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domingo, 13 de junho de 2021

Brasil perde 24 árvores por segundo em 2020 enquanto alertas de desmatamento explodem

Texto de Regiane Oliveira (El País)
Vídeo de André Trigueiro (JN Globo) 


Entre meados de 2018 e o início de 2021, apenas 5% da área desmatada teve alguma ação do Ibama (multas ou embargos, por exemplo), um número que correspondeu a apenas 2% dos avisos de desmatamento em todo o país


O Ibama, órgão de fiscalização ambiental brasileiro, falhou em chegar a quase todos os alertas de desmatamento feitos pelos satélites que monitoram as áreas de floresta brasileira nos últimos anos. É o que apontam dados do Projeto MapBiomas, uma rede colaborativa de especialistas do país, que analisa estes alertas e acompanha o desmatamento, que vem aumentando no Brasil. 

Entre meados de 2018 e o início de 2021, apenas 5% da área desmatada teve alguma ação do Ibama

domingo, 10 de novembro de 2019

Steve Bannon: Lula é 'maior ídolo da esquerda globalista do mundo'

Por Ricardo Senra


Em entrevista exclusiva à BBC News Brasil, o CEO da campanha de Donald Trump à presidência e ex-estrategista-chefe de governo do republicano chama Lula de "cínico e corrupto", diz que o petista foi corrompido pelo poder e sugere que seu retorno significará a "volta da corrupção" ao Brasil.

"Agora que está livre, Lula vai virar um imã para a esquerda global se intrometer na politica brasileira. Ele é o "poster boy da esquerda globalista", diz.

O americano, por outro lado, avalia as investigações sobre o uso de laranjas no PSL e suposto caixa 2 na campanha de Bolsonaro à presidência como "puro non-sense" e uma tentativa do establishment de boicotar o governo. "Aconteceu o mesmo com Trump."

Na visão de Bannon, que cancelou recentemente viagens ao Brasil, à Inglaterra, à Itália e à Austrália para estruturar uma força-tarefa contrária ao processo de impeachment contra Trump, nos EUA, é "bastante evidente" que o STF (Supremo Tribunal Federal) agiu para atrapalhar Bolsonaro ao decidir que réus só devem ser presos após se esgotarem as possibilidades de recursos - o que permitiu a libertação de Lula da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, na última sexta-feira.

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"O Brexit, 2016 (eleição de Donald Trump) e Bolsonaro são fatores intrinsecamente ligados", repete Bannon durante toda a entrevista. "Essas coisas (o impasse sobre a saída do Reino Unido da União Europeia e o impeachment contra Trump) mostram a ordem estabelecida se recusando a reconhecer o poder desse movimento populista e nacionalista."

domingo, 30 de dezembro de 2018

As 100 últimas comunidades felizes do mundo

Por Talita Bedinelli e Lola Hierro

No planeta restam mais de uma centena de comunidades indígenas sem contato, espalhadas por Amazônia, Papua Nova Guiné e Índia



"Um documentário da Survival International mostra imagens inéditas de um povoado indígena isolado do estado brasileiro do Acre, perto da fronteira com o Peru"

Os sentineleses, a etnia que habita há milênios a ilha de Sentinela do Norte, no arquipélago indiano de Andamã e Nicobar, se tornaram há um mês protagonistas das primeiras páginas dos jornais internacionais depois que alguns de seus membros supostamente assassinaram John Allen Chau, de 26 anos. O missionário norte-americano pretendia chegar ao pequeno território protegido com a intenção de evangelizar seus habitantes, um dos povos em isolamento voluntário que existem no mundo. Como os sentineleses, calcula-se que no planeta haja pelo menos cem comunidades indígenas que vivem sem contato algum com outras civilizações.

sábado, 10 de março de 2018

Depois de Belo Monte

Por Iuri Barcelos e Ciro Barros

Em três semanas de viagem, a reportagem da Pública encontrou indígenas vivendo em palafitas insalubres em Altamira e visitou os Arara na terra indígena mais desmatada recentemente no país

Lentamente Altamira desperta de seu sonho de barragem. Seis anos após o início das obras, a Usina Hidrelétrica de Belo Monte ainda tem um enorme passivo socioambiental a ser encarado. O leque de desafios é tão grande quanto o volume de concreto da terceira maior hidrelétrica do planeta. Do saneamento básico urbano à implementação de planos de atividades produtivas e de vigilância em aldeias indígenas atingidas; da construção de escolas e postos de saúde a problemas nos Reassentamentos Urbanos Coletivos (RUCs), os bairros erguidos pela Norte Energia para reassentar 4 mil das 10 mil famílias removidas pela obra, segundo os números do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) e do ISA (Instituto Socioambiental) – a empresa diz que são 8 mil famílias removidas. Foram as más condições dos reassentamentos que motivaram a suspensão da licença de instalação da usina em setembro.

