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domingo, 9 de agosto de 2020

Como os EUA lucraram com tráfico de africanos escravizados para o Brasi

Por Marilia Marasciulo

Com cerca de 450 africanos da região do rio Congo, a escuna norte-americana Mary E Smith foi a última a tentar desembarcar escravizados no Brasil. No dia 20 de janeiro de 1856, ela foi capturada em São Mateus, no Espírito Santo, em uma operação que deixou claro que a Lei Eusébio de Queiroz, aprovada em 1850 proibindo a entrada de escravos, de fato pretendia acabar com o tráfico de escravos no país.


Ilustração mostra configuração de um navio negreiro americano
Entre 1831 e 1850, navios com a bandeira norte-americana corresponderam a 58,2% de todas as 
expedições negreiras com destino ao Brasil

Com cerca de 450 africanos da região do rio Congo, a escuna norte-americana Mary E Smith foi a última a tentar desembarcar escravizados no Brasil. No dia 20 de janeiro de 1856, ela foi capturada em São Mateus, no Espírito Santo, em uma operação que deixou claro que a Lei Eusébio de Queiroz, aprovada em 1850 proibindo a entrada de escravos, de fato pretendia acabar com o tráfico de escravos no país. Antes dela, tratados assinados por pressão da Inglaterra após a Independência ficaram conhecidos como "leis para inglês ver", pois na prática as próprias autoridades locais eram coniventes com o contrabando.
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25 DE MARÇO: Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão
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Pesando 122 toneladas e com um valor estimado em US$ 15 mil dólares, a Mary E. Smith foi construída em Massachusetts especificamente para o tráfico negreiro. Antes mesmo de deixar Boston

domingo, 26 de janeiro de 2020

A Pobreza Infantil é uma Tragédia Moral. Porque Toleramos? (*)

Por Jeff Madrick para a Revista TIME

Quase 1 em cada 5 crianças americanas é oficialmente pobre. São cerca de 15 milhões de crianças. Mas o número que vive com uma privação significativa - comida insuficiente, casas seriamente superlotadas ou falta de acesso a assistência médica devido ao custo - é realmente muito maior.  Por que toleramos isso?


Os Estados Unidos são resistentes a políticas adequadas de pobreza por causa de sua forte tensão de pensar que os pobres são responsáveis ​​por suas próprias situações, não importa seu sofrimento, mas a pobreza infantil é muito prejudicial e punitiva para ignorar. Eu, e um número crescente de acadêmicos, acredito que há uma solução: o governo deve conceder subsídios mensais em dinheiro, sem condições, a todas as famílias com crianças. (As famílias de alta renda teriam muito desse dinheiro tributado.)

quinta-feira, 21 de março de 2019

Carta da Juíza Kenarik Boujikian ao Presidente Lula

Por Kenarik Boujikian





“Caro Presidente Lula,

Bom dia!

Minha carta não chegará a tempo de ser entregue pelos amigos que estão em Curitiba, nesta data. Fiz uma confusão em razão do fuso-horário (estou muito longe, em Fiji). Mas, mesmo assim, resolvi escrever.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Las consecuencias económicas del boicot a Venezuela

CELAG



El talón de Aquiles de América Latina sigue siendo su sector externo. Estados Unidos (EE. UU.) es consciente de esta fragilidad y la utiliza en su provecho, como con Cuba, que lleva 6 décadas con un embargo sobre su sector externo. Todos los países que hoy son calificados como “milagros económicos” de desarrollo reciente, en gran parte lo son porque lograron disminuir la dependencia del sector externo. En efecto, la estrategia desarrollista basada en las exportaciones, no sólo es una política activa de desarrollo económico, también es una política estratégica de soberanía.

La historia de Latinoamérica ha demostrado que las crisis empiezan y terminan con un desbalance con el exterior, ya sea por una caída de los precios internacionales de las materias primas, una fuga masiva de divisas o por un descalce del financiamiento de la deuda externa. Cualquiera de estos caminos detona, en última instancia, una crisis de financiamiento de divisas y un ajuste de la economía doméstica vía tipo de cambio.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Lula e nós

Por Jean-Luc Mélenchon

Depois de uma década de derrotas das oligarquias e de seus padrinhos americanos, em todos os países, emprega-se uma estratégia revanchista de dura luta contra a esquerda - esteja ela no poder ou em luta retomá-lo, como no Brasil.

AFP/Joel Saget

Observar e acompanhar os acontecimentos na América do Sul é um dever para a compreensão política contemporânea. Foi lá que se reacendeu a chama de uma ação governamental anticapitalista no período pós-soviético. É lá que se enfrentam com mais violência as estratégias de tomada do poder entre oligarquia e povo com uma participação direta e aberta dos EUA. É um tipo de prévia brutal do que pode nos acontecer no velho continente, com adaptações à nossa realidade.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Na Coréia do Norte, todos os caminhos levam à catástrofe

Por Jon Schwarz



O ASPECTO MAIS ALARMANTE do recente teste nuclear conduzido pela Coreia do Norte, no contexto da tensão crescente com os EUA, é o quão pouco se sabe sobre como realmente funciona o país asiático. Há 70 anos, a Coreia do Norte está isolada do resto do mundo – algo quase inconcebível para os tempos atuais, em que basta um clique para que uma pessoa em Buenos Aires compartilhe um vídeo de gatinhos em Kuala Lumpur. Poucos estrangeiros tiveram contato íntimo com a sociedade norte-coreana, e pouquíssimo podem falar com propriedade a respeito do país.

