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quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Coisa de mulherzinha?


Sentir e expressar emoções é fundamental para os homens. 

Muito interessante essa campanha da Natura.  Os profissionais respensáveis pelas campanhas publicitárias da empresa, captaram um dos temas mais polêmicos no momento atual e  que mais tem proporcionado debates calorosos, envolvendo ideologia, religião, política. 

Veja, analise e reflita também, sobre o assunto. 





Desde pequenos, os meninos se acostumam a ouvir frases e comentários que reprimem suas expressões e sentimentos.
“Homem não chora”.
“Vira homem”
 “Isso é coisa de mulherzinha”.
 “Homem não usa brinco” 
"Joga que nem homem"
“Não vai desmunhecar, hein”

Frases assim não são ditas da boca pra fora, e carregam uma série de significados por trás — normalmente buscam se distanciar de algum estereótipo ou clichê associado ao feminino. Cedo ou
tarde, no entanto, essa educação restritiva masculina cobra seu preço. Para quem aprende a represar o sofrimento e segurar o choro, expressar sentimentos não é um caminho fácil de seguir. Como é que pessoas que não sabem ou não se permitem entrar em contato com emoções podem se sentir à vontade para dizer, por exemplo, “eu te amo”?

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A questão é que valores como afeto, acolhimento, amorosidade, tolerância e sensibilidade são universais, e não uma exclusividade desejável apenas para o gênero feminino. Que homem não gostaria de ter (ou ser) um pai capaz de abraçar, dar carinho, entender e se conectar com um filho de forma profunda, por exemplo?

É tempo de tirar frases como “isso é coisa de menina” do nosso vocabulário e abrir espaço para o desenvolvimento de masculinidades menos preocupadas em provar o tempo todo o que são e mais voltadas para entender de que maneira querem estar no mundo.

É complicado estar à vontade com nossas facetas o tempo todo, mas é insustentável fingir que elas não existem. Nossa identidade é composta por vários ângulos, em constante movimento. Vamos celebrá-los.



De acordo com o dicionário Aurélio, o principal significado para a palavra guerreiro é “pessoa que combate numa guerra”. Mas, de acordo com a milenar cultura das artes marciais, há muito mais por trás da construção da ideia do guerreiro do que aquilo que nossa sociedade consegue resumir em uma frase.

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Na China de 5.000 anos atrás, ser guerreiro independia de gênero, cargo, status, classe social, orientação sexual ou qualquer rótulo que utilizamos nos dias de hoje. Para além dos golpes, a formação de um guerreiro morava em uma busca incessante pelo equilíbrio.

No dia a dia da sociedade moderna, costumamos classificar como guerreiros aqueles homens que, muitas vezes, precisam encarar grandes desafios e chegam ao outro lado do embate como vencedores. Também valorizamos muito quem tem a capacidade de elaborar raciocínios complexos ou manter a mente sempre ativa e alerta, a ponto de não parar de pensar.

Na sabedoria oriental, no entanto, cabe ao guerreiro manter sua mente sob controle. Não é preciso dizer muito. O silêncio já fala por si. É a mente que deve obedecer o seu dono, e não o contrário. Com valores como sinceridade, paciência e perseverança como guias, um shaolin não precisa se ancorar em demonstrações de liderança, força, bravura, audácia ou valentia.

A noção clássica de masculinidade treina os homens para atingir o sucesso, mas ocupar cargos de poder e ter um cartão de chefe é transitório. Ter consciência da nossa vulnerabilidade e ser capaz de inspirar as pessoas ao nosso redor com honra e lealdade são maneiras muito mais eficazes — e sustentáveis — de liderar.

Na prática, o objetivo não é simplesmente triunfar. Afinal, o que realmente define o guerreiro não é a vitória — fracassos, derrotas e finais de ciclo são momentos tão chave de nossas vidas quanto as conquistas —, mas a sabedoria com que ele conduz as situações que enfrenta.

Encarar grandes desafios e chegar ao outro lado do embate como vencedor não é nada. O que de fato define um guerreiro é a maneira como ele consegue atravessar as situações.



De acordo com a ciência, os seres humanos têm sete emoções básicas e universais: felicidade, surpresa, raiva, medo, tristeza, repulsa e desprezo. Apesar disso, não são raras às vezes em que nós, homens, evitamos aceitar que elas existem ou expressá-las.

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Divulgada em 2016, uma pesquisa realizada pela ONU Mulheres e pelo portal PapodeHomem com mais de 10 mil homens por todo o Brasil, revelou que 66,5% de nós, homens, não falamos sobre medos e sentimentos profundos nem com nossos melhores amigos.

É claro que falar de coisa boa é ótimo, mas se não permitirmos que as pessoas que gostam da gente entrem em contato com situações ruins ou que nos incomodam, quais as chances de que esses amigos realmente nos conheçam?

Pior: com o passar do anos, depois de ignorar e deixar tantas coisas de lado, será que nós mesmos nos conheceríamos bem o suficiente? Ou só estaríamos em contato com uma parte do que somos, o personagem que escolhemos mostrar publicamente?

Chega de criar obstáculos para nós mesmos. É tempo dos homens se expressarem — e se aceitarem — por inteiro.

Viver uma relação completa com nossas emoções mais básicas permite que a gente entenda e seja justo com quem a gente, de fato, é.

Sem modelos a serem seguidos, sem colocar ainda mais pressão sobre os nossos ombros. A nossa verdade, o nosso ritmo, o nosso jeito de ser e estar no mundo.

Já ouviu aquela frase “seja homem”?

Seja você. Por inteiro.



Eduardo é caladão, e não gosta de se abrir o que sente com ninguém — mas faz o que precisa ser feito. É a ele que os amigos recorrem quando as coisas apertam.

Guilherme está sempre com um sorriso no rosto. Depois de sofrer quieto a adolescência inteira, decidiu que era melhor fazer as piadas do que ser o alvo de uma.

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Pelo quinto ano consecutivo, Lucas recebeu uma promoção e um aumento. Pela milésima vez desde que o namorado foi embora, sentiu insônia ao rolar pela cama grande em um casa vazia.

Desde pequeno, João é emotivo. Entre abraços e afetos, já chorou de saudades, de alegria, de tristeza ou simplesmente porque o cachorro daquele filme morreu.

Das ousadias de moleque ao dia em que largou a escola, Rodrigo nunca foi considerado um bom filho. Mas agora que o Júnior chegou e a família cresceu, só quer saber de uma coisa: ser o melhor dos pais.

Alguns homens são mais sensíveis e abertos, enquanto um bocado de nós é mais duro e conservador. Uns são modernos, enquanto outros preferem a segurança das tradições.

Traçamos 5 perfis, mas poderíamos reunir 50, 500 mil ou alguns milhões de histórias. Novo homem? Homem das antigas? Que tal só: homens, assim mesmo, no plural? Afinal de contas, há tantas maneiras de exercer as masculinidades quanto o número de homens que existem no mundo.

Cada um de nós faz as coisas de um jeito, e o segredo para todas elas coexistirem mora, justamente, em saber dialogar com as diferenças.

É preciso abrir espaço para tudo o que os homens querem e precisam dizer. Perguntar e responder. Duvidar e entender. Escutar e aprender.

Caminhar juntos. Essa é a beleza da vida em movimento.
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FONTE: Natura

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