Por Luiz Carlos Bolzan
O Estado autoritário morista faz escola.
Neste 06/11/17, sem intimação prévia, representantes da UFMG foram alvos de condução coercitiva por parte da PF.
O mandato expedido pelo Judiciário foi solicitado pela Polícia Federal e executado pela própria PF.
Integrantes de uma fausta burocracia aristocrática, junto com, MPs, TCU e CGU, que se apropriou de assalto do Estado brasileiro, recebendo alguns inclusive, acima do teto constitucional, outros tendo 2 meses de férias por ano, outros ainda praticamente inimputáveis, apenas com penas de “aposentadoria”, sendo desejado este mesmo status por outras burocracias que se dizem “combatentes do crime”.
Há ainda entre estes, aqueles que reclamam direito sobre parte do butim da corrupção, um percentual do valor recuperado para ser usado sem nenhum controle ou fiscalização, e ainda alguns que usufruem do “direito” a abusivas “bolsas” para estudos seus, e de seus dependentes, para moradia, para alimentação, para viagens, etc, etc, etc.
A burocracia que não sabe diferenciar Hegel de Engels, que ao desdenhar da necessidade de provas transforma o direito em teologia para qual basta convicção e fé, que acelera descaradamente processos contra desafetos e senta sobre processos de apaniguados, é a “face dura do mal”.
Ela confraterniza escancaradamente com réus em regabofes de endinheirados se deixando fotografar ao pé do ouvido de chefes de quadrilhas, que pedem malas de dinheiros com agentes que “possam matar”, garantidora do golpe contra a sociedade civil, em especial trabalhadores assalariados, aposentados, trabalhadores com emprego informal, pequenos agricultores e desempregados.
Esta mesma burocracia cabeça de planilha decoradora de normas, que faz acordos ilegais com autoridades do exterior e acena em fugir do país sobre pretexto de estudar, caso seja desmascarada, é a que, despudoradamente, pede que o Poder Executivo tomado de corruptos e réus em processos, interfira no Supremo Tribunal Federal numa clara alusão à prática de impedir à justiça seu livre curso.
A burocracia nefasta sempre pronta a trair trabalhadores, desde que o capital garanta suas regalias, cega para helicópteros de cocaína, já ultrapassou a etapa de ser uma ameaça à democracia e aos direitos civis e sociais.
Se constitui numa abjeta realidade usurpadora e autoritária, custeada integralmente pela mesma sociedade civil à qual ela desrespeita e trai.
As exceções que integram este seleto corpo de burocratas chupins do dinheiro público, apenas confirmam a regra.
O Estado burguês é a fonte da corrupção, e não a solução.
“O poder corrompe. O poder absoluto corrompe absolutamente”.
Inebriada pelo poder que corrompe, a burocracia usa da força do Estado autoritário, sem freios, para impor suas vontades e convicções.
E a visão de mundo do autoritarismo estatal?
“Combater a corrupção e impunidade, dos outros, e defender a corporação acima de tudo”.
As exceções apenas confirmam a regra, visto que esta burocracia fanática atenta até mesmo contra integrantes da corporação, desde que eles denunciem o golpismo fascista, se assemelhando ao autoritarismo corporativo cientológico.
Não é novo. Talvez desconhecido.
Em tempos de internet e redes sociais, TVs e shows de voyeurismo e pancadaria travestida de esporte, muito pouco se recupera do que já foi dito muitos anos atrás.
Marx chamou atenção para o papel da burocracia que, ao lado das corporações privadas traçam planos e jogos para manter status quo, usando máquina estatal sempre em benefício do capital e de si próprios, parasitas estatais à serviço da “ordem” instituída, contra a sociedade civil, em especial a classe trabalhadora.
E não foi uma vez apenas.
Os alertas de Marx surgem explicitamente nos textos “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel” (Hegel, por favor, Hegel!!), e Guerra Civil na França.
Marx não poupa críticas à máquina estatal burguesa, já em 1843, e depois em 1871.
Quase 175 anos depois do primeiro alerta de Marx, a sanha traidora segue com conluio entre burocracia de altos salários e corporações privadas.
Tacla Durán que o diga para quem quiser ouvir, mas não vem ao caso…
Aliás, nos perguntamos, qual a diferença entre quem corrompe com a força do dinheiro e quem corrompe com a força autoritária do Estado incontrolável, que desrespeita contrato social, porque “a literatura me permite”, ou porque “combatemos a corrupção”?
Apenas a forma de corromper e ser corrompido, pois a prática é a mesma, corrupção, doença social que deforma, deturpa e aliena.
Fácil entender o desdém pela filosofia, onde encontramos, dentre outros, Hegel e Engels.
É na filosofia que podemos desnudar em detalhes, a farsa da ética do Estado policialesco morista.
Ética da hipocrisia e estética embrutecida, escarnecedora, que finge não ter diferenças entre tratamentos dispensados às diferentes partes, mas que faz da perseguição aos discordantes sua constante, e da proteção aos interesses seus e dos aliados, seu imperativo categórico.
Afinal, porque barrar nomeação ao Supremo de candidato que se reuniu com políticos réus em barco no lago brasiliense?
Ou por que apurar morte de ministro do STF, então relator da lava jato e que admoestou publicamente juiz que vazou conversas da então presidenta da República e grampeou escritório de advogados?
