domingo, 8 de dezembro de 2013

Mandela e Zé Dirceu Representam a Mesma Coisa?

Por Paulo Franco

"Tal como a escravidão e o apartheid,  a pobreza não é natural, ela é feita pelo homem e pode ser erradicada pelo homem" (Nelson Mandela)

"Precisamos vencer a fome, a miséria e a exclusão social. Nossa guerra não é para matar ninguém - é para salvar vidas." (Lula) 




É obvio que do ponto de vista pessoal, individual, não é a mesma coisa.   A comparação não é de Mandela com Zé Dirceu, em sua essência, sobre seus méritos e suas mazelas em si, da figura, da personagem político-social.   Mas sim do seu papel perante aos seus algozes, à  Elite Dominante que é opressora, prepotente, sectária, desumana e presente em todos os lugares do mundo e em todos os tempos já vividos pelos seres humanos. E é tristemente muito parecida, senão  igual, a despeito da distância geográfica ou temporal.   O ambiente, as circunstâncias sociais e políticas  é que determinam o quanto e de que forma a "indole" dessa Elite se manifestará.

Na França, na Itália,  como em qualquer outro país que integra nossa civilização, ela está lá também, latente, adormecida em função de um ambiente que não permite que ela expresse seu lado perverso.  Qualquer mudança no "clima" social e político que crie um ambiente favorável, a elite dominante afiará suas garras e sangrará a sociedade, oprimindo os fracos enquadrando-os no seus devido lugar econômico e social, o de explorado.
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O que define uma pessoa como herói ou bandido nem sempre são suas atitudes em sí, mas a imagem que é formada para a sociedade ou para determinado grupo em função da forma como é percebida pelos indivíduos, daquelas ações, atitudes.

Eu poderia dizer muito facilmente e de forma espontânea e instantânea: "Eu jamais consideraria Mandela um bandido, para mim ele foi um herói e sempre será.".  Lêdo engano.   Para uma pessoa branca, de origem europeia, nascida no "topo" da civilização, com um formação educacional de primeira linha, com hábitos refinados, ou seja um cidadão privilegiado na Africa do Sul, em plena década de 60 ou 70, Mandela seria (foi) sim um bandido.  Não só um bandido, mas um bandido de alta periculosidade, um terrorista.


"Primeiro porque é um negro, imundo, fedorento, nojento, bruto, rude, um subumano, um bicho.   Negro não é gente, é sombra.  Em segundo lugar, porque é esperto, malandro, um terrorista que aderiu ao uso de armas, atuando na guerrilha clandestina para destruir a estabilidade política, matando brancos e destilando seu odio animalesco, junto com um bando de criminosos e vagabundos.  Somente graças a uma polícia competente e fortemente armada conseguimos
disciplinar esses marginais negros e evitar o seu vandalismo contumaz, que acabam resultando em algumas mortes, decorrência da própria indisciplina e insurreição desses negros".   Essa era a visão de um cidadão branco de origem européia da sociedade na África do Sul nos anos 60/70 e até 80.

É obvio também, que existiam os brancos que eram contra àquele estado de coisa.  Aquele segmento da sociedade, caracterizado como progressista, que eram contra o racismo, o segregação, a desigualdade social e as injustiças sociais praticadas com requintes de cruedade naquele país pela Direita Conservadora. Da mesma forma como sempre existiu essa parte da sociedade em outros momentos de extrema opressão de um grupo social pelo outro como no caso brasileiro da escravidão, haviam os abolicionistas e na época da Ditadura Militar, haviam os "subversivos".

Nesse período tão dificil e de tanto sofrimento e mortes dos negros sul africanos, o regime do Apartheid tinham o apoio dos EUA, do Reino Unido, de Israel, do Brasil, da Argentina, do Chile e de outros governos ditatoriais e de extrema direita.  Foram tempos sombrios para o povo sul africano. 

Mandela é mais parecido com Lula, na dimensão política e a forma como atuaram, negociando, mediando, acalmando, convencendo, estimulando, etc.

Mandela é mais parecido com Zé Dirceu, Dilma e Genoino na história de luta contra a Elite Dominante. Todos foram guerrilheiros, atuando na clandestinadade, sendo presos e torturados.  Todos tem em comum o fato de não terem perecidos como muitos companheiros de luta, tanto no Brasil como na Africa do Sul.  Aqui como lá, matava-se com a maior facilidade, como dar um espirro.

Na África do Sul, além do abismo social, como aqui no Brasil e em toda a América Latina, tinham o agravante do racismo, esse regime cruel denominado Apartheid.   Praticado por brancos cristãos, diga-se de passagem.  Supostamente uma civilização e uma religiosidade "superiores".

Só esse exemplo já é suficiente para que questionemos a questão da civilização e da fé religiosa.  Quem são mesmo os bárbaros, o negro, o índio, o daomenistas ou  praticantes do vodu? 

Mas o que tem de mais igual mesmo, é o inimigo: A Elite Burguesa, a Direita Conservadora.  Tanto na Africa do Sul como no Brasil, contando com as Forças Armadas, aliás, fortemente armadas. 

É revoltante ver a hipocrisia da Direita Conservadora tanto no Brasil, como em outros países que apoiaram o Apartheid e até pediram a cabeça de Mandela, rendendo homenagens a ele.   Fica claro que esses grupos, incluindo a mídia conservadora do Brasil e de outros países, estão "jogando" para a plateia, posando de bons moços. 

Um comentário:

  1. O Regime Militar, o brando, não mandou para o Inferno, como as DITADURAS comunistas fizeram com seus opositores e deu no que deu!

    Não errem mais, MILITARES.

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