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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Marina, Marinete, Marionete

Por PAULO FRANCO





 

ANTECEDENTES


Para não ser muito repetitivo e exaustivo eu listaria alguns pontos, de forma bem sucinta e em linguagem "telegráfica", que caracteriza a trajetória de Marina Silva: origem humilde, inteligência, militância sindical e ambiental, CUT, PT, Chico Mendes e LULA.  Grosso modo acredito que esses foram os aspectos que marcaram a vida de Marina.


AMBIÇÃO E RESSENTIMENTO


Dois componentes de natureza emocional tem norteado o atual comportamento político de Marina Silva: a vaidade e o ressentimento. 

 

 AMBIÇÃO

 
Vaidade é um sentimento que permeia todos os indivíduos, variando somente a intensidade em uns ou em outros. De uma forma ou de outra, todos nós, seres humanos precisamos de alguma dose de reconhecimento. A recompensa para essa demanda emocional se materializa em diversas formas de poder ou capacidade como econômica, intelectual, artistical, social, entre outras.

O problema começa quando essa vaidade recebe reforços perigosos de traumas e decepções, normalmente, ocorridas em fases iniciais de nossas vidas. Essa combinação pode resultar no que chamamos de ambição e, consequentemente o nível da ambição estará diretamente subordinada ao nível daqueles traumas ocorridos.

A coisa se complica mais ainda, se a ambição contar com uma colaboração perigosa de um desvio ou uma fragilidade do caráter. Se esse individuo for determinado e inteligente terá grande chances de sucesso, mas causará enormes estragos por onde passar. Normalmente se utilizam de quaisquer meios para atingir seus objetivos e não se sensibilizam muito com as feridas deixadas pelo caminho.
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Evidentemente não temos informações suficientes para dizer em que nível está Marina Silva nesse processo. O que é visível é seu nível de ambição, mas não conheço nada de concreto que coloque seu caráter em dúvida. Embora tenha deixado escapar algumas atitudes e declarações, no episódio da inviabilização de seu partido “Rede Sustentabilidade” que sugerem um desequilíbrio entre a ambição e a ética, ao tentar a aprovação sem o cumprimento de exigência legal, além de transferir sua própria culpa pelo insucesso na formação do partido, a terceiros.


RESSENTIMENTO

 

Ressentimento é um sentimento também comum e é decorrente de uma decepção, uma desilusão, uma agressão, algo de ruim provocado por outrem. O nível do ressentimento depende não só do nível do evento ocorrido, mas também do nível emocional da relação entres esses indivíduo. Esse fato inesperado provoca sofrimento, angustia, tristeza, raiva, frustração.

O indivíduo afetado, fica remoendo aquilo indefinidamente, colocando-se sempre numa papel de vitima, acumulando uma energia intensa contra o "causador", permanecendo indefinidamente e na busca de uma reparação, de um revide, mesmo que seja de forma indireta.

Vejo nesse ressentimento de Marina, uma componente psicanalítica, freudiana mesmo, que é a disputa pelo amor do pai (político) LULA. Como todos sabemos Marina e Chico Mendes foram sindicalistas e defensores do extrativismo nos seringais acreanos. A CUT e Lula tiveram papel fundamental nesse processo e o PT do Acre nasceu desse caldo denso de conflitos, de lutas. A longa convivência entre Lula e Marina e todo o seu sucesso tanto na vida pessoal como na política (latu sensu) fez dela uma filha querida de Lula (ou do projeto de Lula para o país).  As circunstâncias por ocasião da ecolha de candidatos para a eleição de 2010 davam grandes chances de Marina ser a candidata preferida de Lula para substituí-lo, já que outros fortes candidatos tinha sido excluidos do processo, como Zé Dirceu e Palocci.
Lula teria prometido ou sinalizado para ela a sua sucessão?   Ou talvez nem tenha havido qualquer promessa ou sinalização, mas simplesmente um desejo, uma fantasia.   A verdade é que tudo é possível, mas não temos informações que permita uma avaliação mais clara do que ocorreu. A escolha de Dilma foi um "soco no estômago" de Marina.  Ela se sentiu rejeitada, preterida por Lula e favor da "outra" (quem era Dilma afinal, perto de Marina Silva?).  O que é claro, na conduta de Marina, é que há ressentimentos e ela tem demonstrado esse sentimento sempre que pode.

A forma que Marina identifica como reparação ou revide é provar para Lula, PT e principalmente para Dilma que ela é maior, tem liderança, tem poder de voto.  Derrotar o PT seria seu grande trunfo, sua grande recompensa por ter sido preterida por Lula em favor de Dilma, um "tapa na cara com luva de pelica"?
Marina se associaria a qualquer partido ou ideologia, se ela estivesse consumida pela ambição e pelo ressentimento.  Ela já deu passos mais ousados, ideologicamente, ao se vincular ao PV, que embora seja um partido que luta prioritariamente pelo meio ambiente, portanto uma bandeira mais à esquerda, tem tido postura de direitista, se aliando ao grande representante do neo-liberalismo que é o PSDB.

ELEIÇÕES DE 2010: UMA "BOLHA" CHAMADA MARINA

 

Ao ser escolhida por Lula para ser a candidata do PT, Dilma Rousseff, passou a ser chamada pela grande mídia, de "poste", num trabalho articulado de depreciação junto aos eleitores.

