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quarta-feira, 21 de março de 2018

Por que economista do MIT diz que os EUA estão cada vez mais parecidos com a Argentina

Por Gerardo Lissardy da BBC em Nova York

A América Latina conhece bem sociedades em que há um enorme abismo entre ricos e pobres, mas o economista Peter Temin acredita que esse fenômeno alcança cada vez mais a maior economia do mundo: os Estados Unidos.

Peter Temin
Economista baseia sua análise no modelo de economia dual criado por W. Arthur Lewis nos anos 1950 | Foto: Melanie T. Mendez
Professor de Economia do prestigiado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), ele faz uma comparação com um país latinoamericano em particular. "Minha sensação é que estamos ficando mais parecidos com a Argentina", diz ele.

Seu paralelo vai além do potencial econômico de duas grandes nações com recursos naturais, que conseguiram desenvolver suas classes médias, e atinge também a política, com as fórmulas aplicadas pelo líder argentino Juan Domingo Perón no século passado e que hoje o presidente americano, Donald Trump, ensaia adotar.

Autor de The Vanishing Middle Class: Prejudice and Power in a Dual Economy (A Classe Média em Extinção: Preconceito e Poder em uma Economia Dual, em tradução livre), obra eleita uma das melhores da área econômica de 2017 pelo jornal britânico Financial Times, Temin acredita que o problema dos Estados Unidos remonta aos tempos em que o país surgiu, como explica na entrevista a seguir.

BBC Mundo - O senhor defende haver dois países diferentes dentro dos Estados Unidos. Pode explicar melhor essa ideia?

Peter Temin - O ponto crucial foi nos anos 1970. Antes disso, os salários haviam aumentado com a produtividade. Dali em diante, por quase 50 anos, os salários reais (descontada a inflação) têm permanecido estáveis nos Estados Unidos.

Ainda que a economia tenha se expandido, a expansão foi para os ricos, o que chamo de setor FTE (as indústrias de finanças, tecnologia e eletrônica), aproximadamente 20% da população. E a classe média está desaparecendo.

É uma mistura de fatores econômicos, tecnologia, crescente globalização e política.

Acampamento de pessoas sem-teto na Califórnia
Temin avalia que os EUA são cada vez mais um país de pobres e ricos

BBC Mundo - Quão profundo é esse problema?

Temin - A forma como isso se deu nos Estados Unidos remonta ao fim do século 17 e à escravidão. Lutamos uma guerra civil por isso. Mas não acabamos com o preconceito contra pessoas de descendência africana.

A fúria da classe média e dos pobres que estão sendo deixados de fora do crescimento econômico se desviou dos aspectos econômicos para o racismo. É dizer aos brancos pobres que ao menos eles estão melhor que os negros pobres.

BBC Mundo - Pode dar alguns dados que ilustram esse fenômeno?

Temin - Os números do livro vão de 1970 a 2014 e se baseiam em um estudo do instituto de pesquisas Pew. A classe média passou de representar 62% da renda agregada dos Estados Unidos para representar 43%. Essa é a classe média que desaparece. Enquanto os mais ricos, do setor FTE, passaram a representar de 29% a 49%.

Politicamente, há um conjunto ainda menor de pessoas que é dominante. A eleição de 2016, que é problemática, é parte dessa fúria da qual falava. O presidente Trump não ganhou pelo voto popular, perdeu por três milhões de votos. Mas ganhou no sistema de colégios eleitorais de nosso sistema federal. Isso se deve à quantidade de dinheiro envolvido na política americana.

São aqueles que fazem parte do 1% da população que têm a maior renda, os plutocratas, que tomam as decisões políticas.

BBC Mundo - Mas Trump diz que os níveis de desemprego entre hispânicos e afroamericanos estão entre os mais baixos da história...

Temin - Sim, porque a economia cresce, e alguns conseguem trabalho. Mas essas taxas de desemprego são mais elevadas que aquela entre os brancos. Ainda que a expansão econômica seja boa para todos, porque isso faz com que as empresas precisem de mais trabalhadores.

