domingo, 22 de setembro de 2019

Brasil, um "campo minado"

Por Paulo Franco

O Brasil está caminhando a 'passos largos' para se transformar num verdadeiro 'campo minado'. O volume de importação de armas está aumentando violentamente, assim como as vendas de armas pela indústria domestica.

A importação de revólveres e pistolas nunca atingiram 10 mil unidades até 2018, quando foram registrada a entrada de 17 mil armas.

Em 2019, então é que o aumento foi extremamente alto. Até agosto já tinham sido importadas mais de 37 mil armas, e o ano deverá fechar com, na melhor das hipóteses, em 56 mil unidades.



A política de flexibilização dos requisitos para a aquisição e o porte de armas aliado ao discurso pró-armas e ao lobby das indústrias e das importadoras de armas tem impulsionado o desejo por uma ou mais armas.

Neste ano, em agosto ocorreu uma verdadeira explosão na importação de armas atingindo 25,5 mil
unidades, representando um aumento de 10 vezes em relação a julho. Numa projeção super conservadora, o ano poderá fechar com cerca de 56 mil revólveres e pistolas importadas. E a tendência é aumentar.

Com uma população cada vez mais armada, aumenta o risco de morte, tanto do cidadão comum, como para os próprios policiais e seguranças de instituições e estabelecimentos privados.



O bom senso nos faz pensar que esse aumento do armamento social, o número de violência e mortes por armas de fogo deve aumentar, No Brasil, o histórico que temos sobre uma decisão de governo sobre a disponibilização de armas nas mãos dos cidadãos, foi a adoção do 'Estatuto do Desarmamento", no ano de 2004 e o resultado foi muito positivo, como podemos ver no gráfico abaixo, que mostra a evolução das taxas de homicídios por armas de fogo.



O número de homicídios por armas de fogo vinha crescendo numa taxa de 8% anuais desde 1980 até 2004. A partir desse ano, quando foi implantado o Estatuto do Desarmamento, a taxa de homicídios por armas de fogo continua crescendo, mas numa taxa irrisória, se comparada à taxa anterior.

Obviamente, o objetivo da sociedade é que houvesse uma redução no número de homicídio com uma taxa de crescimento negativa.

Mas o resultado fica visivelmente relevante, quando projetamos o número dos homicídios se mantivéssemos a taxa de crescimento de 8% vigente antes da aplicação do Estatuto. O número poderia hoje estar ao redor de 90.000 casos ao invés dos 41,8 mil ocorridos em 2015.

Com essa flexibilização adotada pelo governo atual, a posse de armas será mais intensa do que já era antes da vigência do Estatuto, de maneira que, o impacto poderá ser drástico.

Esperamos que o governo tenha um postura de gestor público e não fique refém nem de ideologias, nem de lobby da indústria bélica, tomando decisões firmes e rápidas se os números vierem a mostrar que a política adotada esteja aumentando o número de homicídios por armas de fogo.

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