Por Gregório Belinchón para EL PAÍS
O Executivo Rainer Voss conta em um documentario, os segredos dos bancos de investimento, que provocaram a crise atual.
“Há duas décadas, uma ação ficava uns quatro anos nas mãos de seu dono. Hoje a média é de 22 segundos.”
"Em meu primeiro dia de trabalho, como trader, ganhei mais do que meu pai, engenheiro, poupou em toda a sua carreira."
"Não se engane: não existe o livre mercado."
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Rainer Voss, retratado la semana pasada en la Cineteca de Madrid. / CARLOS ROSILLO |
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Resumo Português:
CONFISSÕES DE UM BANQUEIRO ARREPENDIDO
O executivo Rainer Voss (foto) conta, em um documentário, os segredos das empresas de investimentos que provocaram a crise atual. O arranha-céu está vazio. Em uma sala transparente, um homem se aproxima de uma grande janela, da qual se vê outros edifícios que compõem o distrito financeiro de Frankfurt.
O homem vira: “Em uma sala como esta, um lugar sagrado, uma ‘trade room’, caberia uma centena de ‘brokers’”. Assim se inicia o documentário ‘Master of universe’, o ‘Eu confesso’ de Rainer Voss, executivo alemão de um banco. Um homem que diante de uma câmara conta – sem dizer nomes, nem concretizar dados, para não quebrar a cara – como veio a crise financeira de um ponto de vista único: o de um poderoso trabalhador de um banco de investimentos.
‘Master of universe’ foi apresentado em ‘Documenta Madrid’, há duas semanas, e Voss apresentou suas sessões. O alemão deixou o banco em 2008 (após quase 20 anos de trabalho), quando em seu último emprego – não diz o banco, mas um passeio pela Internet esclarece que foi o Deustche Bank – acabaram-lhe arruinando a vida.Voss, que agora tem 55 anos, não é um radical, acredita no capitalismo, nos mercados de valores, gosta de ganhar dinheiro. “O que me enfurece é no que o sistema se converteu. Perverteu-se”. Ele conta que em seu primeiro dia de trabalho, como trader, ganhou mais do que o seu pai engenheiro poupou em toda a sua carreira. Que em poucos dias fez a sua empresa ganhar muitos milhões de euros. “Meu trabalho? Vamos ver. Primeiro vem o Conselho de Administração, em seguida, um primeiro anel ou escalão, e depois um segundo: aí estava eu”. E começa a recordar sua vida e analisar a crise de forma iluminadora: “Criamos inovações financeiras. Conseguimos fazer com que a economia real se subordinasse à financeira. E, sobretudo, desregularizou-se o mercado. Não se engane: não existe o livre mercado. A crise é culpada pela desregularização? Não. É um pré-requisito? Claro”.
Voss ganhou muito dinheiro. Aprendeu inglês – hoje o fala fluentemente -, comprou uma casa de verão em Catalunha, deixou de ver a sua família, dormia no escritório. “Não existe o mundo exterior. Você sai de férias com companheiros, sai para festa com eles. De casa para o trabalho de carro”. E seguia acumulando lucros: “É fácil ganhar muito dinheiro com minúsculos movimentos de preços. Se você tem milhões de euros à sua disposição para investir, precisa apenas que o preço varie 0,0001% para obter grandes benefícios. Na pirâmide alimentícia mercantil, empresas como Siemens ou Volkswagen são mais rápidas do que um banco. E abaixo delas estão as companhias intermediárias, os Governos locais e os investidores privados. Há um velho ditado nas bolsas: os investidores privados sempre perdem. Às vezes ganham, mas é como jogar roleta”. E recorda: “Há duas décadas, uma ação ficava uns quatro anos nas mãos de seu dono. Hoje a média é de 22 segundos”.
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Prepare-se para perder dinheiro
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Artigo Original en Espanhol
CONFESIONES DE UN BANQUERO ARREPENTIDO
El rascacielos está vacío. En una planta diáfana, un hombre se asoma al gran ventanal, desde el que se ven los otros edificios que componen el distrito financiero de Fráncfort. El hombre se da la vuelta: "En una sala como esta, un lugar sagrado, una trade room, cabrían un centenar debrokers". Así arranca el documental Master of universe, el Yo confiesode Rainer Voss, ejecutivo alemán de banca, un hombre que delante de una cámara cuenta -eso sí, sin decir nombres ni concretar datos para no pillarse los dedos- cómo se llegó a la crisis financiera desde un punto de vista único: el de un poderoso trabajador de un banco de inversiones.
"Los bancos tienen un plan B para todo. Bueno, para casi todo. Porque no hay plan B para esta crisis"