Uma dessas raríssimas exceções é a escritora e jornalista Suki Kim. Ela nasceu na Coreia do Sul e se mudou para os Estados Unidos aos 13 anos. Passou boa parte do ano de 2011 ensinando inglês para filhos da elite norte-coreana na Universidade de Ciência e Tecnologia de Pyongyang(PUST).

A jornalista já havia visitado a Coreia do Norte diversas vezes e escrito sobre a experiência para a Harper’s Magazine e a New York Review of Books. Ainda assim, inacreditavelmente, nem os responsáveis norte-coreanos pela estadia de Kim no país nem os missionários cristãos que fundaram e administram a PUST perceberam que ela estava infiltrada para realizar uma das missões de jornalismo investigativo mais arriscadas da história.

Embora todos os empregados da PUST fossem mantidos sob vigilância constante, Kim conseguiu guardar anotações e documentos em pendrives escondidos e no cartão de memória de sua câmera. Se tivesse sido descoberta, muito provavelmente teria sido acusada de espionagem e condenada à prisão nos terríveis campos de trabalho forçado do país. Dois dos três americanos atualmente presos na Coreia do Norte eram professores da PUST. O Pentágono já até usou uma ONG cristã como fachada para fazer espionagem na Coreia do Norte.

Mas Kim conseguiu não ser descoberta e pôde regressar aos EUA para escrever seu extraordinário livro, lançado em 2014: “Without You, There Is No Us” (“Sem você, não há nós”, em tradução livre, ainda não lançado no Brasil). O título vem da letra de uma antiga canção norte-coreana; “você” é Kim Jong-il, pai de Kim Jong-un, atual líder do país.

O livro é especialmente relevante para qualquer pessoa que tenha a intenção de entender o que pode vir a acontecer na Coreia do Norte. A experiência a tornou extremamente pessimista sobre todos os aspectos do país, incluindo a resistência do governo a renunciar ao seu programa de armas nucleares. Ela considera que a Coreia do Norte funciona como um verdadeiro culto e que toda a existência do país anterior a esse sistema já foi apagada da memória coletiva.

Ainda mais preocupante foi perceber que seus alunos, rapazes no fim da adolescência e começo da vida adulta, estavam profundamente inseridos nesse culto. A autocracia da família Kim está na terceira geração, e seria de se esperar que as elites norte-coreanas já tivessem abandonado qualquer ideologia inicial e se corrompido, como é o padrão da humanidade. Mas seus filhos, alunos da PUST, não iam esquiar na Suíça durante as férias escolares, nem mesmo viajavam dentro do próprio país. Em vez disso, passavam as férias estudando a ideologia norte-coreana “Juche” ou trabalhando nas fazendas coletivas.

Não é de se espantar, portanto, que os alunos de Kim fossem completamente ignorantes sobre assuntos externos, incapazes de reconhecer fotos do Taj Mahal ou das pirâmides do Egito. Um deles disse ter ouvido que todas as pessoas no mundo falavam coreano, que teria sido reconhecido como o idioma mais avançado de todos. Outro aluno acreditava que o prato coreano “naengmyeon” era considerado a melhor comida do planeta. Ademais, estavam imersos numa cultura da falsidade. Contavam mentiras tão absurdas que Kim chegou a escrever: “Eu só podia imaginar que eles, meus queridos alunos, fossem loucos”. Apesar disso, eles eram também bastante humanos, de uma inocência encantadora, e se afeiçoavam aos professores.

A história contada em “Without You, There Is No Us” é, em resumo, de uma tristeza insuportável. A Coreia, ainda unificada, foi feita de joguete por Japão, EUA, União Soviética e China. Como tantas famílias coreanas, a de Kim tem parentes próximos que ficaram na Coreia do Norte quando ocorreu a divisão, e nunca mais foram vistos. Kim considera que a Coreia hoje está definitivamente fraturada:

Então, pensei que era tudo inútil, a fantasia de uma união coreana, os cinco mil anos de identidade. Porque uma nação unificada foi partida de forma irreparável em 1945, quando um grupo de políticos traçou uma linha aleatória sobre o mapa e separou famílias que jamais voltaram a se reencontrar. Seu ódio, sua tristeza e seu arrependimento não foram reconhecidos, e seus corpos se tornaram terra, parte desse solo…. Por trás dos filhos da elite que agora eram meus pupilos por um curto período, por trás dessas crianças adoráveis e mentirosas, eu via claramente que não haveria redenção possível.

The Intercept conversou recentemente com Kim sobre sua temporada na Coreia do Norte e a perspectiva que esse período deu a ela sobre a crise atual.


JON SCHWARZ: Achei seu livro insuportavelmente doloroso. Sou americano, e não consigo imaginar como é viver num lugar brutalizado por tantos países poderosos. O governo da Coreia do Norte, e, em menor escala, o da Coreia do Sul usaram esse sofrimento para consolidar seu poder. E talvez o mais triste tenha sido perceber que esses rapazes, seus alunos, ainda eram claramente pessoas, seres humanos, mas estavam inseridos num sistema terrível, programados para fazer coisas terríveis a seus conterrâneos.

SUKI KIM: Sim, porque não há outra forma de estar naquele país e não há outro país como aquele. As pessoas comparam com tanta facilidade a Coreia do Norte a Cuba, à Alemanha Oriental ou até mesmo à China, mas em nenhum desses países existiu algo semelhante ao que vem acontecendo na Coreia do Norte, esse nível de isolamento e controle que reúne as características de culto e ditadura. Enquanto estava lá, comecei a pensar que já é quase tarde demais para voltar atrás; os jovens com quem eu convivia nunca tinham vivido de outra forma.