Um dos problemas neste momento, no entanto, é que o governo de Trump tem permitido muita concentração nas indústrias e não tem aplicado as regras contra monopólio. É uma opção política. Então, as empresas se juntam e, ainda que necessitem de mais mão de obra, não querem pagar salários mais altos.

Bolsa de valores de Nueva York
O setor financeiro é um dos que se beneficiou da expansão econômica americana nas últimas décadas
Como resultado, o número de empregos aumenta, mas a pressão para elevar os salários não obtém muito sucesso. Ainda que haja pequenos aumentos, não são o bastante para elevá-los à mesma proporção da renda de há 50 anos.

BBC Mundo - É possível comparar a situação dos Estados Unidos com a da América Latina, a região mais desigual do mundo?

Temin - Minha sensação é que estamos ficando cada vez mais parecidos com a Argentina. No entanto, quando dei um seminário sobre isso no MIT, um dos meus estudantes disse: "Isso se parece com o Brasil".

Falo Argentina porque, há um século, era um dos dez países mais ricos do mundo. E a política tornou-se muito antagônica entre dois diferentes grupos da população. Os líderes do país tomaram decisões ruins, como ter se voltado para dentro de si com Perón durante a expansão da economia global após a Segunda Guerra Mundial.

E o que acontece agora nos Estados Unidos é o mesmo, voltando-se para dentro, ignorando o que ocorre no resto do mundo. Isso me parece ser o paralelo mais próximo: um grande país com recursos naturais adequados, que exportou com sucesso... Quase três quartos de séculos atrás, a tecnologia era muito diferente, mas a política parece ser muito similar.

Uma das coisas que não explorei em detalhe, mas que está se tornando mais evidente, é que a corrupção, que tem sido um ponto importante da política na Argentina, no Brasil etc, está vindo para os Estados Unidos. Há governos em que há conflitos de interesse, que recebem o apoio de indústrias que deveriam regular.

BBC Mundo - Como podemos comparar o que ocorre agora nos Estados Unidos com o peronismo na Argentina?

Temin - Há uma grande diferença: que a Argentina atravessou um período muito ruim de violência entre vários grupos. Nós não chegamos tão longe. Mas diria que os paralelos que vejo se resumem a dois aspectos.

Um é que Perón tendeu a favorecer um grupo da população sobre os outros. O segundo é que ele desenvolveu o país internamente em vez de torná-lo uma economia mundial. E é isso que Trump parece estar tentando fazer atualmente.

Protesto contra o presidente Donald Trump na Califórnia
Temin enfatiza que os impostos e a educação são chaves para reduzir a desigualdade social

BBC Mundo - E como se compara a desigualdade nos Estados Unidos com as de outros países?

Temin - Tem um nível mais alto que em outros países europeus, mas não acredito que seja tão alto quanto nos latinoamericanos. Mas, na Europa, a direita está ganhando poder político, em uma espécie de paralelo com os Estados Unidos.

Lá, o preconceito não é com os negros, mas com os muçulmanos, refugiados do Oriente Médio. Há um contexto racial ou religioso. É mais comparável aos latinos nos Estados Unidos do que aos negros, porque são imigrantes recentes.

BBC Mundo - O que recomenda para reduzir a desigualdade nos Estados Unidos ou na América Latina?

Temin - Uma vez que essa situação se instaura, é muito difícil sair dela. Suponho que a experiência da América Latina ilustra isso. Dado que nós levamos 50 anos para chegar aonde estamos, sinto que poderia levar 50 anos para sair disso.

O primeiro passo é eleger um governo que queira fazer isso, se for possível. O governo atual nos Estados Unidos é muito favorável aos ricos. O corte de impostos aprovado no fim de 2017 favorece os mais ricos. Isso precisa ser revertido.

