelo poder.  Num país que tem um PIB de quase 5 trilhões de reais, a definição da estrutura distributiva das riquezas geradas é o verdadeiro vetor que norteia essa disputa.
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A elite burguesa brasileira, formada basicamente pelos 1% mais ricos da sociedade e liderada principalmente pelos banqueiros (FEBRABAN, ABBI, ABBC, ACREFI, etc), megaempresários (FIESP, CIESP, CNI, FIRJAN, ACSP, etc), agronegócios, barões da mídia, tem em suas mãos a "nata" da inteligência em negócios, em processos decisórios.  Não há ingênuos nesse segmento
social.  Recursos para investir ou custear projeto é sem limites, principalmente um projeto como essa: a retomada do poder.

A primeira hipótese, seria um repeteco do ocorreu em 2010, inflar a candidatura de Marina até que ficasse assegurada a ocorrência do 2o. turno, criando a chance para o candidato tucano que representa a elite burguesa.

A outra hipótese é um repeteco do que ocorreu em 1989.  Diante do raquitismo do potencial eleitoral de seu candidato, deixando cada vez mais clara a inevitável derrota, a elite burguesa decidiu apostar numa terceira via, numa negociação envolvendo um apoio financeiro e midiático maciço em troca de um comprometimento com um agenda neoliberal por parte de Marina Silva.

Parece que a segunda hipótese está se cristalizando, mas ainda é cedo para afirmar.  Tratar essas pesquisas com mais cidade e maior ceticismo é cada vez mais necessário.

Qualquer que seja a estratégia dos diversos segmentos envolvidos com a candidatura Marina, eles estão em verdadeiro regozijo.


O DESESPERO DOS TUCANOS


O que era visto com bom olhos, ao viabilizar a ocorrência do 2o. turno e assim aumentar as chances na disputa eleitoral, passou a ser um pesadelo para os tucanos, se considerarmos os resultados Ibope divulgados pela mídia hoje.   O salto de Marina em relação a Eduardo Campos ficou acima do necessário e do desejável pelos tucanos.  Aécio ficaria irremediavelmente fora da disputa do segundo turno.  O efeito colateral, neste caso, parece ser maior que o princípio ativo.


O DESPESPERO DOS PETISTAS


O desespero da ala petista é tal, senão maior, que o desespero tucano.  Dilma Rousseff, candidata a reeleição vinha numa situação confortável na liderança, sem uma ameaça que lhe tirasse o sono.  A tendência era de uma vitória bastante provável já no primeiro turno. 

De repente, com a mudança de cabeça de chapa, ocorreu não só um salto gigantesco de 9% para 29% de Marina, como houve também,  uma queda de Dilma de 38% para 34%, recuando 4%.    E o pior desses números é a pequena diferença de 5%, ainda não vista nesta eleição em nenhuma das pesquisas anteriores.   Com base nesses números,  a mudança das perspectivas eleitorais de Dilma, embora continue na liderança, foi significativamente negativa. 


A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA ESPONTÂNEA


Desde que a urna eletrônica foi adotada, deixou de existir a cédula com os candidatos para que o eleitor assinalasse um "X" na opção desejada.  Atualmente, só após a digitação do número do candidato é que aparecem o partido, seu nome e sua foto.

A pesquisa espontânea pretende simular exatamente essa situação.  Pergunta-se ao entrevistado, em qual candidato ele votaria para presidente, sem que o entrevistador apresente um lista de candidatos para escolha. O entrevistado dirá espontaneamente em quem vai votar.  Portanto a pesquisa espontânea parece ser mais fidedigna da intenção de voto do eleitor pesquisado.

A pesquisa da intenção espontânea de voto elimina ou minimiza indução ou distorção involuntária ou não do questionário ou entrevistador.  As considerações a seguir foram feitas com base nos resultados de intenções espontânea de voto.


AUMENTO DA VISIBILIDADES DOS CANDIDATOS


A informação mais relevante deste última pesquisa, foi o aumento da visibilidade dos candidatos.  Dois fatores contribuíram significativamente para que isso acontecesse.  A tragédia do acidente do avião com a morte de Eduardo Campos e o início do horário eleitoral.

A mídia deu um cobertura sem precedentes ao acidente e seus desdobramentos.  Tanto o acidente em si, como a morte de Eduardo Campos, foram usados politicamente por todos os meios de comunicação.  Foi um verdadeiro bombardeio de notícias, comentários, entrevistas e artigos os mais diversos, por dias e dias.

Isso fica claramente evidenciado nos percentuais de indecisos que vinha crescendo sistematicamente até atingir 43% na pesquisa realizada no início do mês e agora despencou para 28%.

Os votos nulos não apresentou mudança na tendência, que já vinha decrescendo mês a mês, conforme mostra o gráfico.


O DESESPERO DOS TUCANOS NÃO PROCEDE.


Aécio, na pesquisa espontânea deu um salto bastante grande, saindo de 11% para 18%, o que é motivo para comemoração e não para desânimo e muito menos desespero.  Alem disso, na espontânea ele mantém a 2a. posição, já que Marina atingiu apenas 12.  Há que se aguardar o desenrolados dos fatos, incluindo ai um esfriamento dacomoção provocada pela morte de Eduardo, um crescimento de ataques à Marina, já que está se tornando vitrine como os outros 2 concorrentes, e a exposição no horário eleitoral oficial.


ELEITOR DE DILMA MANTÉM FIDELIDADE


Na pesquisa espontânea, Dilma mantém uma tendência sistemática e bastante nítida.  Ele vem de um crescimento lento, mas firme e nesta edição da pesquisa não houve um recuo, mas um avanço de 2 pontos percentuais.  Há motivos para preocupação mas não desespero.



















COMUNICAÇÃO: O FATOR DETERMINANTE NO RESULTADO DA ELEIÇÃO


Não tenho a menor dúvida que o fator determinante nesta eleição será a comunicação.  Quem conseguiur maior sucesso na comunicação de seu projeto e "abafar" o projeto do concorrente, sairá com um vantagem astronômica.

Nesse aspecto Dilma e o PT tem que se desdobrar e trabalhar muito e com muita eficiência.  Não é segredo que toda a grande mídia tornou-se o Partido mais forte do país, vulgarmente conhecido como PIG - Partido da Imprensa Golpista. Esse apelido "carinhoso" não é por acaso.  A Imprensa com ajuda dos Institutos de Pesquisas vêm influenciando decisivamente nos resultados das eleições desde Getúlio Vargas.  Numa conduta antidemocrática e extremamente prejudicial ao consolidação da democracia no Brasil.




TEORIAS DE CONSPIRAÇÃO


Inevitavelmente, o resultado dessa pesquisa com fortes alterações na pesquisa estimulada, estimulará reflexões e desconfianças sobre as causas do acidentes.

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