Tudo começou com a divisão da Coreia em 1945. É comum pensar que teria começado com a Guerra da Coreia, mas a guerra só aconteceu por causa da divisão [da Coreia, realizada pelos EUA e pela URSS ao fim da II Guerra Mundial] em 1945. O que vemos hoje é a Coreia presa no limbo.

JS: Praticamente nenhum americano sabe o que aconteceu entre 1945 e o começo da Guerra da Coreia, e poucos sabem o que ocorreu durante a guerra. [Syngman Rhee, o ditador de extrema-direita instalado pelos EUA na Coreia do Sul, massacrou dezenas de milhares de sul-coreanos antes da invasão pela Coreia do Norte em 1950. Depois disso, já nos primeiros meses da guerra, foram executados pelo governo de Rhee mais cem mil sul-coreanos, até que um bárbaro ataque aéreo dos EUA matou cerca de um quinto da população da Coreia do Norte.]

SK: Sobre o tão falado “mistério da Coreia do Norte”, talvez as pessoas devessem se perguntar por que a Coreia é um país dividido e por que há soldados americanos na Coreia do Sul. Essas perguntas não estão sendo feitas. Quando você olha para a origem da situação, faz algum sentido que a Coreia do Norte use esse ódio pelos EUA como ferramenta para justificar e manter o mito do Grande Líder. O Grande Líder sempre foi o salvador, o libertador que protegia as pessoas do ataque do imperialismo americano. A História da Coreia do Norte se funda não só na filosofia Juche, mas também no ódio aos EUA.


JS: A partir da sua experiência, como você entende a questão nuclear na Coreia do Norte?

SK: Nada vai mudar, porque é um problema insolúvel, chegar a ser desonesto pensar que possa ser resolvido. A Coreia do Norte nunca vai desistir de ter armas nucleares. Nunca.

Só seria possível negociar com a Coreia do Norte se o regime não fosse o que é. Nenhum acordo é respeitado, simplesmente porque a Coreia do Norte não funciona assim, é uma terra de mentiras. Por que continuar tentando fazer acordos com alguém que nunca irá cumpri-los?

Todos os países ao redor da Coreia do Norte desejam uma mudança de regime político. Eles dizem, porém, que não é isso que querem, e fingem estar buscando acordos enquanto, na verdade, procuram meios de derrubar o regime.

O que resta a fazer é empreender esforços para envolver as pessoas, forçando a entrada de informação no país. Essa é a única alternativa, não vejo outra forma de causar mudanças na Coreia do Norte. Nada vai mudar se o lado de fora não despejar recursos lá dentro.

JS: Qual a motivação dos poderosos da Coreia do Norte para se agarrar às armas nucleares?

SK: Eles não têm outra alternativa, não têm literalmente nada além disso. As tentativas de negociação só continuam acontecendo porque eles são uma potência nuclear, é uma questão de sobrevivência. O que eles temem é a mudança do regime sobre o qual o país está assentado.

JS: Mesmo se o regime mudasse, seria difícil convencê-los, com argumentos racionais, a abrir mão do armamento nuclear, depois do que aconteceu com Saddam Hussein e Muamar Kadafi.

SK: É realmente uma equação simples: não há motivo para renunciar às armas nucleares. Nada vai fazer com que renunciem.

JS: Sempre me pareceu que a Coreia do Norte não faria o primeiro movimento numa guerra nuclear, até mesmo por um senso de autopreservação. A descrição que você faz dos seus alunos, no entanto, me fez pensar que o risco de um erro de cálculo por parte deles é maior do que eu imaginava.

SK: Era paradoxal: eles até podiam ser inteligentes, mas eram completamente iludidos sobre tudo. Não vejo como as pessoas que governam o país seriam diferentes. Aqueles com quem os estrangeiros têm contato, como os diplomatas, são sofisticados e conseguem conversar no mesmo nível. Mas até eles têm um outro lado, pois foram criados para pensar de forma diferente, sua realidade é distorcida. 

Para eles, a Coreia do Norte é o centro do universo, o resto do mundo simplesmente não existe. Eles viveram os últimos 70 anos dentro desse culto total.  Era 2011, e meus alunos não sabiam o que era a internet – alunos de computação das melhores escolas de Pyongyang. O sistema é assim, brutal, para todos.

JS: Mesmo os pais mais influentes tinham pouca autonomia para tomar decisões que envolviam seus próprios filhos. Eles não podiam trazer seus filhos para casa, não podiam ir visitá-los.

SK: Seria de se imaginar que exceções fossem frequentemente abertas [para os filhos da elite], mas isso simplesmente não acontecia. Eles não podiam ligar para casa, não havia qualquer forma de se comunicar com os pais. Literalmente, nenhuma exceção. Para nenhum poder ou agência.

Também me espantou o fato de eles não viajarem para outros lugares dentro do próprio país. Você poderia pensar que todos esses jovens de elite deveriam ao menos conhecer as famosas cadeias de montanhas [da Coreia do Norte], mas nenhum deles jamais esteve lá.

Esse poder absoluto é a razão para a Coreia do Norte ser o que é.

JS: Qual seria sua recomendação se pudesse criar políticas em relação à Coreia do Norte para os EUA e outros países?