O segundo é a educação, para superar os preconceitos e dar às pessoas capacidade de que possam chegar à classe alta. Nos Estados Unidos, o setor FTE tem uma boa educação. Mas, abaixo disso e especialmente dentro de nossas cidades, a educação pública é terrível.

Isso significa que a mobilidade em termos de renda é restrita, porque, se você nasce pobre, é muito difícil chegar aos círculos mais altos. Então, precisamos de muito mais recursos para a educação dos mais pobres.
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Fonte: BBC

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Próxima do calote, Grécia fecha bancos e controla saques



"é praticamente certo que a Grécia não conseguirá pagar o FMI."
"O risco de o país deixar a zona do euro cresceu significativamente. Tanto a Europa quanto a Grécia enfrentaram turbulências, já que nem um nem outro está no controle da situação"  (Gavin Hewitt)
Decreto do governo grego provocou uma corrida aos caixas eletronicos do país


A zona do euro - formada por 19 países - está enfrentando a mais grave crise em seus 16 anos de história com o iminente calote da Grécia, que tem até terça-feira para pagar 1,6 bilhão de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
O risco da saída da Grécia da zona do euro e da União Europeia aumentou consideravelmente após vários impasses nas negociações entre líderes europeus e o governo grego. 
Depois que o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que não ampliaria seu fundo emergencial ao país, o governo grego decidiu fechar seus bancos durante a semana e limitar os saques nos caixas automáticos a 60 euros (US$ 66) por dia.

No fim de semana, as autoridades gregas já haviam anunciado que os bancos já não abririam na

quarta-feira, 6 de março de 2013

América Latina es "la región más desigual del mundo"


       
              por Gilberto Lopes - San José  (BBC-Mundo)




Una familia pobre en América Latina.
El informe asegura que diez de los quince países más desiguales están en la región.


América Latina y el Caribe "conforman la región más desigual del mundo" y esa desigualdad no sólo es alta, sino también muy persistente, concluyó el Informe Regional presentado en San José, Costa Rica, por el Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo (PNUD), que busca no sólo comprender las causas de este fenómeno, sino también ofrecer soluciones.
De acuerdo al estudio, 10 de los 15 países más desiguales del mundo "pertenecen a esta región".
La desigualdad se puede medir con el "coeficiente de Gini", utilizado habitualmente por este tipo de estudios. Varia de cero a uno, siendo el cero la igualdad absoluta y, el uno, la mayor disparidad posible.
En América Latina los dos países con el índice más bajo, los más igualitarios, son Uruguay y Costa Rica, con 0,45 y 0,47 respectivamente. En el otro extremo, Haití y Bolivia trepan hasta 0,59 y 0,6. Es decir, son aquellos donde la desigualdad es mayor.
El estudio destacó además de las brechas visibles entre los países en términos de desarrollo humano, la que existe dentro de cada país.

¿Cómo combatir esa desigualdad?

El Informe destaca la importancia del "logro educativo" en el combate a la desigualdad. Pero añade que el gasto social del Estado en salud, nutrición e infraestructura, contribuyó también, en la última década, de forma significativa a reducirla.

terça-feira, 5 de março de 2013

El secreto de Venezuela en su lucha contra la pobreza

Juan Paullier - BBC Mundo, Caracas


Para los partidarios de Hugo Chávez, probablemente sea uno de los datos más halagadores.




Venezuela es el segundo país de América Latina donde más se ha reducido la pobreza en los últimos 12 años, detrás de Ecuador, que entre 1991 y 2010 la redujo en 26,4%.   La tendencia regional registró los niveles más bajos de pobreza e indigencia en dos décadas, según la Comisión Económica para América Latina y el Caribe (Cepal).


El 27,8% de los 29 millones de venezolanos viven por debajo de la línea de pobreza. Cuando el presidente Chávez llegó al poder en 1999, era el 49,4%.   Las cifras concuerdan con el discurso de "justicial social" de Chávez pero, contrariamente a lo que se podría pensar, no son consecuencia directa de las llamadas "misiones" (programas sociales).

