terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Comercial da Samarco: Um pequena amostra de como a elite burguesa trata o povo brasileiro

Por Paulo Franco

Revolta e indignação, foram os meus sentimentos quando assisti neste domingo, dia 14 de fevereiro, em horário nobre da televisão, o comercial da Samarco. 


A Samarco, como todos sabemos, foi a empresa que provocou, criminosamente, o maior desastre ambiental e social da história deste país. Aliás o maior incidente, já que foi provocado por ação humana. 

As consequências foram 17 pessoas mortas, um distrito municipal inteiro soterrado pela lama tóxica, um rio total mente contaminado, incluindo a costa marítima do estado do Espirito Santo, numa extensão de 600 km, morte de milhões de peixes, um rio morto por dezenas de anos, entre outros tantos estragos cometidos pela lama escorrida.
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O filósofo e educador, Mario Cortella foi feliz ao chamar a atenção da sociedade que o Incidente de Mariana, o incidente de Paris não são tragédias, mas fatos dramáticos que aconteceram em decorrência de ações humanas.  Tragédias são terremotos,  Furacões e outros eventos sem nenhuma interferência humana. 

A veiculação desse comercial é um dos milhares fatos que exemplificam, retratam a estrutura de nossa sociedade e como essa estrutura estabelecem relações entre os diversos grupos e classes sociais. Retrata como a elite burguesa (empresarial) sub-julga o povo brasileiro, tratando-o com descaso, subestima-o intelectualmente. 

Neste caso vemos como nitidez, a desfaçatez da empresa em montar um vídeo de "ficção" para iludir, escamotear a realidade dos fatos.   A hipocrisia é tamanha que ficamos estarrecidos com a coragem da empresa e nos perguntamos: "Será que os gestores da Samarco pensa realmente, que a sociedade brasileira é tão medíocre, a ponto de engulir todas essas lorotas?". 

As fraudes contidas neste comercial vai desde a negação da culpabilidade da empresa, com a frase "...a barragem se rompeu.." dita por uma aparente funcionária, como se fosse uma ocorrência ao acaso, aleatória, sem causas definida, fora do controle da empresa. 

As mensagens enganosas continuam com a intenção da fixação de uma imagem positiva, e consequentemente influenciar a opinião pública de que a Samarco é, além de mineradora, uma entidade filantrópica, que se preocupa com o meio ambiente, coma as pessoas, ou seja, que é uma empresa que tem responsabilidade social e ambiental. 

A culpabilidade dos gestores da Samarco é notória.  Obviamente, como um país democrático, onde vigora (ou deveria vigorar) o estado de direito, as punições só podem ocorrer se houverem condenações judiciais e o processo transitar em julgado.  Houve negligência quanto aos aspectos fisicos da barragem, houve negligência posterior ao terem conhecimento anterior de que havia risco de rompimento da barragem e houve negligência quanto à existência de um sistema de alerta da população. 

E importante registrar que já foram decorridos mais de 100 dias e até agora nenhuma punição foi concretizada. Não foi decretada nenhuma prisão preventiva ou provisória, apesar do tamanho, da gravidade e do poder dos autores sobre a documentação e outros elementos essenciais para investigação dos fatos e apuração de responsabilidades. 

Embora o Ibama tenha aplicado uma multa de R$ 250 milhões e a Secretaria do Meio Ambiente de MG tenha aplicado uma multa de R$ 112 milhões, perfazendo um total de R$ 362 milhões, à Samarco e suas controladoras, a Vale e a BHP, nada foi recolhido até o momento.  As empresas recorreram da decisão e tudo continua "como dantes no quartel de abrantes". 

Há muitas outras consequências e prejuizos que já são do conhecimento público e que a empresa parece lavar as mãos.

Veja a visão de Mario Sergio Cortella, sobre a rompimento da barragem da Samarco:


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