SK: É uma situação que ninguém conseguiu ainda resolver. Não é um sistema que eles possam moderar. O Grande Líder não pode ser moderado, não pode ser menos divino. O sistema do Grande Líder precisa ser rompido.

É impossível, porém, imaginar como isso aconteceria. É uma perspectiva completamente desanimadora. As pessoas foram destituídas de todas as ferramentas que seriam necessárias para pensar de maneira independente: educação, informação, possibilidade de compartilhamento.

Uma intervenção [militar] não funcionaria porque o país é uma potência nuclear. Minha opinião é que precisa acontecer, de alguma forma, um fluxo, um derramamento de informações para dentro da Coreia do Norte. O problema é que a população é vítima de abuso por uma ideologia de culto. Mesmo que não haja mais o Grande Líder, alguma outra forma de ditadura virá substituí-lo.

Todos os caminhos levam à catástrofe, e é por isso que até os desertores do regime, quando fogem, frequentemente se tornam cristãos fundamentalistas. Eu queria poder sugerir alternativas, mas tudo leva a becos sem saída.

A única coisa que chegou a me dar um pouco de esperança foi o fato de Kim Jong-un ser mais imprudente que o líder anterior [seu pai, Kim Jong-il]. Mandar matar seu tio e seu irmão poucos anos depois de assumir o poder não cai bem para um sujeito que só está no poder por conta do sobrenome. Se é só a linhagem que o mantém naquela posição, ele não deveria se autossabotar matando membros da própria família.

JS: Em uma perspectiva histórica, normalmente seria de se esperar que a família real ficasse maluca demais, aparecesse algum neto muito lunático, e então os militares e o poderio econômico decidiriam que não precisavam mais daquele cara, iriam se livrar dele, e assumiriam o comando. Na Coreia do Norte, no entanto, isso parece impossível: essa família precisa estar no poder, os militares não podem dizer “ah, então, o país agora é comandado por um general qualquer”.

SK: A marca do Grande Líder, que eles construíram, é muito poderosa. É por isso que o assassinato de Kim Jong-nam [meio-irmão mais velho de Kim Jong-un e herdeiro original da dinastia Kim] foi uma decisão idiota. O que se demonstrou ali foi que a linhagem real pode ser assassinada, e isso abre uma brecha para essa alternativa porque há outras figuras da dinastia que podem ser colocadas no lugar. Ele não é único. Matar [Jong-nam] criou um precedente para que isso aconteça.


JS: Um detalhe que achei especialmente estarrecedor foi o sistema de parcerias entre os alunos. Todos tinham um parceiro com quem passavam bastante tempo, e de quem pareciam muito amigos – até que esse parceiro era substituído, e os dois nunca mais voltavam a andar juntos.

SK: O sistema de parceria existe apenas com um propósito de vigilância, não interessa que se trate de rapazes de 19 anos tentando fazer amigos. É essa a medida em que não se reconhece nem se respeita a humanidade de cada um. Há uma canção norte-coreana que compara cada cidadão com uma bala em uma imensa arma para o Grande Líder. Eles vivem assim.

JS: Também fiquei impressionado com a descrição que você faz da degeneração da linguagem na Coreia do Norte. [Kim escreveu: “Cada vez que eu visitava a RDPC, a República Democrática Popular da Coreia, sentia o impacto da degradação do idioma coreano. Os palavrões haviam sido incorporados não apenas às conversas e aos discursos, mas também à linguagem escrita. Estavam por toda parte: em poemas, jornais, discursos oficiais do Partido dos Trabalhadores e até em letras de música. Era como encontrar as palavras “porra” e “merda” num discurso presidencial ou na primeira página do New York Times.”]

SK: Sim, tenho a impressão de que a linguagem reflete a sociedade. O sistema é todo construído em cima de um risco de guerra iminente, e essa violência mudou o idioma coreano. Além disso, Kim Jong-un e sua turma são marginais, esse é o estilo deles, e esse estilo tomou o país inteiro.

JS: O mau gosto parece ser um problema comum aos ditadores de todo o mundo.

SK: É interessante analisar a Coreia do Norte em meio ao período atual dos EUA, porque é possível perceber muitas semelhanças. Basta olhar para as incessantes publicações de Trump no Twitter acusando todas as notícias de “fake news” e repetindo o quanto ele mesmo é incrível. É muito parecido com o que acontece na Coreia do Norte, um fluxo constante de propaganda política. Edifícios com slogans que parecem gritar, reiterando a mensagem de que os inimigos mentem o tempo todo. As frases de efeito, resumidas para caber em um tweet, são muito parecidas com os slogans da Coreia do Norte.

Esse país em que estamos hoje, onde não é mais possível discernir entre verdade e mentira, a começar do que vem de cima, tem o mesmo grande problema da Coreia do Norte. Os Estados Unidos deveriam prestar atenção, pois há uma lição a ser aprendida.

JS: Eu me senti mal depois de ler seu livro, e agora estou me sentindo ainda pior.

SK: Para ser sincera, eu me pergunto se existe um prazo em relação às tragédias – não para solucioná-las, mas para torná-las menos terríveis. Me parece que já é tarde demais no caso da Coreia do Norte. Quando você consegue eliminar qualquer traço de humanidade a esse nível, ao longo de três gerações… O horror se torna ainda maior quando transparece a humanidade dos norte-coreanos. É aí que nos damos conta do quanto a humanidade pode ser distorcida, manipulada e violada. É aí que nos deparamos com a total devastação do que está de fato em jogo.
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Essa entrevista foi editada por razões de tamanho e clareza.