Nem Hegel, nem Engels, nem Marx, nem Kant.
Nada que lampeje, apenas que rasteje.
O estado policialesco quer burlar a democracia, retirar do povo, senhor da política, a própria política, num ato vil de desapropriação estatal do que ao mundo privado pertence.
A burocracia estatal, como as corporações privadas detestam política.
Basta um concurso, a “meritocracia”, muito dinheiro e tudo se resolve.
Chega de votos! Chega de decisões populares! Chega de povo!
Chega de democracia, mesmo que seja esta pálida democracia representativa, bradam os “combatentes do crime” e seus parceiros de corporações privadas, que querem decidir pelo todo, desrespeitando a lei, a jurisprudência, a doutrina e a tradição, como lhes convém.
Para não deixar parecer mentira, dias atrás, o alcaide da capital gaúcha sentenciou: “as decisões importantes não podem ser tomadas por seu João e dona Maria. Devem ser tomadas pela elite da imprensa, dos negócios e da política”.
O sincericídio atucanado deve ser criticado, mas não por ser mentiroso ao ser fiel ao que pregam, o desdém pelo povo, pela coletividade e pela democracia. Mas pela desfaçatez contumaz de quem despreza o povo.
É esta elite que privatizou o Estado para seus próprios objetivos e dos interessados de fora.
MiShell não nos deixa mentir!
Estado sempre burguês, que na incerteza da viabilidade de seus candidatos (o hipertrofiador estatal que ataca tudo que adora armas, o astro das telinhas, ou o Opus Dei de plantão) cogita o parlamentarismo, sempre uma benção para interesses da burguesia, supervalorizado pela “moral ilibada” e “alta credibilidade” do Congresso Nacional, ou a inédita e hiperveloz decisão em segunda instância sobre processo do candidato pesadelo das elites.
Uma simples comparação.
O processo da Boate Kiss que envolve 242 mortes de jovens ocorrido em janeiro de 2013, ainda se arrasta pelos escaninhos da justiça.
Já o processo do pedalinho, do sítio do amigo, do cão mordido por cobra, do barco de lata e do tríplex sem escritura avança atendendo ao clamor dos barões da mídia e da canalha empuleirada na arte arquitetônica de Oscar.
Seria devaneio cogitar o crescimento em contas no exterior com titulares brasileiros, regada a propinas, desde abril de 2016?
Ou entrega do pré-sal, retomada do trabalho escravo, aumentos semanais nos combustíveis, perdões bilionários de dívidas, pressão para votação do fim da previdência pública, congelamento de orçamento da saúde e educação por vinte anos, seriam tudo “almoço grátis’?
A mesma burocracia que desfraldou a teoria do domínio do fato para condenar sem provas alto dirigente do governo eleito, diz que esta teoria não se aplica para caso de governador emplumado.
A burocracia de sangue azul que abre processo para apurar morte de cachorro da ex-presidenta em procedimento veterinário, é a mesma que não se estimula a apurar denúncia de propinas de empresas de tv para televisionamento de competições esportivas internacionais, evidenciadas em investigações fora do país.
Diante de tudo isto, o que é a condução coercitiva de reitores de universidades públicas brasileiras, sem negação prévia das vítimas da brutalidade estatal em comparecer para depoimento?
O sonho mblista?
O desejo ardente dos censuradores da doutrinária e partidária ‘escola sem partido’?
O “cala boca” dos manda chuvas do golpe no meio acadêmico universitário para não se atreverem a denunciar o entreguismo propineiro?
Seja o que for, certamente é nada para o estado policialesco moralista que livrou esposa de bandido que movimentou contas no exterior com dinheiro de propinas porque “ela não sabia”.
Na esteira do moralismo estatal, o fundamentalismo igrejeiro de padres e pastores ensandecidos contra a arte “perversa”, “suja”, ao melhor estilo do nazifascismo, encontrando abrigo para a canalhice medieval da “cura gay”.
Aliás, tudo bastante alinhado ao moralismo anticorrupção hitleriano que glorificava servidores públicos alemães no hipertrofiado e ditatorial estado alemão, ampliado após ascensão nazista, conforme descreve no seu “Minha Luta”, entre ataques a judeus, comunistas, negros, doentes, mulheres, eslavos…
Ou não seria este um ataque massivo da alta burocracia, braço estatal de teologias medievais, contra a ciência que obriga à crítica, representada pelas universidades públicas, que resistem ao entreguismo golpista?
O embate da fé e sua imutabilidade eterna que desdenha de provas, contra a ciência que as exige e sua necessária dialética.
Não é a defesa da besta estatal que deve ser feita, mas dos trabalhadores.
A besta pica traiçoeiramente e inocula sua peçonha, por natureza, como o escorpião que cruza o rio nas costas do sapo (barbudo?).
A lição deve ser aprendida definitivamente.
“A mão que balança o berço” é do povo, que não deve proteger quem a persegue, censura e mata.
Não basta reformar o Estado burguês moralista, pirotécnico e policialesco, deve ser denunciado e superado, ou a história se repetirá, como farsa, como tragédia e como burrice.
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Fonte: Viomundo
Luís Carlos Bolzan é psicólogo.
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