sexta-feira, 13 de maio de 2016

O Golpe no Brasil é um Distúrbio ou uma Doença?

Por Paulo Franco


É obvio que não estou falando de pólipos, miomas ou algo parecido, mas do organismo social, da Democracia, da política, quando temos uma mulher de esquerda na Presidência da República.

Os Golpe de Estado no Brasil, com certeza, não é um  distúrbio, pois não se trata de um simples desvio ou um mal funcionamento da Democracia, passageiro, sem maiores danos.  

Com certeza é uma doença, pois  ocorre sempre que um partido progressista está no poder, não é casual, sendo recorrente, em condições específicas.  Compromete o organismo social, afetando violentamente a saúde da nação. 

Além disso é uma doença grave já que a Democracia é essencial para o pais. O mal funcionamento da Democracia, com interrupções, golpes, ditaduras, provoca sintomas terríveis na sociedade e nos cidadãos. Perde-se a liberdade, a credibilidade nos políticos e nas instituições.  O povo é excluído e desprezado, o poder executivo é autoritário e opressor, o legislativo é conivente ou partícipe e o judiciário é conivente, alienado.   

O pior de tudo é que parece que o golpismo no Brasil é uma doença crônica, ou seja, sempre que um partido progressista vencer as eleições, de forma legítima, democraticamente, o golpe é inevitável. Não há dúvida, então, pelo histórico já conhecido, que é crônica. 

Na ditadura instalada após o golpe de 1964, os cidadãos, distantes do centro do poder,  se perguntavam se era morte definitiva ou um coma profundo da Democracia. Felizmente (se podemos dizer isso)  foi um coma profundo, de mais de 20 anos. 

Com os avanços sociais e a projeção internacional, ocorridos recentemente, os avanços na educação e na estrutura social, o povo brasileiro imaginou que tinha extirpado de vez, essa doença. Mas eis que ela voltou sutilmente,  escamoteada, mas veio forte e implacável, provocando dores insuportáveis. 

Por enquanto não descobrimos um remédio eficaz para esse mal, tanto para os sintomas e muito menos para a cura. 

Outra descoberta interessante é que essa doença não é ligada ao sexo, homens e mulheres são passiveis de sofrer o golpe.  Mas o caso atual tem mostrado que ser mulher aumenta muito o risco dessa maldita doença.

Ao que tudo indica, o Brasil não está preparado para suportar uma mulher na Presidência da República, principalmente uma mulher de esquerda.





Apesar de tudo,  há um lado positivo, que nos dá uma leve esperança.  Em primeiro lugar, já é sabido que os golpes não ocorrem enquanto houver um partido conservador, de direita no poder. 

Em segundo lugar, a adoção de alguns hábitos de vida, a sociedade poderia reduzir drasticamente o risco dessa doença se manifestar.  Não cura, já que é crônica, mas pode ser controlada.  

Os referidos hábitos são, por exemplo,  a adoção de (i) uma mídia democratizada e controlada pela sociedade,  (ii) uma educação cidadã de alto nível, voltada para os direitos humanos, com respeito ao meio ambiente e ao espaço público, com a valorização do corpo docente em termos de salários e capacitação, com diminuição da evasão e repetência,  (iii)  uma justiça imparcial, independente e isenta de interferências do poder econômico, da imprensa e da opinião pública, (iv) uma diminuição drástica das desigualdades sociais, entre outros...

A luta continua, em favor da Democracia e em favor dos direitos da mulher.


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