Foto em destaque: Uma pintura exposta no Ministério das Ferrovias retrata um trem que certa vez transportou Kim Jong-il. Dizia-se que ele teria morrido num trem enquanto viajava incansavelmente para assegurar o bem-estar de seu povo. Exposição Kimjongilia, 2002.

Tradução: Deborah Leão

sábado, 25 de março de 2017

25 DE MARÇO: Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão

Por Paulo Franco


Em 17 de Dezembro de 2007, a Assembleia Geral da ONU declarou 25 de março o Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Escravos, para ser observado anualmente.



Como pode ser visto no documentário abaixo, "A Rota do Escravo - A Alma da Resistência", produzido pela UNESCO, a prática escravocrata acompanha a história da humanidade desde muito cedo. 

No início o escravismo era decorrência de guerras, onde o vencedor escravizava o vencido. Mas

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Glenn Greenwald entrevista Dilma Rousseff

Por Glenn Greenwald 

NA QUINTA-FEIRA PASSADA, o Senado votou por 55 a 22 pelo afastamento da Presidenta Dilma Rousseff para apreciação de seu impeachment por supostas pedaladas fiscais para fins de maquiagem da dívida pública, conforme aprovado pela Câmara dos Deputados. Embora Dilma permaneça no cargo e continue a residir no Palácio da Alvorada, em Brasília, o Vice-presidente Michel Temer assume o comando do país interinamente acompanhado de um novo gabinete conservador, repleto de escândalos de corrupção e formado apenas por homens brancos, todos nomeados pelo presidente em exercício.

Na terça-feira, conversei com a Presidenta Dilma no Palácio do Planalto em sua primeira entrevista após ser suspensa. A entrevista de 22 minutos encontra-se logo abaixo. Em lugar de se comportar de forma subjugada, conformada ou derrotada, Dilma – presa e torturada por três anos pela ditadura militar que governou o país com o apoio dos EUA por 21 anos – está mais firme, combativa e determinada do que nunca.

Interim President Michel Temer, right, waves with Sen. Aécio Neves, left, at a signing ceremony for new government ministers at the Planalto presidential palace on May 12, 2016, in Brasília, Brazil. (Photo: Igo Estrela/Getty Images)
Desde que assumiu o poder, Temer tem atemorizado aqueles que consideram o impeachment um ataque à democracia, ou mesmo um golpe. Ao contrário de Dilma, o interino se encontra pessoalmente envolvido em escândalos de corrupção. Além de ter sido recentemente multado por violação de leis eleitorais, o presidente em exercício está por oito anos impedidode se candidatar a qualquer cargo público (inclusive o que acaba de assumir). As pesquisas mostram queapenas 1 ou 2% dos brasileiros o apoiariam em uma eleição, enquanto quase 60% desejam vê-lo também impedido.

Como se não bastasse, Temer (que ainda não respondeu à solicitação de entrevista do The Intercept) provocou controvérsia internacional ao apontar 23 ministros, sendo absolutamente todos homens brancos, em um país de extrema diversidade, sendo que um terço dos quais se encontram sob suspeita em diversas investigações de corrupção. O governo do vice – adorado pelos fundos de investimento e por Wall Street, mas detestado por muitos outros setores – iniciou os preparativos para um ataque da direita radical à rede de segurança social do país, tão intenso que nunca receberia o apoio de eleitores em um contexto democrático. Enquanto isso, à medida que se aproximam os Jogos Olímpicos, afloram protestos por todo o país, que certamente se tornarão mais acirrados e intransigentes à tentativa do governo Temer de cortar os programas sociais implementados pelo partido da presidenta afastada (que venceu consecutivamente quatro eleições para presidência).

Eu conversei com a Presidenta Dilma sobre todas essas questões, além de termos abordado o provável impacto que mudanças de ideologia tão antidemocráticas podem gerar nas relações internacionais e alinhamento econômico do quinto país mais populoso do mundo e sétima maior economia.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Pepe Mujica: "A corrupção mata a esquerda, é inexplicável isso no Brasil"

Por  Carlos E. Cué


"Uma Ovelha Negra no Poder" (Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz)


Pepe Mujica, em Buenos Aires no lançamento do livro (David Fernández - EFE)
Foi guerrilheiro a metade de sua vida, passou 15 anos na prisão, viveu na montanha, na clandestinidade, e agora diz que está velho e não sabe como estará dentro de cinco anos para voltar a concorrer à presidência do Uruguai. Mas, escutando José Mujica, ninguém diria que o político está no fim de sua carreira. Enérgico, influente como poucos na região, atento a tudo e a todos, Mujica viajou a Buenos Aires para lançar o livro sobre seu período na presidência, "Uma Ovelha Negra ao Poder", de Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz, que ainda não foi lançado no Brasil.

"Há uma estagnação da esquerda latino-americana, mas direita não dá respostas"


 

Pergunta. Viaja agora para a Espanha para reencontrar suas origens bascas. Fechou o círculo?


Resposta. Sim, agora vou para Muxica, para lembrar a família do meu pai. E, depois, a uma cidadezinha da Itália, perto de Gênova, onde está a família da minha mãe. Vou porque estou entrando numa idade que, se não for agora, não vou mais.
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P. Dizem que o senhor vai voltar a ser presidente do Uruguai, que continua sendo referência.


sábado, 7 de março de 2015

¿Por qué un multimillonario chino invierte su capital en el Canal de Nicaragua?