Ao todo são 13 terras indígenas afetadas pelo empreendimento. Essas áreas abrigam um contingente de cerca de 4 mil índios sem contar os que vivem em área urbana em Altamira (pouco menos de mil indígenas no censo de 2010, mas não há estatísticas depois de Belo Monte, quando o crescimento demográfico na cidade se acelerou). Por ocasião da obra, foram estabelecidas 31 condicionantes com a Funai, além da consolidação do componente indígena do PBA – um plano de mitigação de danos para as populações indígenas afetadas que tem duração de 35 anos. “Hoje nós temos um PBA que já gastou milhões com os indígenas e com os ribeirinhos nada; e os ribeirinhos estão melhores. Há que se avaliar como chegamos a essa situação”, critica a procuradora Thaís Santi, do Ministério Público Federal (MPF) em Altamira, autora de várias ações judiciais contra a usina, uma delas, ainda não apreciada pela Justiça Federal de Altamira, por etnocídio – assassinato cultural do modo de vida das populações indígenas. Ela entende que as políticas de compensação acabaram causando um impacto ainda maior do que a usina.

De seu lado, a empresa realça a grandeza dos valores investidos na compensação ambiental – mais de R$ 4 bilhões. O valor trouxe ativos para a área de influência da usina, como a construção de três hospitais nos municípios da área de influência direta (Altamira, Anapu e Vitória do Xingu), 30 unidades básicas de saúde e outras 66 obras na área de educação.

A Norte Energia também iniciou a construção da nova sede da Funai na região – hoje um edifício alugado e precário em Altamira – e reforçou o quadro de funcionários do órgão, alvo de cortes em sequência pelo governo federal. “Os índios falam mal porque querem falar, porque pior eles viviam antes. Eles não tinham nada, viviam jogados”, diz a indígena Maria Augusta Borges Xipaia, presidente da Associação Kirinapã, que representa parte dos índios da cidade. “Através de Belo Monte eles hoje têm voadeira, carro, escola”, afirma, na contramão do que pensam os indígenas nas aldeias afetadas pelo empreendimento ou mesmo em Altamira, como Maria Augusta, mas em situação precária, como constatou a reportagem da Pública.

A Pública conta três histórias de dificuldades relacionadas a Belo Monte – duas em terras indígenas e outra na área urbana de Altamira, onde os moradores do bairro da Lagoa, no Jardim Independente I, lutam para entrar na lista de atingidos pela usina.


Barragem agravou inundações, dizem moradores da Lagoa


As paredes guardam as marcas da última enchente, que ocorreu em agosto, fora da época de chuvas. O pintor Carlos Alves Moraes, de 52 anos, mostra na régua os níveis que a água atingiu quando entrou nas palafitas. “Ficamos 17 dias morando aqui com os pés embaixo d’água”, relembra. “Essa daí foi uma que ficou com o pé todo cheio de ferida por causa da água”, diz, apontando para a esposa. Na palafita de dois cômodos, Carlos – indígena Xipaia – se aperta com mais dez pessoas. Os móveis estão todos sobre banquinhos, a única proteção contra o próximo aguaceiro.

A casa está sobre mais de 3 metros de água no bairro Jardim Independente I, um dos últimos na área central de Altamira que ainda têm palafitas (casas suspensas em alagamento perene). Na maior parte da cidade, as habitações suspensas foram desaparecendo conforme as obras avançavam dando lugar aos Reassentamentos Urbanos Coletivos (RUCs) – os cinco novos bairros construídos pela Norte Energia. Ali residem mais de 3 mil famílias, a grande maioria oriunda de baixões e áreas de alagamento atingidas pela usina.

Carlos morava com a família em uma ilha que ficou abaixo do barramento do rio. Quando os peixes começaram a aparecer mortos na porta de sua casa, ele decidiu se mudar para a cidade. “O único lugar que eu consegui foi aqui na Lagoa por causa do preço, né?”, relata.

A insalubridade exala nas palafitas onde residem mais de 500 famílias (46 delas compostas por indígenas) sobre a lagoa, agora um poço de dejetos. Sem nenhum tipo de saneamento básico, o esgoto vai direto para a água embaixo das casas, e o lixo quase chega às portas das pessoas. Nas bordas da área alagada, a reportagem da Pública avistou uma casa abandonada com cerca de 1 metro de água dentro, transformada em um criadouro de mosquitos. A indígena Maria de Fátima Damasceno Curuaia pede para falar. “Eu peguei dengue e nunca mais fiquei boa do meu pescoço. Começou com uma febre alta e depois foi uma dor se espalhando pelo corpo”, diz a costureira sobre a doença que a deixou um mês de cama. Quase todos os entrevistados na região já haviam contraído dengue, que acabara de matar um jovem.

