domingo, 8 de junho de 2014

Inflação: Entenda como a Globo engana a população.

Por Paulo Franco


"Nós estamos errados.  Estamos com inflação alta, juros altos e crescendo menos que os outros".  (Carlos Sardenberg)


Nesta quinta feira, o jornal da Globo comentou a ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) órgão de define a taxa de juros básica (Selic) para a economia e que serve de referência para a pratica das demais taxas pelo mecado financeiro.

O que me levou a fazer essa análise foi a clara distorção proposital praticada pela equipe do jornal, William Waack, Christiane Pelajo e Carlos Alberto Sardenberg.

Veja o vídeo do JG com o comentário de Sardenberg
William Waack abre o bloco anunciando que o Copom, embora tenha mantida a taxa em 11%, definada na reunião anterior, não descarta aumentos no futuro e emendou informando que o Banco Central Europeu, para evitar a deflação, reduziu a taxa de juros básica para 0,15% a menor taxa da história, como sendo uma grande notícia contrastando com a nossa.

O que William Waack não sabe, e acaba contaminando o telespectador com a sua ignorância, é que a situação da Europa neste caso é extremamente grave.  A deflação é pior do que a inflação, pois ela puxa a recessão.  o Banco Central Europeu tomou a decisão da redução, não por medo da deflação, mas por medo da recessão que está se tornando uma ameaça a alguns países da zona do euro.   O problema da deflação é mais complicado, pois o uso da política monetária é mais limitado, tanto mais quanto mais perto de zero, como os 0,15% atuais.   

William Waack no afã de passar para o publico se ar de deboche recorrente, não se contem e diz a sua segunda besteira, introduzindo o comentarista econômico Carlos Sardenberg com a seguinte colocação: "há duas maneiras de ver a situação, uns dizem que os juros estão funcionando, outros dizem que a inflação está caindo por que a economia está desacelerando".  Sardemberg para não expor o chefe disse que são as duas coisas.  Ora não são as duas coisas, é um processo só.  O objetivo da política monetária é exatamente esse, eleva-se a taxa de juros, o custo do crédito se eleva reduzindo a demanda e por consequencia a pressão sobre os preços.
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Para completar a manipulação do telespectador, Sardemberg solta a pérola de que o Banco Central finalmente concordara com o mercado, reconhecendo que a economia está crescendo menos que o ano passado.  Ora, Sardemberg, para que mesmo o BC vem elevando a taxa de juros durante meses?  O que foi que vc mesmo  explicou ao William Waack?  É obvio que o Banco Central sabia o tempo todo o que vinha ocorrendo na economia, afinal foi dele a decisão de iniciar o processo de elevação dos juros e também a decisão de interromper o processo.  Se ele decidiu interromper é porque, na sua leitura,  a pressão da demanda sobre os preços se acomodaram.


"O mundo está sem inflação"



Foi o que disse Carlos Alberto Sardenberg, abrindo um tela onde mostra uma comparação com os países
ricos, figurando em primeiro o Brasil com uma gigantesca barra com 6,28%, juntamente com os EUA com 1,8%, Japão com 2,6%, Zona do Euro com 0,8% e Reino Unido com 1,8%.

A enganação não se restringe a frase cabalistica, mas o absurdo de contrapor a inflação brasileira com a dos países ricos.  Todo cidadão com uma noções de economia sabe que inflação baixa, taxa de juros baixa e desemprego baixo são características indiscutíveis dos países desenvolvidos.  Os EUA, por exemplo, a inflação acima dos 2% liga o alerta do FED, que já prepara os mecanismos monetários para a tomada das decisões se o comportamento se mostrar consistente.  Esses três indicadores nos servem, quando muito, como um estímulo para que um dia poderemos chegar lá, mas sem nunca esquecer que somos um país pobre, carinhosamente chamado de "emergente".

O problema dos países ricos é o inverso do Brasil, a inflação está muito baixa e com tendência à queda, o que é extremamente negativo, pois reflete uma retração ao consumo e consequentemente alto risco de recessão econômica.   Portanto a luta nos países ricos é para que a inflação não se torne uma deflação, o que seria uma catástrofe.















A Inflação nas 10 maiores economias do planeta


Entre as 10 maiores economias, somente China, Russia e Brasil não são países ricos.  A China é um país não democrático, portanto são realidades inflacionarias totalmente distintas sem muito sentido fazer comparações.