REUTERS/Jairo Cajina













 

La edificación del Gran Canal de Nicaragua fue inaugurada en diciembre pasado. Al cargo de la propia construcción y la administración del canal durante los próximos 100 años está la compañía china HKND y su propietario, el multimillonario Wang Jing. La inteligencia estadounidense decidió analizar qué fue lo llevó a Jing a participar en el proyecto e incluso invertir en él su propio dinero.


Según la revista 'Forbes', Jing es el duodécimo empresario más rico de China, con una fortuna personal de unos 6.300 millones de dólares. Antes de la creación de HKND (Hong Kong Nicaraguan Canal Development Investment Group), su interés principal eran las telecomunicaciones y también la minería y agricultura.

"Jing ya ha gastado más de 5.000 millones de su capital personal, más el dinero de su familia y sus amigos, a quienes se lo había solicitado para capitalizar el proyecto del Canal", calcula Stratfor, la empresa privada estadounidense especializada en servicios de inteligencia. 
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El costo estimado de la inversión total es unos 50.000 millones de dólares, algunos incluso predicen que ronda los 100.000 millones de dólares. Según la compañía de inteligencia, hay varias causas que influyen en la determinación de Jing de seguir adelante.

El proyecto no solo aliviaría 'la congestión' en el Canal de Panamá, sino también ofrecería rutas complementarias para el comercio entre Asia y la costa este de América del Norte. También proporcionaría un paso más rápido de naves masivas de carga procedentes de América Latina, especialmente de Brasil, a Asia: hoy en día estas naves son demasiado grandes para el Canal de Panamá y a menudo resultan bloqueadas en los puertos chinos. Teniendo en cuenta los drásticamente crecientes volúmenes del comercio entre China y América Latina, el cambio se hará sentir.


Podría tratarse, además, del establecimiento de nuevos sitios turísticos, gracias al desarrollo de más puertos. Con apoyo de China, Nicaragua podría aprovechar también cambios en las cadenas logísticas internacionales creando una zona de libre comercio. Gracias a los bajos costes de la mano de obra y la cercanía a los grandes mercados de EE.UU., México y Sudamérica, convertir el país en un centro de producción y distribución regional parece una idea perspicaz, concluye Stratfor.
 
 
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Publicado en el sitio RT

domingo, 24 de agosto de 2014

Marina: Cavalo de Tróia dos EUA?

Por WAYNE MADSEN, tradução Vila Vudu



Dia 31/7/1981, o presidente Omar Torrijos, do Panamá, morreu quando o avião da Força Aérea panamenha no qual viajava caiu perto de Penonomé, Panamá.
Dois meses antes da morte de Torrijos, o presidente Jaime Roldós do Equador, líder populista que se opunha aos EUA, havia também morrido num acidente de avião: seu avião era um Super King Air (SKA). 


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Original Version:

Another Suspicious Plane Crash in Latin America Bolsters American and Globalist Interests

"Brazil’s scheduled October presidential election was seen as a virtual cake walk for incumbent President Dilma Rousseff. That was until a plane crash killed Rousseff’s rather lackluster opponent, economist and former governor of Pernambuco, Eduardo Campos. On August 13, it was reported that the plane carrying Campos, a Brazilian pro-business centrist presidential candidate who was running third behind the more conservative Social Democratic Party candidate Aecio Neves, an economist and champion of austerity, crashed into a residential area of Santos in Sao Paulo state, Brazil. Campos was the..."
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As eleições presidenciais no Brasil marcadas para outubro estavam sendo dadas como resolvidas, com a reeleição da atual presidenta Dilma Rousseff. Isso, até a morte, num acidente de avião, de um candidato absolutamente sem brilho ou força eleitoral próprios, economista e ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos.  Dia 13/8, noticiou-se que o avião que levava Campos – candidato de centro, pró-business, que ocupava o 3º lugar nas pesquisas, atrás

até do candidato do partido mais conservador (PSDB), Aécio Neves, também economista e defensor da ‘'austeridade'’ – espatifara-se numa área residencial de Santos, no estado de São Paulo, Brasil. Campos era candidato do Partido Socialista Brasileiro, antigamente da esquerda, mas hoje já completamente convertido em partido pró-business.

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Como aconteceu nos partidos trabalhistas da Grã-Bretanha, da Austrália e Nova Zelândia, nos liberais e novos partidos democráticos canadenses, e no Partido Democrata dos EUA, interesses

sábado, 3 de maio de 2014

Cidades mais violentas do mundo: EUA, o grande destaque

Por Paulo Franco


No cenário da violência mundial, a estrela são os EUA que a despeito de ser o grande símbolo de sucesso em riqueza e desenvolvimento consegue ter cidades que estão classificadas entre as mais violentas do mundo. A América Latina, ao lado dos EUA é uma triste constatação pois consegue ser a reagião mais violenta do mundo, situação que não deve ser alterada tão cedo.  Primeiro porque a distância é extremamente grande, em segundo porque não há nenhuma evidência de mudança na tendencia atual.




O estudo sobre Segurança, Justiça e Paz elaborado pelo Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Criminal do México, levantou as cidades mais violentas do mundo, tomando como parâmetro a taxa de homicídios por 100 mil habitantes.

