Por João Vitor dos Santos
“A saída não está na economia. Não está nem mesmo na política. Mas, sim, na revolução de uma mente humana para fazer uma nova política e uma nova economia”
Ajuste fiscal, corte de gastos e elevação da taxa de juros. São medidas emergenciais, quase que como água para apagar labaredas. É nessa linha que vai a reflexão do ex-reitor da Universidade de Brasília – UNB e senadorCristovam Buarque. Para ele, a crise no Brasil é maior do que esse incêndio político e econômico e precisa de mudanças mais profundas. Aliás, é um momento não só do Brasil, mas também mundial. O que acontece com o Brasil e alguns países da Europa ainda são apenas sintomas de uma doença maior.
Para Cristovam, essa patologia pode ser denominada “crise do humanismo”. “No passado, tínhamos a crise docapitalismo, tínhamos a crise do socialismo. Mas, agora, é uma crise da civilização industrial. Civilização que contém o capitalismo e o socialismo. Mais do que uma crise de como organizar a sociedade e a economia, é uma crise de para onde devemos ir”, explica em entrevista concedida por telefone à IHU On-Line.
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Pensar um novo humanismo, para o senador, passa essencialmente pelo debate da educação. Porém, foge a críticas monocórdicas de que faltam investimentos na escola.Cristovam traz à luz um conceito de educação que reúne escola, família e mídia. “A santíssima trindade da educação é a mídia, a família e a escola”, completa. Acredita que é na família e pelo advento dos meios de comunicação que se inicia uma relação diferente com o mundo. Na “santíssima trindade” é essencial a busca pelo fim do consumo. Debate que vai para além do binarismo socialismo x capitalismo. “Vimos que o Estado não foi eficiente na União Soviética e estamos vendo que o mercado não é eficiente, sobretudo depois da crise de 2008”, explica, ao defender a constituição de um novo ser humano através das novas gerações.