"A lo que más se atribuye la disminución de la pobreza (en Venezuela) –le dice a BBC Mundo Martín Hopenhayn, director de la División de Desarrollo Social de la Cepal– es al aumento de los ingresos laborales, mucho más que a los programas de transferencias".


Las razones

Detrás del caso venezolano hay beneficios extraordinarios por los precios del petróleo, mejoría en los ingresos laborales y mayor distribución de las rentas.   A diferencia de otros países, donde se atribuye al crecimiento económico las mejoras en los niveles de pobreza, en Venezuela la distribución cobró mayor protagonismo.

Mientras que en Argentina el 80% de la variación se debió al crecimiento y el 20% a la distribución, esos porcentajes alcanzaron en Venezuela el 45% y el 55% respectivamente, una de las más altas en la región.
Para el gobierno venezolano la clave pasa por las "misiones", con las que aspiran a tener "en la próxima década cero pobreza", según el vicepresidente Elías Jaua.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Estados Unidos é país com mais pobres do 'clube dos ricos'

por Pablo Uchoa (Da BBC Brasil em Washington)


James Haskins trabalha como voluntário em almoço de Ação de Graças
 para a população carente.

Em um salão bem-iluminado e de tijolos aparentes, com fotos ilustrando as paredes e um quadro a óleo de Martin Luther King sobre um piano recostado a um canto, um voluntário dispõe pratos de sobremesa com fatias de tortas de abóbora e batata-doce sobre mesas comunitárias.

Guardanapos coloridos e arranjos de cartolina imitando abóboras marcam os assentos para a última leva de comensais que vieram para o almoço especial de Dia de Ação de Graças oferecido gratuitamente pela organização SOME (So Others Might Eat – "Para que outras possam se alimentar", em tradução livre), em Washington.

Em geral ausente do debate público – até, surpreendentemente, em ano de campanha eleitoral –, a situação dos mais necessitados reaparece, sazonalmente, no feriado que comemora a primeira refeição comum dos peregrinos e povos nativos que fizeram a história deste país.

Mas para organizações como esta, a preocupação nunca sai do radar. Este refeitório que servia, antes da crise econômica, em torno de 200 mil refeições por ano – café da manhã e almoço –, hoje serve quase 250 mil. A demanda subiu proporcionalmente à crise do emprego, que empurrou milhões de americanos para a pobreza.

Segundo os números do censo, os Estados Unidos tinham 46,2 milhões de pobres em 2011, o equivalente a 15% da sua população. Em 2009, o nível era de 13,2%.

De acordo com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o país mais rico do mundo é também, dentro do clube dos ricos, o que conta com a maior proporção de pobres.
Pobre país rico

Há várias faixas de renda para a definição de quem é ou não pobre nos EUA. Para um indivíduo e um casal com dois filhos, por exemplo, o nível de pobreza é definido por ganhos anuais de até US$ 11.702 e US$ 22.811, respectivamente.

O presidente Obama trabalhou em um refeitório da SOME em 2010.

Rendas inferiores a 50% destas faixas configuram pobreza aguda ("deep poverty"), dentro da qual estão 6,6% da população – o equivalente a 20,4 milhões de pessoas – contra 6,3% em 2009.

Um estudo recente da organização National Poverty Center identificou inclusive um contingente de 1,46 milhão de famílias – com 2,8 milhões de crianças – vivendo em pobreza extrema segundo as definições do Banco Mundial, ou seja, com menos de US$ 2 por pessoa por dia em um determinado mês.

Especialistas ressalvam que parte desses efeitos negativos é compensada por assistência que não entra nas estatíticas de renda, tais como a distribuição de vale refeições, moradia e deduções fiscais.

Austin Nichols, do instituto de pesquisa Urban Institute, em Washington, estima que se os vale-refeições e isenções fiscais fossem contabilizados, os EUA teriam 9,6 milhões de pobres a menos.

