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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Aécio pede para ser punido, mas a justiça ignora

Por Paulo Franco

"Ampla zona ainda permanece em aberto, quando se tomam em conta as referências, em delações premiadas,  figuras chaves do PSDB, como Aécio Neves e José Serra." (Editorial Folha de SP)



Aécio Neves, tem dito em alto e bom som que "ninguém pode cometer crimes impunemente".  Em nenhum momento ele se excluiu dessa sua assertiva, corretíssima, ao meu ver. 

Acontece que, paradoxalmente, ele é um dos políticos mais citados e denunciados de corrupção, recebimento de propinas, tanto na operação Lava jato com em outros escândalos.. 

Até me lembrei do caso do Demóstenes Torres, senador pelo DEM, que assumiu a liderança no
Congresso, como o incansável combatente da corrupção, o grande algoz do PT - Partido dos Trabalhadores.  Era assediado pela imprensa, chegando até a dar uma entrevista ao programa do Jô Soares, onde foi reverenciado e elogiado pelo entrevistador e aclamado pela plateia, como herói nacional.  

O que o Brasil todo viu pouco tempo depois foi que Demóstenes estava envolvido em corrupção, aliado ao bicheiro Carlinhos Cachoeira.  Foi caçado, mesmo sendo  defendido por seus pares do DEM e até do PSDB.  A punição do Demóstenes foi na verdade um sonho para, no mínimo 200 milhões de brasileiros, "ficar em casa recebendo algumas dezenas de mil reais por mês".  Ou seja, foi punido com o afastamento do trabalho, com sua altíssima remuneração. 

O que é mais estarrecedor, é que, estranhamente,  a justiça anulou as provas contra ele, sob a justificativa de terem sido obtidas ilegalmente, absolvendo-o de todos os seus crimes. 

Aécio Neves também tem se mostrado uma vigorosa luta contra a corrupção e a impunidade. Todavia, as denúncias contra ele, ultrapassa e muito, os crimes cometidos por Demóstenes Torres. 

Mas a justiça brasileira, desde o Procurador de Justiça (MPF), chefe da "força tarefa" da Operação Lava jato Deltan Dellagnol, e Sérgio Moro, juiz federal responsável pelos julgamentos da Operação Lava jato, passando pelos desembargadores de 1ª e 2ª instância, chegando até o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, e o Ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava jato, no STF, parecem totalmente comprometidos com o PSDB e com forças conservadoras que têm a intenção de proteger seu braço político. 


Em editorial, a Folha de São Paulo, com o título "Longe de terminar", faz um balanço da operação lavajato, passando pelas mais recentes prisões dos ex-governadores do Rio de Janeiro,  Sergio Cabral e  Anthony Garotinho, fecha o texto com o seguinte comentário:
"Ampla zona ainda permanece em aberto, quando se tomam em conta as referências, em delações premiadas,  figuras chaves do PSDB, como Aécio Neves e José Serra."
Veja alguns casos onde Aécio é denunciado: 

  • ODEBRECHT: 15 milhões em propinas
Apelidado de "mineirinho" Aécio teria recebido 15 milhões de reais em propina, conforme delação de Claudio Melo Filho e a confirmação da Polícia Federal, em planilhas apreendidas na empresa. 
  • OAS: 3% de propina sobre o valor das obras da Cidade Administrativa de MG
  • UTC: Delator Carlos Alexandre declarou que levou R$ 300 mil para Aécio e que na empresa diziam que o senador era o mais "chato" na cobrança das propinas. 
  • Sérgio Machado: O Ex-dirigente da Transpetro declarou "Aécio embolsou sozinho R$ 1 milhão de propina,  em dinheiro,  para campanha à presidência da câmara dos Deputados.  O total repassado ilicitamente para o governo FHC foi 7 milhões de reais em espécie.  O STF autorizou apuração pelo MPF, da parte correspondente a Aécio Neves.
  • FURNAS: Réu no STF por recebimento de propinas de Furnas, confirmado pelo doleiro Alberto Youssef..  Outro delator, o lobista Fernando Moura declarou que havia uma divisão das propinas de Furnas para o PSDB: 1/3 para SP, 1/3 para o Nacional e 1/3 para Aécio. 
  • CPI dos Correios em 2005: Reu no STF por "maquiar" dados da CPI e esconder a relação entre o Banco Rual e o Mensalão Tucano.




A foto abaixo, que será um documento histórico importante, rodou o mundo todo, através das redes sociais.  Ela foi tirada por um fotografo-jornalista, quando flagrou o o Juiz Sérgio Moro e o Senador Aécio Neves, em um evento promovido pela revista Istoé. num "tete-a-tete", bastante íntimo, sorrindo e se confidenciando.

Esta foto, mostra claramente o descalabro em que se encontra a justiça brasileira. Como todos sabem, o Juiz Sérgio Moro é o juiz responsável pela operação Lava jato, que investiga corrupção no alto escalão do governo federal e grandes empresários.

O Senador Aécio Neves, por outro lado, é um dos políticos mais denunciados do recebimento de propinas na Operação Lava jato e em outros escândalos de corrupção.

Como senão bastasse  as acusações de prática de abuso de autoridade, desrespeito ao devido processo legal, ao direito à ampla defesa e à presunção de inocência, ele não tem o menor constrangimento em comparecer em eventos promovidos por entidades empresariais, grupo econômicos e até de partidos políticos.

Nessas ocasiões, vemos o Juiz Sérgio Moro, totalmente descontraído e sem nenhum constrangimento ao lado de implicados diretamente na operação Lava jato, com denúncias de recebimento de propinas,  na operação Lava jato, que está sob sua responsabilidade.

O que mais frustra a população brasileira, é que diante de todas essas barbaridades cometidas pelo Júiz Sérgio Moro, as instâncias superiores,  que deveriam zelar pela credibilidade do Judiciário, como o CNJ - Conselha Nacional e Justiça e o próprio STF - Supremo Tribunal Federal, mantém-se inertes, indiferentes, como se corroborassem com essa postura tão condenável por uma sociedade civilizada.

Recentemente, em entrevista à jornalista brasileira que vive na Suécia Claudia Wallin, o Juiz Göran Lambertz da Suprema Corte daquele país, declarou:
"Aqui na Suécia, se um juiz age de uma forma não totalmente isenta e independente, a Suprema Corte anula o julgamento e determina a substituição do juiz  ."




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