"O berço da desigualdade é a desigualdade do berço." (Sebastião Salgado)
As forças que movem as transformações sociais hoje no Brasil não são mais forças "centrífugas", de natreza elitista em que jovens de classe média e média alta, tomados por consciência social, assumem as dores dos marginalizados, dos injustiçados pelo sistema e vão para as ruas lutar contra o status-quo, clamando por uma nova ordem social.
A forças que movem o movimento social, as relações humanas entre pessoas e grupos sociais, que estão provocando verdadeiras mudanças estruturais na sociedade é uma força "centripeta", de fora para dentro, do marginalizado para o privilegiado. Não são movimentos clamando por mudanças, são movimentos provocando mudanças, que aliás, continuem não sendo compreendidas pelas camadas sociais aparentemente e ilusoriamente, proprietárias do curso da historia.
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É obvio que para que essas forças sociais se transformem em mudanças, rompendo barreiras, vencendo obstaculos seculares, houve a construção de um cenário, um ambiente que fosse propício a tudo isso, que foram as mudanças no fluxo de renda e nos acessos aos bens e serviços públicos, de lazer à educação promovida pelos governos a partir de 2003.
Em outras palavras, não é da Avenida Paulista, para a zona leste, da Cinelândia para os morros cariocas, mas sim da periferia, dos morros para o centro, de forma dissipada, viral, num movimento convergente fechando todo o circulo.
O palco da revolução social no Brasil não é mais na Avenida Paulista, nos campi das universidades federais ou nas Pucs. O palco da revolução social no Brasil hoje está na periferia, nos guetos, nas favelas.
Os hinos que entoam a força modificadora do arcaico status social, cristalizado desde o imperio, protegido pelas forças do capital burgues e pelas forças militares cooptantes, não é mais a bossa nova, a mpb, ou até rock and roll, mas o rap, entoados por verdadeiros porta-vozes das comunidades das periferias, os MC's, os rappers, tais como Racionais MC's, Mano Brow, Emicida, entre outros. Os muros, as paredes, as pontes, as igrejas estampam obras de artes vindos dos guetos, através do grafite.
A mensagem não é mais velada, camuflada, subliminar, mas é direta, objetiva, estridente, provocante, ameaçadora, como esse exemplo dos Racionais MC's, na voz de Seu Jorge: "Negro Drama".
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