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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Você quer mesmo deixar o Brasil? Tem certeza?

Por Tania Menai*


Se você tem porteiro, empregada, motorista, babá, folguista e despachante, pense antes de fazer as malas e tirar os filhos da escola, rumo ao exterior. Para sair do Brasil, você precisará rever alguns valores.

Tânia Menai, jornalista brasileira, vivendo há 20 anos em Nova York, fala sobre as alegrias e os desafios da expatriação.

Ontem recebi um email dando boas-vindas a um novo estudante na turma de pré jardim de infância da minha filha, de quatro anos. Muitos pais responderam o email com mensagens acolhedoras e animadas – então o pai do novo menino escreveu de volta, agradecendo o carinho e enviando uma foto da família. Mas avisou: “sou o mais alto.” Ali estava uma família de dois homens negros e um lindo menino. Mostrei a foto para minha filha e disse: “este é o seu novo amiguinho da escola!” Ela sorriu, disse que ele parecia com um outro coleguinha, e voltou a brincar. Nós somos brancas – e judias. Nossa escola é pública. 
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A combinação de três aspectos desse episódio provavelmente, e infelizmente, seria improvável no Brasil, ou pelo menos na Zona Sul carioca, onde fui criada: (1) escola pública, (2) um casal de dois homens negros, pais de um menino e (3) minha filha na mesma turma que ele. No entanto, moramos no Brooklyn, em Nova York. E a vida aqui é assim. Bem-vindo ao avesso do que você conhece.

Há quase 20 anos cheguei em Manhattan para ficar três meses. Desde então, nunca fui abordada por tantos brasileiros de classe média (e de classe média alta) querendo deixar o Brasil, como nos últimos cinco meses. O que mais me choca? Não são os cidadãos mais humildes, aqueles dos quais já

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Hoje Existem Dois EUA. Um Deles É Um Show de Horrores

Por David Simon

Em palestra no Festival of Dangerous Ideas em Sydney, o escritor e jornalista norte-americano David Simon disse que o capitalismo perdeu a visão de seu pacto social




Moradores do Brooklyn, em Nova York, recebem alimentos de missão religiosa em 5
de dezembro.   O corte de gastos por  parte do governo  federal dificultou  o acesso
de famílias mais pobres à alimentação
Os Estados Unidos são hoje um país totalmente dividido no que se refere a sociedade, economia, política. Existem definitivamente dois EUA. Eu vivo em um, em uma quadra de Baltimore, no estado de Maryland, que faz parte da versão viável dos EUA, a parte dos EUA conectada com a sua própria economia, onde existe um futuro plausível para as pessoas ali nascidas. A cerca de 20 quarteirões de distância existe outro país totalmente diferente. É incrível como temos pouco a ver uns com os outros, e, no entanto, vivemos em grande proximidade.


Não há arame farpado ao redor de Baltimore Oeste ou de Baltimore Leste, ao redor de Pimlico, áreas de minha cidade que foram totalmente divorciadas da experiência americana que conheço. Mas poderia haver. De certa forma nós conseguimos caminhar para dois futuros diferentes, e creio que estamos vendo cada vez mais disso no Ocidente. Não acho que seja exclusivo dos EUA.
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Creio que nos aperfeiçoamos muito na tragédia e estamos chegando lá mais depressa que muitos outros lugares talvez ainda um pouco mais racionais. Mas minha ideia perigosa envolve um homem que foi deixado de lado no século XX e quase parecia ser o final da piada do século XX: um homem chamado Karl Marx.

Não sou marxista no sentido de que não acredito em uma resposta clínica muito específica do marxismo