terça-feira, 18 de outubro de 2016

O nascimento e o crescimento de um grande líder

Por Paulo Franco

"O sindicalismo a gente faz para melhorar a relação entre capital e trabalho. Política a gente faz para transformar a sociedade." (Lula)

Liderança não é fruto de uma decisão racional, ou simplesmente de um esforço, de uma vaidade, de sede de poder.

Um liderança, é obvio, depende da vontade, da determinação, do apego ao pode mas depende fundamentalmente da necessidade de reconhecimento, vontade de servir aos liderados e de talento nato, conhecido como "dom".

Quanto maior for esse talento, maior será a força dessa liderança. Quanto maior for a identificação e a resposta aos anseios dos liderados, maior será a força dessa liderança.

A liderança não é uma decisão da noite para o dia e nem em um mês ou um ano. A liderança forte é formando ao longo do tempo, paulatinamente, numa trajetória onde vão sendo reconhecida a competência, a credibilidade, a fidelidade.

Um lider forte, não impõe seus objetivos, seus sonhos, sua missão. Um lider forte, é aquele que se coloca como um facilitados dos anseios e dos sonhos dos liderados. É um encorajador, é aquele que vai na frente mostrando não se omitindo dos riscos por maior que sejam. 

É aquele que em cada momento dessa caminhada, dada sua sensibilidade apurada, oriente o grupo a melhor alternativa entre avançar e recuar, entre ir para a direita ou para a esquerda, ir mais rápido ou mais devagar.

Em resumo, o grande líder não é aquele que impõe sua vontade, mas aquele que cumpre a vontade daqueles que o escolheu para unir a todos num mesmo objetivo, numa mesma trajetória.




sábado, 15 de outubro de 2016

Ensinar, uma atividade tão antiga, quanto nobre e perigosa

Por Paulo Franco







Falar de mestres e professores é fácil e prazeroso, principalmente nos dias atuais e num país como o Brasil.

A opção pela carreira de professor é um verdadeiro sacerdócio, que não prescinde de dedicação, obstinação e muito amor pela atividade.

O professor ou mestre tem uma função singular em nossas vidas.  Ele não só compartilha conhecimentos, ele é um verdadeiro agente transformador, na medida em que nos ensina a pensar, a refletir, a questionar.

E é exatamente nessa dimensão de estimular o pensar, o questionar, o refletir é que reside o aspecto mais nobre de sua ação como também a mais árdua e perigosa. 

Quando o mestre atua dessa forma, ele é um verdadeiro multiplicador de transformadores, pois quando ele planta essa semente transformadora em cada criança, em cada adolescente e em cada jovem,  está transformando a sociedade e criando muitos outros agentes de mudança. 

Não há desenvolvimento social, cultural, científico e tecnológico sem um corpo de professores de alta qualidade, reconhecida e valorizada pela sociedade e pelas autoridades governamentais. 

E é também essa natureza transformadora e revolucionaria, responsável pelas mudanças e pelo desenvolvimento, que incomoda e assusta os poderes vigentes em qualquer lugar e em qualquer tempo. 

A história nos mostra que, sendo a atuação do mestre (educação) um fator de mudança, de transformação, ela representa um perigo, portanto não deve ser estimulada, mas sim reprimida.

Temos centenas, ou quem sabe milhares, de mestres que foram condenados a morte exercendo sua missão de compartilhar conhecimento, incentivar a duvida, o questionamento, a reflexão e a busca da verdade.   Eu selecionei 5 exemplos emblemáticos ao longo da história: 