Dentre os países ricos, o Japão com uma inflação prevista para 2,9% para este ano é a exceção, após décadas de estagnação e deflação, o governo adotou um arrojado plano de estímulo economico, conhecido como o "abeconomics", espera-se uma significativa alta no PIB e também na inflação.














"Nos paises emergentes a inflação também é mais baixa que a nossa"

 
Novamente a Globo, no caso Sardenberg, utiliza a tática de selecionar uma amostra de países que lhe convém.  Obviamente, não poderia ser diferente, a amostra selecionada colocou o Brasil como o grande campeão da Inflação.















Da mesma forma que a Globo selecionou alguns países com o Brasil como destaque de alta inflação, é muito fácil selecionar um grupo de países emergentes com inflaçao superior ao Brasil, como exemplificado no gráfico abaixo.  É obvio que ambos os graficos são tendenciosos, não representam a realidade.
















 

Como está o Brasil em relação ao BRICS?


Embora cada país tenha sua particularidade, estrutura e uma história e seja muito difícil uma comparação, esse grupo é um bom referencial.   Como podemos observar, ao contrário do cenário catastrófico transmitido pela Globo e toda a grande midia, o Brasil até que está muito bem.

A China é um caso a parte em todos os sentidos, por se tratar de um sistema político autoritário e centralizado.  Inflação, câmbio, juros e até o crescimento econômico tem um dependência do governo muito acima do que os demais países em questão.

A ìndia com 8,1% e a Russia com 6,5% tiveram inflação superior à do Brasil que foi de 5,9% em 2013.  A África do Sul, embora tenha conseguido ficar nos 5,4% no ano passado, as perspectivas para 2014 não são boas, devendo ficar em torno de 6,3% conforme previsão do FMI.
















Descontrole da Inflação: A Grande Mentira da Mídia


Como pode ser visto no gráfico a seguir, o processo inflacionario brasileiro, após a adoção do plano real, apresentou taxas decrescentes até 1998, quando foi menor que 2%.  Em 1999, com a crise cambial provocada pelo persistente erro do governo, na época em manter o dolar congelado em torno de R$ 1,00 provocando a corrosão das contas públicas.

A elevação do IPCA atingiu o pico de 12,5% em 2002 e a partir de 2003 voltou a cair.  Desde a adoção do sistema de metas, a inflação ultrapassou o limite máximo nos anos de 2001, 2002, 2003 e 2004.  De 2005 até hoje, a inflação nunca mais ultrapassou o limite superior estabelecido.

Desde 2008 a taxa de inflação, no Brasil, tem permanecido próximo, mas sempre abaixo dos 6%, com exceção de 2011.

O que a mídia não divulga é que há uma gestão do governo nas duas questões chaves e que são concorrentes: inflação e emprego.  Enquanto os países ricos estão numa guerra contra a redução da inflação e a consequente redução na oferta de empregos, no Brasil o governo promove a geração de postos de trabalho, monitorando a inflação no seu limite.

O Brasil é o único país do mundo em que criou tantos empregos em plena crise global.  É importante ter em mente que desde 2008, enquanto o mundo perdeu mais de 60 milhões de vagas, o Brasil criou mais de 12 milhões.  Neste período, o Brasil é também, o país que teve a maior redução do desemprego.




Conclusão


A conclusão é que a gestão do governo brasileiro, na política econômica, principalmente em termos de preços, PIB e empregos está entre as melhores, senão a melhor do mundo atualmente.  A gestão da Política Econômica atual, difere em muito da adotada pelo manual neo-liberal do governo tucano.

A política econômica neo-liberal apresentou no final da década de 90 uma instabilidade gigantesca e como o instrumento quase que exclusivo do neo-liberalismo é a política monetária, a resposta com a elevação dos juros é imediata, desprezando o principal efeito coleteral que é o desemprego.  Nos anos de 97, 98 e 99 a taxa de juros apresentou uma volatilidade astronômica, batendo os 45% três vezes, uma em cada ano.  Embora traga violentos prejuizos sociais, essa política beneficia enormemente o setor financeiro, os investidores, principalmente o grande capital.

O que fica claro, é que além de um combate diuturno da Globo para depreciar o atual governo, através dessas 3 personagens, percebe-se um ressentimento, uma saudade dos tempos de altas taxas de juros que geravam ganhos expressivos para o setor privilegiado da sociedade brasileira e segmentos internacionais que se beneficiaram durante décadas daquela conjuntura econômica. 

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