"De certa forma, isso faz com que os pobres nos EUA estejam em uma situação melhor que em outros países", disse Nichols à BBC Brasil, falando por telefone de Roma, onde participava de uma conferência da ONU sobre a fome.

"A razão para isso é que nosso sistema de benefícios se afastou das transferências de renda, nas quais os países europeus se apoiam mais que os EUA."

Mas infelizmente, escreve Nichols em sua análise, muitas medidas deste tipo, erguidas para conter os efeitos da crise econômica no seu início, estão expirando.

E ao longo deste ano, enquanto muito se falou dos incentivos para a classe média e o corte ou não de impostos para os mais ricos, poucas vezes foi mencionada a carência das pessoas que mais dependem delas.

Dificuldades

Funcionário prepara mesas de refeitório da organização 
beneficente americana Some

Algumas horas visitando entidades como a SOME indicam o tamanho do desafio. Além do refeitório, a organização oferece uma miríade de serviços para os mais pobres, incluindo duchas gratuitas, doações de roupas, sapatos e comidas, serviços de saúde primária, dental e mental, e assistência com a busca de moradias e serviços sociais.

James Haskins, que faz parte de uma igreja Batista em Maryland e esteve entre os voluntários no Dia de Ação de Graças, diz que as necessidades dos mais pobres não são apenas materiais.

"Não é apenas uma questão de falta de comida, ou de moradia, ou de ter o que comer", disse Haskins, ao lado de uma foto que mostra o presidente Barack Obama servindo almoço naquele mesmo refeitório, em 2010.

"Para eles, é uma questão de tentar fazer parte de alguma coisa, saber que podem contar com alguém".

A porta-voz da entidade, Nechama Masliansky, disse à BBC Brasil que a organização atende anualmente a 10 mil indivíduos diferentes, que utilizam seus serviços em muitos casos inúmeras vezes na semana.

A pobreza persistente ainda é um problema relativamente pequeno nos EUA, e muitos acabam se encontrando nesta situação após perder o emprego ou a capacidade de trabalhar. A falta de moradias acessíveis em cidades como a capital federal empurram famílias inteiras para as ruas.

Aos 48 anos, o ex-pedreiro Edward Fischer, hoje com 60, teve um ombro deslocado em um acidente. Passou quatro anos vivendo na casa da mãe e não conseguia retornar ao trabalho – até processar o antigo empregador e conseguir verba suficiente para pagar as contas e conseguir viver no seu próprio lar.

"Já cheguei a vir neste refeitório várias vezes por semana", disse Fischer, em meio a garfadas. "Hoje, ainda venho de vez em quando."

Longo prazo

Pintura de Martin Luther King decora refeitório,
 em Washington.

Nichols escreve que em 2009 e 2010, apenas 4,8% dos pobres permaneceram nesta situação por todos os 24 meses. Mas uma das características da mais recente crise econômica são os longos períodos em que os trabalhadores passam desempregados.

Em agosto último, 40% dos desempregados passavam mais de seis meses sem trabalho – o tempo do recebimento do seguro-desemprego regular. Nunca, desde os anos 1960, o percentual superou muito mais que 25%.

Para os especialistas, uma das consequências mais perversas desta pobreza persistente é o efeito que terá sobre as gerações futuras.

"Crianças criadas sob o espectro da pobreza são mais suscetíveis a continuar pobres, abandonar a escola, ter gravidez indesejada na adolescência e viver instabilidades no mercado de trabalho", diz outro estudo do Urban Institute.

Nos EUA, a pobreza atinge 22% das crianças – sendo que entre as crianças negras o percentual chegava a 37,4% em 2011. De certa forma, é um reflexo da pobreza entre mães solteiras chefes de família, que superava 31%.

Nichols vê nesses dados um risco à possibilidade de mobilidade social que deu início ao sonho americano.

Ele diz que, enquanto a classe média ou mesmo uma parte dos pobres ainda pode almejar a subir na pirâmide da sociedade, os 10% no chão da linha da pobreza já nascem, virtualmente, com o futuro selado de continuar sendo pobre.