  • Sócrates, um dos mais antigos mestres e cujas reflexões continuam vivas até hoje,  foi condenado a morte por envenenamento, tomando sicuta, 
  • Jesus Cristo, o mestre dos mestres para os cristãos,  foi torturado e condenado a morte por crucificação.  
  • Hypatia de Alexandria, foi uma mestra da matemática e astronomia no século IV DC  sendo  morta, por esfolamento,  em meio ao violento conflito existente na época  entre pagãos e cristãos, governo e igreja.  
  • Giordano Bruno, frade dominicano do século XVI, mestre de teologia e filosofia, foi condenado à morte na fogueira, pela própria igreja católica, por questionar alguns de seus dogmas. 
  • Martin Luther King, pastor americano, um grande mestre, não só do cristianismo, mas também de humanismo, pregando a igualdade entre as pessoas. Foi assassinado em 1968 por um racista. 
 A grande maioria dos professores, principalmente em países subdesenvolvidos como o Brasil,  são marginalizados, oprimidos e reprimidos, pelo poder público e muitas vezes, pelos próprios alunos. 







quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Desvendando Moro

Por Rogério Cezar de Cerqueira Leite

A história tem muitos exemplos de justiceiros messiânicos como o juiz Sergio Moro e seus sequazes da Promotoria Pública.  Um deles é Girolamo Savanarola, jovem que agiganta-se contra a corrupção da aristocracia e da igreja. 
A corrupção é quase que apenas um pretexto. Moro não percebe, em seu esquema fanático, que a sua justiça não é muito mais que intolerância moralista.
E que por isso mesmo não tem como sobreviver, pois seus apoiadores do DEM e do PSDB não o tolerarão após a neutralização da ameaça que representa o PT. Como aconteceu com Savanarola, morto na fogueira pelo papa Alexandre 6o. após eliminar o incômodo florentino.




O húngaro George Pólya, um matemático sensato, o que é uma raridade, nos sugere ataques alternativos quando um problema parece ser insolúvel.

Um deles consiste em buscar exemplos semelhantes paralelos de problemas já resolvidos e usar suas soluções como primeira aproximação. Pois bem, a história tem muitos exemplos de justiceiros messiânicos como o juiz Sergio Moro e seus sequazes da Promotoria Pública.

Dentre os exemplos se destaca o dominicano Girolamo Savonarola, representante tardio do puritanismo medieval. É notável o fato de que Savonarola e Leonardo da Vinci tenham nascido no mesmo ano. Morria a Idade Média estrebuchando e nascia fulgurante o Renascimento.

Educado por seu avô, empedernido moralista, o jovem Savonarola agiganta-se contra a corrupção da aristocracia e da igreja. Para ele ter existido era absolutamente necessário o campo fértil da corrupção que permeou o início do Renascimento.

Imaginem só como Moro seria terrivelmente infeliz se não existisse corrupção para ser combatida. Todavia existe uma diferença essencial, apesar das muitas conformidades, entre o fanático dominicano e o juiz do Paraná -não há indícios de parcialidade nos registros históricos da exuberante vida de Savonarola, como aliás aponta o jovem Maquiavel, o mais fecundo pensador do Renascimento italiano.

É preciso, portanto, adicionar um outro componente à constituição da personalidade de Moro -o sentimento aristocrático, isto é, a sensação, inconsciente por vezes, de que se é superior ao resto da humanidade e de que lhe é destinado um lugar de dominância sobre os demais, o que poderíamos chamar de "síndrome do escolhido".

Essa convicção tem como consequência inexorável o postulado de que o plebeu que chega a status sociais elevados é um usurpador. Lula é um usurpador e, portanto, precisa ser caçado. O PT no poder está usurpando o legítimo poder da aristocracia, ou melhor, do PSDB.

A corrupção é quase que apenas um pretexto. Moro não percebe, em seu esquema fanático, que a sua justiça não é muito mais que intolerância moralista. E que por isso mesmo não tem como sobreviver, pois seus apoiadores do DEM e do PSDB não o tolerarão após a neutralização da ameaça que representa o PT.

Savonarola, após ter abalado o poder dos Médici em Florença, é atraído ardilosamente a Roma pelo papa Alexandre 6º, o Borgia, corrupto e libertino, que se beneficiara com o enfraquecimento da ameaçadora Florença.

Em Roma, Savonarola foi queimado. Cuidado Moro, o destino dos moralistas fanáticos é a fogueira. Só vai vosmecê sobreviver enquanto Lula e o PT estiverem vivos e atuantes.