A comunidade luta para ser reconhecida como mais uma atingida por Belo Monte, o que lhe daria direito à mudança para um dos RUCs ou a uma indenização. As mobilizações começaram após a usina ter recebido a licença de operação (LO) do Ibama, em novembro de 2015, quando os reservatórios começaram a encher. Segundo os moradores, nessa época surgiram minadouros e pontos de água mesmo em imóveis nos quais não havia alagamento na área interna. “Essa casa que eu tô aqui, ela foi construída em 1982. Na época, não minava água. Hoje entra água na sala, no quarto, na casa toda. E tem um quarto que está afundando. Aqui não alagava nem no inverno”, conta o piloto de voadeira Raimundo Xipaia Curuaia. Ele nos leva até o quarto em questão: o calçamento do piso faz barulho de oco e aparenta ter uma leve curvatura, como se estivesse cedendo. “Aqui nós esperamos a água bater mesmo pra começar a se mobilizar”, afirma.

O indígena Carlos espera ser indenizado pela
Norte Energia (Foto: Iuri Barcelos /Agência Pública)
Os moradores se organizaram com o auxílio do MAB após o bairro vizinho, o Jardim Independente II, ter conseguido a inclusão no reassentamento da Norte Energia. A primeira demanda foi a medição da altura da água – a Norte Energia assumiu o compromisso de reassentar, por risco de alagamento, todos os que viviam abaixo da chamada cota 100 (100 metros acima do nível do mar). Pelas medições da empresa, a Lagoa ficava na cota 102. Em medição própria, a Agência Nacional de Águas (ANA) confirmou: o bairro da Lagoa estava acima da cota 100. Não convencidos, os moradores exigiram da ANA e da Norte Energia o monitoramento do impacto do enchimento do reservatório da usina no lençol freático. Réguas e poços foram espalhados na comunidade. A medição está sendo feita e deve ser concluída neste ano.

A comunidade procurou também o Ibama exigindo uma solução. A argumentação dos moradores baseia-se em dois pontos. O primeiro é que a própria existência de um bairro de palafitas como a Lagoa descumpre uma condicionante de Belo Monte – prover saneamento básico a toda a cidade de Altamira. O segundo é a de que a situação do bairro da Lagoa foi agravada por Belo Monte. Os moradores alegam que a alta do aluguel na área urbana, que chegou a triplicar no início das obras, foi o principal motivador da migração que fez crescer a população da Lagoa. Imagens de satélite enviadas ao MPF também constataram o aumento da ocupação no período de construção da usina, fato que transparece na fala dos moradores. “Eu sou de Belém, cheguei aqui em 2013 para trabalhar na barragem. E todo mundo queria um lugar aqui”, relata Fábio Nunes Magalhães, militante do MAB e morador do Jardim Independente I. “Antes da barragem, você pagava R$ 400 num quarto no centro da cidade e de repente esse valor foi para R$ 2.500, R$ 3 mil. Eram casas destinadas aos encarregados da obra, alugadas pela empresa muitas vezes. O único lugar mais acessível para se morar era aqui na Lagoa”, diz Magalhães.

No fim do ano passado, o Ibama cedeu à argumentação dos moradores e determinou, por ofício, que a Norte Energia fizesse o cadastramento das famílias do Jardim Independente I para averiguar “a temporalidade do afluxo populacional” na Lagoa. No mesmo ofício, o órgão ambiental determinou à empresa que identificasse os ocupantes, a origem das famílias, o tempo e a condição de residência na Lagoa (casa ou palafita) e os motivos que os levaram a morar na comunidade. O escritório do Ibama em Altamira já havia feito anteriormente um parecer relacionando o aumento da população da Lagoa à obra e à consequente poluição do lago formado pela usina. A Norte Energia chegou a acionar o órgão ambiental judicialmente para não ter de fazer o cadastramento, mas após meses de queda de braço a empresa cedeu.

O cadastramento começou no início de setembro deste ano e deve levar três meses para ser concluído pela Norte Energia. “A gente sabe que é só um primeiro passo, mas estamos tendo esse reconhecimento”, consola-se o pintor Carlos Xipaia. Ele espera ser indenizado em dinheiro, não quer uma casa no RUC Pedral – com muitas vagas ofertadas aos indígenas da cidade. Um de seus filhos casou-se com uma ribeirinha que recebeu um imóvel em outro RUC, o Casa Nova, e ele conhece os problemas apontados pelos reassentados. “Lá tem só três anos de uso e as paredes já estão rachando, os pisos levantando. Não dá pra confiar nessas casas”, protesta.