AS TRES CIDADES MAIS VIOLENTAS DO MUNDO


San Pedro Sula, em Honduras é, pela terceira vez consecutiva a cidade mais violenta do mundo com uma taxa de 187 homicídios por 100 mil habitantes. A situação de San Pedro só tem piorado nos últimos anos. Em 2010 ela ocupava a 3ª posição, com uma taxa de 125 mas em 2011 essa taxa aumentou para 159 e San Pedro Sula assumiu a liderança da violência mundial. A situação continuou se deteriorando em 2012 e 2013 com as taxas de homicídios atingindo 174 e 187 respectivamente.

Na segunda posição vem Caracas, na Venezuela, com 134 homicídios e em terceiro vem Acapulco no México, com 113 homicídios por 100 mil habitantes.
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A cidade mexicana de Juarez teve uma trajetória inversa de San Pedro Sula. Ela era a cidade mais violenta do mundo em 2008, 2009 e 2010. Em 2011 com San Pedro atingindo a marca de 159 homicídios por 100 mil habitantes, a cidade de Juarez passou para a segunda posição. Em 2012 continuou caindo no ranking para 19 e em 2013 para a 37ª posição.

BRASIL TEM O MAIOR NÚMERO DE CIDADES ENTRE AS 50 MAIS VIOLENTAS


O Brasil tem 16 cidades entre as 50 mais violentas do mundo. Dentre as 10 mais violentas, o Brasil tem 3 cidades: Maceio, com 80 homicídios por 100 mil habitantes, Fortaleza com 73 e João Pessoa com 67 homicídios. Todas as 3 localizadas no nordeste, o que indica que há uma regionalização do problema. 

Todavia, é importante observar que o maior número de cidades entre as 50 mais violentas, não reflete que o Brasil seja, necessáriamente,  o mais violento dos países. Na verdade há que se considerar o tamanho do país e sua respectiva população e também o número de cidades com população superior a 300 mil, parâmetro definido pela instituição que executou o estudo.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Hoje Existem Dois EUA. Um Deles É Um Show de Horrores

Por David Simon

Em palestra no Festival of Dangerous Ideas em Sydney, o escritor e jornalista norte-americano David Simon disse que o capitalismo perdeu a visão de seu pacto social




Moradores do Brooklyn, em Nova York, recebem alimentos de missão religiosa em 5
de dezembro.   O corte de gastos por  parte do governo  federal dificultou  o acesso
de famílias mais pobres à alimentação
Os Estados Unidos são hoje um país totalmente dividido no que se refere a sociedade, economia, política. Existem definitivamente dois EUA. Eu vivo em um, em uma quadra de Baltimore, no estado de Maryland, que faz parte da versão viável dos EUA, a parte dos EUA conectada com a sua própria economia, onde existe um futuro plausível para as pessoas ali nascidas. A cerca de 20 quarteirões de distância existe outro país totalmente diferente. É incrível como temos pouco a ver uns com os outros, e, no entanto, vivemos em grande proximidade.


Não há arame farpado ao redor de Baltimore Oeste ou de Baltimore Leste, ao redor de Pimlico, áreas de minha cidade que foram totalmente divorciadas da experiência americana que conheço. Mas poderia haver. De certa forma nós conseguimos caminhar para dois futuros diferentes, e creio que estamos vendo cada vez mais disso no Ocidente. Não acho que seja exclusivo dos EUA.
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Creio que nos aperfeiçoamos muito na tragédia e estamos chegando lá mais depressa que muitos outros lugares talvez ainda um pouco mais racionais. Mas minha ideia perigosa envolve um homem que foi deixado de lado no século XX e quase parecia ser o final da piada do século XX: um homem chamado Karl Marx.

Não sou marxista no sentido de que não acredito em uma resposta clínica muito específica do marxismo

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Fishlow Diz Que Há Pouca Saída Contra Fuga de Capital







O economista afirma que não existem muitas alternativas para os países em relação à temida redução do estímulo financeiro dos EUA.




Pioneiro na formação de uma reconhecida literatura sobre desigualdade no Brasil, ainda na década de 70, o norte-americano Albert Fishlow retornou ao país na última semana para falar a economistas locais sobre a "Metamorfoses do Brasil Contemporâneo", em conferência promovida pelo Ibmec.

Na autoridade de brasilianista e professor emérito da Universidade de Columbia, Fishlow, desta vez, voltou-se especialmente contra a presença estatal nas concessões de infraestrutura, inclusive no pré-sal. "Falta poupança interna para a União fazer frente aos investimentos em parceria com o setor privado", diz ele, que destacou também o desafio da qualificação da mão de obra e sugeriu transformações na política internacional.

O professor conta que é crescente o interesse de jovens estudiosos norte-americanos pela economia nacional, e que investidores o procuram frequentemente para discutir oportunidades de negócios por aqui.

Em entrevista exclusiva ao Brasil Econômico, Fishlow critica ainda o "excessivo" otimismo do governo, ao mesmo tempo que classifica como "exagerado" o artigo da revista "The Economist", que sugere que a presidente Dilma Rousseff teria desperdiçado oportunidades de crescimento contínuo.

O que é o Brasil na atualidade e quais transformações mais relevantes alteraram seu papel no cenário internacional?