Ou seja, enquanto você e seus promotores forem úteis para a elite política brasileira, seja ela legitimamente aristocrática ou não.
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ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE *, físico, é professor emérito da Unicamp e membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do Conselho Editorial da Folha*

FONTE: Folha de SP

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Agência Pública: Especial Quilombolas

Por Patrik Camporez Mação e Luísa Torre
Fotos e vídeos de Marcelo Prest


Prisões em série, perseguição e conflitos acossam os quilombolas no norte do Espírito Santo. Nossa reportagem percorreu mais de mil quilômetros para conhecer um cenário onde a violência vem junto com o deserto de eucaliptos


No Sapê do Norte, uma região tomada por plantações de eucalipto no extremo norte do Espírito Santo, 32 comunidades quilombolas vivem sob forte clima de tensão. Nos últimos sete anos, dezenas de descendentes de escravizados africanos foram parar na cadeia sob a acusação de formação de quadrilha ou furto de madeira.

O episódio mais emblemático ocorreu em novembro de 2009: foram presas pela Polícia Militar 39 pessoas na comunidade São Domingos, uma das maiores da região, onde vivem 150 famílias, entre elas mulheres e idosos, e até um morador cego.

A maior parte das prisões ocorre em uma área administrada pela empresa Fibria, líder mundial na produção de celulose branqueada de eucalipto, entre os municípios de Conceição da Barra e São Mateus – mas que é reivindicada pelas comunidades como seu território ancestral. Ao todo, mais de 100 mil hectares de eucalipto deixam as residências “ilhadas” em meio ao que os quilombolas chamam de “deserto verde”, por causa da seca causada pela monocultura.

O começo
A monocultura do eucalipto começou a avançar sobre o território do Sapê ainda na década de 1960, com o apoio do regime militar. A implantação do monocultivo inicialmente foi considerada uma

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Modelo neoliberal do PMDB/PSDB mostra seu efeito devastador

Por Paulo Franco


Arrecadação tributária em ladeira abaixo.  A queda de 10%  em agosto foi a pior em 7 anos


A missão é reduzir a inflação para baixo de 4%.  Como se apenas um índice econômico fosse o único para ser gerenciado.  Pior ainda, é que esse índice embora alto, vinha numa estabilidade, sem precedentes na história recente do país, ao redor de 6%.   Vale a pena levar a economia do país ao fundo do posso, com consequências sociais devastadoras? 



A estratégia adotada é o modelo neoliberal, que sempre foi a adotada pelo PSDB e demais partidos de direita e agora com total cooptação do PMDB.  Com certeza essa estratégia é adotada porque a conta é paga pelas classes baixas, preservando a renda e o patrimônio das classes altas. 

A receita no modelo econômico neo liberal é (i) diminuir gastos e investimentos públicos, principalmente os investimentos sociais (educação e saúde), sem diminuir os gastos com a classe empresarial, como juros subsidiados para empréstimos e altos juros para aplicação nos títulos públicos, (ii) aumentar juros ou mantê-los altos para diminuir o nível de atividade econômica sem limites até que os preços respondam e a inflação atinja a meta estabelecida. 














As consequências são: (i) Queda na produção das empresas (bancos são imunes). (ii)  Aumento no rombo fiscal, com a queda na arrecadação tributária; (iii) Aumento da divida pública, como consequência da queda da arrecadação; (iv) Aumento do desemprego; (iii) Queda na renda do trabalhador. 

O plano já está a todo vapor e as consequências já aparecem de forma nítida, tanto na queda da produção, como na queda da arrecadação, no aumento explosivo do rombo fiscal, no aumento do desemprego, e também, na queda da renda do trabalhador. 


E quem vai pagar o PATO (da FIESP), ou melhor,  a conta será o trabalhador, o pobre, que por ironia e vitima da manipulação da midia e de seus superiores no trabalho, apoiaram a queda de Dilma e , consequentemente, a entrada desse modelo perverso para ele mesmo.