Em visita ao reassentamento, a reportagem constatou o revestimento dos pisos soltando, rachaduras nas paredes e infiltrações nas casas e muitas queixas dos moradores.

“O Jardim Independente I ainda está em processo de análise, estamos avaliando se houve impacto ou não”, diz o coordenador do Ibama em Altamira, Roberto Cabral. “O cadastramento das famílias foi um pedido do Ibama. Os dados serão levantados e entregues ao Ibama. O que será feito depois é uma outra análise.”

Envolvido nas mobilizações, o MAB não duvida do impacto da construção da usina sobre a comunidade que vive na Lagoa. “Pra nós, do MAB, ser atingido não é só ter a casa alagada. Como você ignora uma comunidade desse tamanho sem saneamento?”, pergunta Elisa Estronioli, membro da coordenação do movimento. A Norte Energia não respondeu aos questionamentos feitos pela Pública.

A terra indígena mais desmatada dos últimos anos

Terra Indígena Cachoeira Seca do Rio Iriri é alvo constante de extração ilegal de madeira (Foto: Iuri Barcelos/Agência Pública)

A quilômetros de distância da cidade de Altamira, a reportagem visitou outra grande pendência de Belo Monte: a homologação e extrusão da Terra Indígena Cachoeira (TI) Seca do Rio Iriri – uma das condicionantes estabelecidas para a construção da usina. A terra foi homologada pela ex-presidente Dilma Rousseff nos últimos dias antes do impeachment, mas ficou faltando a parte mais difícil: o reassentamento das mais de mil famílias de ocupantes não indígenas que dividem os cerca de 730 mil hectares da área com os índios Arara e Xipaia. Sem a garantia do usufruto exclusivo aos indígenas, a terra hoje é alvo de um processo feroz de extração ilegal de madeira. A Cachoeira Seca foi considerada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) a TI mais desmatada do país entre 2011 e 2015.

Na viagem de um dia de voadeira para a Terra Indígena (TI) Cachoeira Seca, a partir do porto da Maribel, no município de Uruará, a impressão é que se está em um santuário da natureza. A floresta preservada margeia durante muitas horas o leito do rio enquanto o motor baixa o ronco para passar corredeiras e pedras que dão as caras no tempo de seca, o verão amazônico.

Por um momento as águas se acalmam, o céu e as árvores se espelham no leito enquanto o Sol se põe. A cena paradisíaca ofusca as ameaças sofridas pelos indígenas. Homologada desde abril do ano passado, ainda há mais de mil famílias de ocupantes não indígenas nos mais de 730 mil hectares da Cachoeira Seca, o que contraria o estabelecido na Constituição.

Interditada para estudos em 1985, a TI levou mais de 30 anos para chegar ao estágio final de demarcação. A retirada de ribeirinhos e colonos foi um compromisso assumido pelo Estado entre as condicionantes previstas para a construção de Belo Monte. Antes mesmo da emissão da licença de instalação da obra, que ocorreu em julho de 2011, a Cachoeira Seca já deveria ser de usufruto exclusivo das populações indígenas. Atualmente, há duas aldeias indígenas na TI: a aldeia Iriri, dos índios Arara, e a Cujubim, dos índios Xipaia e Curuaia.

Em maio de 2016, um mês após a homologação da área, os Arara endereçaram uma carta a diversos órgãos federais clamando por uma solução ágil. “Após a homologação, ao invés de nos sentirmos mais seguros, temos percebido uma grande reação dos grupos que têm interesse em nosso território, que começaram a nos ameaçar diretamente. Se a desintrusão e/ou ações de controle não passarem a ocorrer num prazo curto, existe alto risco de intensificação do número de invasões, da extração ilegal de madeira e do desmatamento dentro de nossa área, junto com a piora na nossa segurança”, diz a carta do povo Arara.

Segundo um levantamento do Instituto Socioambiental (ISA), a área da TI Cachoeira Seca sob exploração madeireira cresceu vertiginosamente durante a construção de Belo Monte: passou de cerca de 3 mil hectares em 2011 para quase 14 mil em 2014 – quando o volume total de madeira extraída atingiu 200 mil metros cúbicos, o suficiente para encher uma fila de caminhões entre São Paulo e Belo Horizonte. Em setembro deste ano, a reportagem da Pública viu cinco caminhões carregados de toras enormes de madeira trafegando nas imediações da TI durante a noite.

