segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Eleições Presidenciais: Perspectivas para o 2º turno

Por Paulo Franco


Comparando-se com a eleição de 2010, a chance de Aécio, que necessita de 66% dos votos disponíveis, ficou factível do que a chance de Serra que necessitava de 85%.  Por outro lado, a chance de Dilma nesta eleição ficou bem mais complicada, necessitando captar 34% dos votos disponíveis, do quem em 2010 quando necessitava captar apenas 15% para vencer as eleições.


Encerradas as apurações do primeiro turno, as atenções voltam agora para o segundo turno das eleições. 

Dilma terminou na frente, com Aécio em segundo e Marina em terceiro.  Até aí sem muitas supresas, mesmo que alguns esperavam que Marina terminasse em segundo.  A surpresa ficou por conta do salto que Aécio deu atingindo 33,5%, empurrando Marina para 21,3% que já vinha descendo ladeira abaixo.

Ninguém imagina, a essa altura do campeonato, uma transferência de votos de Aécio para Dilma e vice-versa.  A grande batalha que se trava, a partir deste momento é pela conquista dos votos válidos atribuidos Marina e demais candidatos no primeiro turno.

Alguns fatores determinarão o fluxo desses votos para Dilma ou para Aécio, como a distância ideológica entre as duas propostas, a costura de alianças partidárias, entre outros. 

MARINA, UMA COADJUVANTE IMPORTANTE 


A candidatura de Marina é sui generis, não conseguindo registrar seu partido na justiça eleitoral, ficou impossibilitada de se candidatar como estava planejado.  Negociou uma aliança com o PSB e teve que se contentar com uma chapa, onde figurava como candidata à vice-presidência.  Com a morte de Eduardo Campos, passou a ocupar a posição principal da chapa e pode ser finalmente a candidata a presidência pela coligação PSB, Rede Sustentabilidade e PPS.

A história de Marina é muito rica, tanto pessoalmente como na política.  Militou e conquistou diversos cargos pelo PT, portanto lutando por bandeiras de esquerda.  Foi fundadora do PT e da CUT em parceria com dois grandes ícones do Brasil: Lula e Chico Mendes.

Em 2008, Marina deixou o PT para tentar carreira solo em destino ao planalto, face a preferência de Lula por Dilma e não por ela.  Nesta oportunidade Marina foi habilmente utilizada pela oposição, na época representada pelo candidato José Serra, que deu cordas para que ela, crescendo evitasse a vitória de Dilma em primeiro turno conforme apontavam as pesquisas.  O plano da oposição foi um sucesso, a vitória de Dilma em primeiro turno foi sepultada.  Marina não apoiou o PT e nem o PSDB, deixando que seus eleitores decidissem por si.  O que já indicava um afastamento do PT e de sua linha ideológica e histórica.

O grande passo de Marina Silva nesta eleição, não foi só o afastamento do PT, mas o afastamento da esquerda que sempre identificou sua história política e até de vida.  Marina, querendo sinalizar uma terceira via político-partidária e ideológia, acabou abraçando um programa de governo extremamente conservador em diversos aspectos, principalmente, no econômico ao pregar a independência do Banco Central, diminuição do papel dos bancos estatais na economia, a revisão das leis trabalhistas, etc.

O COMPORTAMENTO DO ELEITOR EM 2010


Em 2010, os resultados da eleição no primeiro turno foram: Dilma 46,9%; Serra 32,6%, Marina 19,3% e ou demais candidatos represetaram apenas 1,2% dos votos válidos.

As diferenças fundamentais a serem destacadas foram a diminuição da distância entre a candidata Dilma e o candidato do PSDB que foi de 14,3% (46,9% menos 32,6%), enquanto que em 2014 essa diferença foi de apenas 8,1% (41,6% menos 31,5%).

A diminuição da diferença entre o primeiro colocado, a candidata Dilma e o segundo colocado, nesta eleição Aécio, indica um segundo turno mais apertado, com diminuição da probabilidade de vitória da candidata Dilma.  Portanto aumenta o incerteza do resultado final.  

Por outro lado, aumenta a fatia de votos dos demais candidatos, que serão alvos de disputa entre os dois candidatos classificados para o 2º turno.  Em 2010 somavam 20,5% e nestas eleições de 2014 essa fatia é de 24,9%.

A NECESSIDADE DE VOTOS PARA A VITÓRIA DE CADA CANDIDATO


Em 2010, com a distância mais folgada de Dilma sobre Serra, ela precisava de apenas 15% dos votos restantes, ou 3,1 a mais sobre os 46,9 conseguidos no 1º turno.  Serra, todavia, precisava de 85% dos votos restantes, ou 17,4% a mais sobre os 32,6% para ultrapassar o "ponto de equilíbrio" e assim sagrar-se vitorioso.

Nesta eleição, a distância entre a candidata do PT, Dilma Rousseff e o candidato do PSDB, Aécio Neves está bem menor que em 2010, o que torna mais complicada, quantitativamente, a vitória da candidata do PT se comparada com a última eleição.

Dilma precisa de 34% dos votos restantes, ou 8,4% a serem adicionados aos 42,6% obtidos no 1º turno.  Aécio precisa de 66% dos votos restantes, ou seja, 16,5% que se adicionados aos 33,5% conseguidos no 1º turno lhe daria o cargo de Presidente da República.

Proporcionalmente, comparando-se com a eleição de 2010, a chance de Aécio, que necessita de 66% dos votos disponíveis, ficou factível do que a chance de Serra que necessitava de 85%.  Por outro lado, a chance de Dilma nesta eleição ficou bem mais complicada, necessitando captar 34% dos votos disponíveis, do quem em 2010 quando necessitava captar apenas 15% para vencer as eleições. Mesmo com o aumento de votos necessários para a vitória, a candidata  Dilma mantém a vantagem sobre Aécio. Tudo isso, numa análise quantitativa.  Não estão sendo considerados aqui os fatores subjetivos e as implicações políticas que impactam os resultados. 

VOTOS CONQUISTADOS NO 2º TURNO DE 2010 E PROJEÇÃO PARA 2014


Embora Dilma precisasse de apenas 15% dos votos disponíveis para ultrapassar os 50% dos votos válidos e sagrar-se Presidente da República, Dilma conseguiu 44%, sendo finalmente eleita com 56% do total dos votos válidos. 

Serra precisava de 85% dos votos disponíveis para ultrapassar os 50% e obter a vitória, mas conseguiu apenas 56%, perdendo a eleição com um votação de 44% do total

Se ambos os candidatos repetirem os resultados de captação de votos disponíveisocorridos em 2010, Dilma conseguiria 11,1% dos 24,9% de votos disponíveis, conseguindo a vitória com 52,6%.  Aécio conseguiria 13,8% dos 24,9% disponíveis, perdendo a eleição com uma votação final de 47,4%.

Cabe ressaltar que, no primeiro turno os resultados de 2014 já não repetiram os resultados de 2010.  Desta forma não é exagero pensar que as conquistas dos votos disponíveis também tenham um desempenho aquém de 2010. 

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