sexta-feira, 6 de março de 2015

A neutralidade diante da ameaça de golpe de Estado é apoiar o golpe

por Rui Costa Pimenta


Agora, chegamos ao ponto em que as ilusões sobre a possibilidade de golpe de Estado no Brasil estão fora de questão. Todos os líderes da direita deixaram claro que pretendem remover Dilma Rousseff da presidência nos próximos 30 dias.

Desde 2013, vimos apontando que o imperialismo, impossibilitado de remover os governos da burguesia nacional dos países atrasados pela via eleitoral, se via obrigado a substituí-los por meio de golpes de Estado.
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Os golpes de Honduras (2009) e, principalmente, do Paraguai (2012) marcam o ponto de inflexão desta política. Egito (2013), Ucrânia (2014) e Tailândia (2014) o confirmam.

Todos os governos de inclinação nacionalista da América Latina estão submetidos ao cerco político do imperialismo: Argentina, Equador, Venezuela, Bolívia etc.

No Brasil, a campanha golpista pretende atingir um novo patamar com a manifestação de 15 de março próximo, para a qual estão sendo investidos enormes recursos. O tema central da campanha golpista é, como é de hábito nas campanhas políticas da direita ligada ao imperialismo estrangeiro, a corrupção. Sob esta bandeira, estão mobilizando uma fração mais despolitizada, direitista e conservadora das classes médias.

A ninguém é permitido negar que esta manifestação e a campanha da qual é uma espécie de coroamento são organizadas, dirigidas e orientadas politicamente por uma ampla frente única de direita, que vai de organizações abertamente fascistas aos direitistas tradicionais e que, por detrás delas, se encontra o tradicional inimigo do povo brasileiro, o imperialismo, em particular o imperialismo norte-americano, artífice dos golpes de 1954 e 1964.

Os objetivos do golpe podem ser percebidos com extrema facilidade. Basta ver o programa de destruição completa da Petrobrás, estabelecido pelos golpistas na imprensa, e o violento pacote econômico de Beto Richa no Paraná, que suscitou uma imensa mobilização da massa do funcionalismo público daquele Estado.

A crise econômica mundial chegou a um ponto crítico. Os governos de tipo nacionalista, mesmo muito moderados como o PT, já não são tolerados pela burguesia que necessita retomar em sua plenitude a política neoliberal da década de 1990 e levá-la a um novo nível, sem precedentes, de ataques à classe trabalhadora e ao povo.

Independente do resultado imediato da campanha golpista, que ameça de imediato, derrubar o governo que tomou posse em janeiro, ou seja, impedi-lo de exercer o mandato popular, o crescimento e fortalecimento da direita, é uma ameaça a todo o movimento operário e popular, às suas organizações e aos direitos democráticos conquistados.

Diante da ameaça de golpe de Estado não pode haver nenhuma neutralidade. Aqueles que não denunciam e não combatem a ofensiva golpista, apoiam e são cúmplices, diretos ou indiretos, voluntários ou involuntários do golpe de Estado.

Opor-se ao golpe de Estado não significa nem concordar, nem apoiar a política do PT, como martela insistentemente a propaganda da direita. Representa, ao contrário, um movimento de defesa dos trabalhadores contra um inimigo muito superior e muito mais feroz que a política de conciliação de classes do PT.

A classe trabalhadora brasileira encontra-se em um momento histórico fundamental e deve se colocar à altura do desafio mobilizando-se contra a direita em defesa dos seus interesses próprios, das suas organizações e das suas conquistas sociais e políticas e, acima de tudo, do futuro desenvolvimento da sua luta.

Chamamos todos os trabalhadores e a juventude a se mobilizar contra a ameaça do golpe de Estado com suas próprias bandeiras e sua próprias reivindicações. Chamamos todos a participar do ato do dia 13 de março, que é um esforço consciente para dar uma resposta à ameaça de golpe de Estado da direita.
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Rui Costa Pimenta, jornalista formado pela Fundação Casper Líbero, participou intensamente dos movimentos estudantis, atualmente  é presidente do PC0 - Partido da Causa Operária. 





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