A transformação fundamental ocorreu na década de 90. O fim da inflação representa uma mudança crucial, assim como a consolidação da moeda. Outra coisa é que o país está mais aberto ao comércio internacional. Durante a década de 80, o Brasil tinha a mesma proporção de comércio internacional na renda nacional que Ruanda. Hoje em dia, essa diferença é evidente, em particular no setor agrícola. Apesar de que, de vez em quando, no Brasil não se compreende que a produtividade anual no setor agrícola seja, realmente, muito importante para o país.

domingo, 14 de julho de 2013

BIG BROTHER: somos todos participantes involuntários

por Paulo Franco


O BBB da empresa holandesa Endemol, transmitida no Brasil pela Globo nada mais é do que uma amostra marginal do que é o verdadeiro BIG BROTHER, profetizado por George Orwel, em seu livro 1984. Todos acabariamos, em função dos avanços tecnlógicos, sendo vigiados, controlados. Alguns acham que Orwell errou somente em prever que a violação da privacidade se daria por um estado "totalitário" e não por um país democrático, reconhecido como uma "pátria da liberdade" como os EUA.  Pois eu não tenho a menor dúvida que nem aí, Orwell errou. Ao contrário do que imagina a maioria das pessoas, os EUA é uma democracia "pra lá de relativa". 

A política americana é dominada por 2 partidos, um de direita e outro de extrema direita, e o controle de todo o processo político, bem como de toda a política internacional americana são das grandes empresas, principalmente aquelas ligadas à industria do Petróleo, Armas, Finanças entre outras. Provavelmente as 100 famílias mais ricas do EUA detém mais de 50% de toda a riqueza do planeta. Se dissecar a política americana e a conduta com os direitos universais, basicos, quando entra em choque com o poder central será possível perceber o qual totalitário é o poder estatal.  Isso está muito longe de ser uma legítima democracia que represente a sociedade americana.


sexta-feira, 26 de abril de 2013

Brasil é o país com maior redução do desemprego desde 2008, diz FMI



Alemanha aparece em segundo lugar, com uma diminuição muito próxima da brasileira


O Brasil é o país que acumula maior redução da taxa de desemprego desde 2008, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre os 42 países que já divulgaram os números de 2012 referentes ao mercado de trabalho.

No ano em que estourou a crise financeira internacional, 7,9% da população ativa brasileira estava sem emprego; em 2012, essa proporção passou para 5,5%, o que representa uma queda de 30% na taxa.

Os números do FMI se referem à média de cada ano e vão só até 2012. No entanto, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam que a tendência de queda do desemprego se manteve no início de 2013, apontando a menor taxa para meses de março desde 2002.

Ranking



A Alemanha, no ranking do FMI, aparece em segundo lugar, com uma diminuição muito próxima da brasileira, de 7,6% para 5,5%. O terceiro país da lista é a Bolívia, onde o indicador foi de 6,9% para 5,5%.

A taxa só caiu em 15 dos 42 países analisados. Em Portugal, na Bulgária e na Espanha, o indicador de desemprego mais do que dobrou no período. Na Grécia, mais que triplicou (veja tabela abaixo).

Os Estados Unidos e a Índia são os dois únicos países, entre as maiores economias, que não estão na lista do FMI, por não terem o dado fechado do desemprego médio em 2012.

Mas para os EUA, o FMI tem uma projeção, de que a taxa atingiu 8,1% no ano passado, contra 5,8% em 2012. Já a Índia não conta com os dados oficiais nem com previsões.

Brasil no mundo

Esta é a terceira postagem da série “Brasil no mundo”, em que o blog Achados Econômicos analisa a recém atualizada base de dados do FMI.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Prepare-se para perder dinheiro


"O Capital" deve ser o livro de "cabeceira" de Marc Faber, vejam sua percepção.

O que ocorreu no Chipre pode acontecer em qualquer lugar do mundo, acredita o célebre suíço, que previu a estagnação japonesa

Por Felipe Moreno  02-04-2013


SÃO PAULO - O célebre investidor suíço Marc Faber, famoso por prever estagnação japonesa, avisou em entrevista a rede CNBC: confiscos ao dinheiro depositado em bancos podem se tornar regra em diversos países, inclusive nos desenvolvidos e no Brasil. "Isso vai acontecer em todo o mundo. Você precisa estar preparado para perder de 20% a 30%, e eu acho que você tem sorte se não perder sua vida", alerta.

Crash pode ocorrer no 2o. Sem,
acredita Marc Faber
Isso se deve pelo crescimento das desigualdades sociais nos últimos anos, que ressuscita velhos conflitos entre pobres e ricos. "Há mais pessoas que votam do que trabalham para sobreviver. Se você olhar o que aconteceu no Chipre, basicamente as pessoas com dinheiro perderam dinheiro, seja através de uma expropriação ou impostos maiores", destaca.

Neste momento, 92% de toda a riqueza mundial está nas mãos de 5% da população, lembra Faber. "A maioria das pessoas não possuem ações e não se beneficiam de uma alta do mercado acionário. Elas estão sendo prejudicadas por uma alta do custo de vida, que tem se elevado globalmente nos últimos anos", diz o investidor.

Crash pode vir em breve

Para ele, é importante destacar que as bolsas mundiais pode passar por um crash em breve - já que o mercado está sendo dominado, como um todo, por ações de consumo e pelos mercados de países desenvolvidos, em especial os EUA. "O que me preocupa é que os mercados estrangeiros estão indo muito mal, parece que os EUA são o único jogo disponível no momento", avalia.

Ele destaca que em outros momentos em que havia apenas um mercado indo bem, as coisas acabaram "muito mal" o que faz com que ele fique bastante receoso. "Eu acho que o mercado vai continuar a subir e passar por um crash no verão (quando for inverno no Brasil), não estou vendido no momento por conta da forte impressão de dinheiro, que deve deixar uma alocação ruim de capital", termina.
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texto original publicado no site Infomoney