Em 2008 Dilma não chegava a 10%, enquanto Serra detinha em torno de 40% nas pesquisas de intenção de votos.  Em 2009 Dilma subia para pouco abaixo dos 20%, enquanto se mantinha em torno dos 40% e Marina aparecia pouco abaixo dos 10%.  

Em maio-junho de 2010, Dilma que vinha num crescimento vagaroso, mas continuo desde 2008, encosta em Serra ao redor de 37%.  Marina permencia abaixo dos 10% mostrando uma certa inércia, uma certa fadiga eleitoral. 

A partir de agosto com o início da campanha eleitoral, o quadro eleitoral começa a assumir contornos diferentes, com Dilma crescendo vertiginosamente atingindo já no final do mês a casa do 50%, e Serra despencando para níveis de 25%.  Marina, totalmente estagnada, não conseguia atingir os 10%, oscilando entre 8% e 9%.  As pesquisas estavamo mostrando que a eleição seria definida, inevitavelmente, no 1o. turno, com a vitória folgada de Dilma Rousseff, candidata do Partido dos Trabalhadores e da situação. 
Diante da tragédia anunciada, a máfia mais poderosa do país, as familias midiáticas estabeleceram um plano estratégico capaz de reverter aquela tendência, virtualmente, irreversível.  Decidiram investir no inimigo.  Não no inimigo número 1, que já estava com a vitoria praticamente garantida, mas no inimigo número 2, Marina Silva que estava lá em baixo na 3a. posição com menos de 10% de intenções de votos. 
O Plano da Oposição, liderada pela grande imprensa, passando a dar espaço para as teses de Marina, enaltecendo sua luta contra o Agronegócio, contra o desmatamento, a defesa dos colonos e serigueiros contra os latifundios, ou seja, todas aquelas bandeiras que, na verdade, são diametralmente opositores. 
A partir de setembro, com uma atuação firme, eficiente e intensiva dos setores conservadores, que se espalhava pela internet, Marina começou a subir nas pesquisas.  Subir de forma rápida.  A lavagem cerebral promovida pelos barões da mídia foi de tal magnitude que ela terminou com 19,3%  ou 19,6 milhões de votos.  Um resultado espantoso, uma vitória retumbante da direita, usando habilmente a candidata Marina Silva, demonstrando que, quando quer, eles são muito eficientes e sabem tomar decisões estratégicas e botar em prática. 
O 2o. turno foi viabilizado com uma contribuição determinante de Marina Silva.  Se Serra vencesse Dilma no 2o. turno, Maria Silva teria sido a grande responsável por interromper o projeto político, economico e social de Lula e o PT, promovendo um retroscesso catastrófico para o povo brasileiro.

ELEIÇÕES DE 2014: MARINA, SERÁ UMA MARIONETE NOVAMENTE?

Confiando no sucesso obtido em 2010, usando Marina Silva como "bucha de canhão", todos os representantes da ala conservadora da sociedade, incluindo a o principal segmento, a grande imprensa, deu partida ao seu plano ardiloso, no mesmo dia em que Eduardo morreu. 

Em virtude da inércia que a candidatura de Aécio vinha demonstrando e da corrosão que a sua imagem vinha apresentando, em função de denúncias, uma atrás da outra, a vitória de Dilma Rousseff no 1º turno vinha se cristalizando, dia a dia, mesmo com todo o esforço da grande imprensa e dos institutos de pesquisas na distorção dos resultados, insinuando o inverso.

Marina Silva é a tábua de salvação.  Urge estancar a atuação tendência eleitoral de definição no 1o. turno.  Tão logo, foi noticiada a morte de Eduardo Campos, a tropa de choque dos anti-petismo começaram a trabalhar.  Primeiramente insistindo na definição de que Marina Silva deveria substituir Eduardo, foi um ataque orquestrado envolvendo todos os grandes veículos, todos os colunistas, todas as modalidades de comunicação, algo semelhante a um aterrorizante ataque de Israel à Gaza, não deixando ninguém respirar.  Venceram o primeiro round, Marina foi escolhida para substituir Eduardo Campos na candidatura à Presidência.  50% do imbroglio estava resolvido. 

Doravante a oposição vai inflar, inflar, inflar Marina Silva até que seja garantida a existência do 2º turno. Veremos novamente o fenômeno da "Bolha Política". É obvio que a direita não quer Marina, nem pintada de verde e amarelo.  Maria é mais radical e inflexível do que Dilma e Lula juntos.  Enquanto esteve no Ministerio do Meio Ambiente de Lula, foi "osso duro de roer" para aprovação das licenças ambientais, atrasou muitos projetos de investimentos, foi uma pedra no sapato na aprovação do Código Florestal, foi uma pedra também, para o agr-negócio.  Não estou julgando se ela está certa ou errada, em parte ou no todo.  Estou apenas chamando a atenção de que ela é menos, mas muito menos, interessante do que a própria Dilma, para os conservadores. 

Como em 2010, o plano estratégico foi um sucesso, mas os riscos em 2014 são maiores, já que a candidatura de Aécio se apresenta muito mais frágil e vulnerável do que a de Serra em 2010.  Então há um risco considerável de que o "tiro saia pela culatra" e indo Marina para o 2º turno ao invés de Aécio.  E se Marinha vencer então, terá sido um suicídio, pois não e tão inviável que o PT venha a fazer parte da base aliada de um governo Marina Silva


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