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segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Agência Pública: Especial Quilombolas

Por Patrik Camporez Mação e Luísa Torre
Fotos e vídeos de Marcelo Prest


Prisões em série, perseguição e conflitos acossam os quilombolas no norte do Espírito Santo. Nossa reportagem percorreu mais de mil quilômetros para conhecer um cenário onde a violência vem junto com o deserto de eucaliptos


No Sapê do Norte, uma região tomada por plantações de eucalipto no extremo norte do Espírito Santo, 32 comunidades quilombolas vivem sob forte clima de tensão. Nos últimos sete anos, dezenas de descendentes de escravizados africanos foram parar na cadeia sob a acusação de formação de quadrilha ou furto de madeira.

O episódio mais emblemático ocorreu em novembro de 2009: foram presas pela Polícia Militar 39 pessoas na comunidade São Domingos, uma das maiores da região, onde vivem 150 famílias, entre elas mulheres e idosos, e até um morador cego.

A maior parte das prisões ocorre em uma área administrada pela empresa Fibria, líder mundial na produção de celulose branqueada de eucalipto, entre os municípios de Conceição da Barra e São Mateus – mas que é reivindicada pelas comunidades como seu território ancestral. Ao todo, mais de 100 mil hectares de eucalipto deixam as residências “ilhadas” em meio ao que os quilombolas chamam de “deserto verde”, por causa da seca causada pela monocultura.

O começo
A monocultura do eucalipto começou a avançar sobre o território do Sapê ainda na década de 1960, com o apoio do regime militar. A implantação do monocultivo inicialmente foi considerada uma

terça-feira, 15 de outubro de 2013

"Ainda bem que hoje eu não tenho de comer calango"

O nordeste brasileiro vive desde 2011 a pior seca dos últimos 30 anos, dizem o técnicos da área.  Os 500 reservatórios encontram abaixo de 30% da capacidade, denotando a gravidade da situação.  Tendo em vista este cenário,  é oportuno uma releitura da matéria, longa mas bastante esclarecedora, que mostra a questão da fome no Brasil, particularmente no nordeste, publicada pela Revista Veja em maio de 1998.

Espero que as pessoas se sensibilizam do sofrimento desse povo que, como relata a matéria, foram abandonados por todos os governos  por séculos e reconheçam a importancia de programas que visam atenuar esse sofrimento como o bolsa família, a transposição do Rio São Francisco, Mais Médicos e outros que visam a diminuição das desigualdades regionais.
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O FANTASMA DA FOME


Desamparados pelos governos e à mercê da chuva que não vem, centenas de milhares de brasileiros vivem sob a ameaça de não ter o que comer no dia seguinte.


O nome é Vicente. Tem 14 anos e vive com a família em Acari, cidade do Rio Grande do Norte. A grande seca deixou os pais e os irmãos de Vicente com um problema: comer. Vicente é um menino esperto, de olhos vivos. Tem inteligência incomum e visão das coisas surpreendentemente madura para um rapaz da sua idade. Sua experiência de vida, em Acari, é muito diferente da que tiveram os adolescentes que vivem no sul do país. Já saqueou lojas, no meio da multidão. Seu pai estava junto dele nesses ataques. Vicente defende o saque dizendo que a pessoa com fome tem o direito de se apropriar da comida, seja ela de quem for, esteja onde estiver. 

 O personagem descrito nas dezoito linhas acima saqueou armazéns no distante ano de 1970. Hoje tem 42 anos de idade, mas ainda conserva o apelido da infância, Vicentinho. Vicente Paulo da Silva, o presidente da Central Única dos Trabalhadores, metalúrgico há muitos anos e brasileiro com origem e história que estão longe de constituir exceção. Neste exato momento, milhares de Vicentinhos estão experimentando a mordida da fome no semi-árido nordestino.
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Ainda comem regularmente, mas comem pouco, muito menos do que gostariam ou, mais grave, do que necessitam para se manter medianamente nutridos. A situação na área seca do Nordeste é tenebrosa. A fome está apenas começando em alguns municípios mais castigados. Mas deve piorar. Não há sinal de chuva, nem previsão de que venha. E a assistência emergencial, montada pelas autoridades, especialmente as de Brasília, só começou a ser planejada quando o problema ficou sério e chegou ao noticiário. Exatamente como aconteceu no caso do incêndio em Roraima.