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terça-feira, 29 de agosto de 2017

DEPOIS DE UMA REDUÇÃO DE 82%, DESMATAMENTO VOLTA A SUBIR FORTE

Por Paulo Franco

Está muito difícil identificar em qual área o retrocesso é maior, neste governo.  O sonho do desmatamento zero, partilhado por muitos ambientalista, simplesmente acabou.  Pelo menos num futuro próximo.

Temos visto violentos retrocesso no plano social, no plano econômico e, como não poderia deixar de ser, no plano ambiental.

O gabinete desse governo é constituído de ministros que são contrários aos objetivos das próprias pastas que ocupam.  Um ministro do trabalho que é contra o trabalhador.  Um ministro da saúde que é contra a saúde pública. Um ministro da Fazenda que é contra uma política econômica que atenda à sociedade.  Um ministro do Ambiente que é contra a preservação do meio ambiente.  E vai por aí, afora.

GRÁFICO I


No gráfico I a seguir vemos a evolução do desmatamento no Brasil nos últimos anos. No ano de 1994 o desmatamento chegou a 15 mil km².  10 anos depois, em 2004, o desmatamento subiu para 28 mil km².

O gráfico II mostra o crescimento em valores absolutos (km²), que foi de 13 mil km² de 1994 para 2004, o que representou um crescimento espantoso de 86% (gráfico III), revelando uma total falta de compromisso com a questão ambiental.

Com uma política mais agressiva de preservação ambiental de forma ampla, incluindo um severo combate ao desmatamento, no período de 2004 a 2014 o Brasil conseguiu trazer o desmatamento na Amazonia de 28 mil km² para 5 mil km², em bases anuais,  conforme mostra o gráfico I. 

GRÁFICO II


A evolução dos dados desses período mostrou uma redução de 23 mil km² de desmatamento em base anual (gráfico II).  Essa redução representou uma variação percentual de -82% (gráfico III).

Com esse desempenho, o Brasil passou a ser elogiado pelas organizações internacional preocupadas com o problema ambiental, principalmente o climático, incluindo a ONU.

Esse desempenho significativo despertou a esperança concreta de se chegar ao "desmatamento zero", sendo comemorados por ambientalistas do Brasil e do mundo todo.

GRÁFICO III


A partir de 2015 a situação mudou radicalmente.  O desmatamento na Amazônia, não só parou de cair, como também passou a crescer aceleradamente.  Dos 5 mil km² ocorridos em 2014, subiu para 8 mil km² em 2016 (gráfico I). E não há nada que demonstre uma trajetória que não seja acelerada de 2017 em diante.

Esse crescimento vertiginoso de 3 mil km² (gráfico II) representa uma variação percentual de 59% em apenas 2 anos.   Se a sociedade não reagir com veemência, esse descaso com o meio ambiente poderá elevar o desmatamento a níveis extremamente altos, comprometendo ou até anulando toda a política adotada com sucesso, nos últimos anos.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Agência Pública: Especial Quilombolas

Por Patrik Camporez Mação e Luísa Torre
Fotos e vídeos de Marcelo Prest


Prisões em série, perseguição e conflitos acossam os quilombolas no norte do Espírito Santo. Nossa reportagem percorreu mais de mil quilômetros para conhecer um cenário onde a violência vem junto com o deserto de eucaliptos


No Sapê do Norte, uma região tomada por plantações de eucalipto no extremo norte do Espírito Santo, 32 comunidades quilombolas vivem sob forte clima de tensão. Nos últimos sete anos, dezenas de descendentes de escravizados africanos foram parar na cadeia sob a acusação de formação de quadrilha ou furto de madeira.

O episódio mais emblemático ocorreu em novembro de 2009: foram presas pela Polícia Militar 39 pessoas na comunidade São Domingos, uma das maiores da região, onde vivem 150 famílias, entre elas mulheres e idosos, e até um morador cego.

A maior parte das prisões ocorre em uma área administrada pela empresa Fibria, líder mundial na produção de celulose branqueada de eucalipto, entre os municípios de Conceição da Barra e São Mateus – mas que é reivindicada pelas comunidades como seu território ancestral. Ao todo, mais de 100 mil hectares de eucalipto deixam as residências “ilhadas” em meio ao que os quilombolas chamam de “deserto verde”, por causa da seca causada pela monocultura.

O começo
A monocultura do eucalipto começou a avançar sobre o território do Sapê ainda na década de 1960, com o apoio do regime militar. A implantação do monocultivo inicialmente foi considerada uma