O cacique Arara, Mobu-Odo: “Sem a mata, não somos nada”
 (Foto:Iuri Barcelos/Agência Pública)
No último dia 4 de outubro, a Polícia Federal (PF) desmontou uma quadrilha que extraía madeiras nobres da Cachoeira Seca – o dano ambiental à União foi estimado em quase R$ 900 milhões. Segundo a PF, a madeira extraída ilegalmente na área foi para diversos países, como EUA, Argentina, Panamá, França, Alemanha, Emirados Árabes e Coreia do Sul.

“Sempre nós fomos perseguidos pelos brancos aqui. Até hoje tem perseguição, dos madeireiros. Antes era seringueiro, gateiro que matava a gente. Hoje é madeireiro, colono, essas pessoas que têm interesse no que o índio tem”, conta o cacique dos Arara, Mobu-Odo. O subgrupo Arara da Cachoeira Seca chegou a ser reduzido a três indivíduos quando o contato com os brancos se intensificou. Hoje são 88. “Nós, sem a mata, não somos nada. Nós só sabemos viver da mata. Eles matam a gente porque a gente preserva a terra, a mata, o rio”, resume. Um “não” enfático é a resposta quando indagado se acredita que verá um dia seu povo viver sem ser perseguido.

Em setembro, houve mais um episódio de violência em uma das aldeias da Cachoeira Seca, a Cujubim, habitada por indígenas Xipaia e Curuaia. Ao flagrarem um grupo de homens pescando em seu território, os índios tomaram os motores das voadeiras e os equipamentos de pesca dos invasores e exigiram o pagamento de um valor para devolver. O que os índios não sabiam era que havia membros da Polícia Militar de Uruará entre os pescadores. O cacique da Cujubim, Léo Xipaia, foi então jurado de morte. “A gente tem recebido tiros próximo à aldeia, tocaram fogo na nossa porteira, ligaram me ameaçando. Me mandaram um áudio dizendo que minha vida tava custando um valor alto e que iam me apagar”, conta o indígena, entrevistado sob olhares cuidadosos de uma escolta armada. “Isso porque o próprio PBA [Plano Básico Ambiental] tem um plano de proteção das terras indígenas que não funciona”, revolta-se Léo Xipaia.


Entre indígenas e ribeirinhos, amizade e conflito



Em contraste, a relação é predominantemente amistosa entre índios e beiradeiros (ribeirinhos). Ano após ano, os índios marcam presença nos festivais do rio Iriri – organizados pelos beiradeiros do porto da Maribel, localizado no interior da TI Cachoeira Seca. Indígenas de várias etnias participam das competições de pesca, canoagem e futebol do festival. Ambos os lados defenderam suas posições para a reportagem da Pública, quase sempre demonstrando compreensão com a causa alheia. A maioria dos entrevistados apoiava a garantia do território aos índios e um reassentamento digno para os ocupantes de boa-fé. Os protestos se direcionam mais ao modo como o Estado vem se portando com relação a ambas as populações.

O histórico de ocupação dos brancos no território tradicional indígena é complexo. Os Arara já faziam contato de modo intermitente com os brancos desde o século 19 – um dos primeiros marcos é a abertura de seringais no rio Iriri nessa época. “Meu pai mesmo foi um que veio como soldado da borracha, alistado pelo governo federal”, conta a beiradeira e comerciante Melânia da Silva Gonçalves, uma das principais lideranças dos beiradeiros da TI Cachoeira Seca. Segundo ela, seu pai chegou durante a Segunda Guerra Mundial, período em que a região amazônica vivia o segundo ciclo econômico da borracha. “Quando ele veio pra cá, ele conheceu a minha mãe, que já tinha nascido aqui na beira do rio”, relata Melânia. À época, os Arara circulavam por uma área extensa de mata pelas margens dos rios Xingu e Iriri. Posteriormente chegaram os caçadores, atrás da pele dos gatos-do-mato, em outro ciclo econômico vivido na região.

Transamazônica: dela saem os ramais que invadem a
T.I Cachoeira Seca (Foto: Iuri Barcelos/Agência Pública)
A partir da década de 1970, o processo de ocupação começou a se tornar mais intenso por iniciativa dos militares no poder. A política de colonização da Amazônia estava a pleno vapor e a região da TI Cachoeira Seca foi alvo de várias medidas que visavam promover o desenvolvimento econômico e o “povoamento” da região. Nos anos 1970, o Plano de Integração Nacional (PIN) trouxe para perto do território Arara a rodovia Transamazônica e os projetos de colonização em suas margens. A estrada cortou a terra dos índios ao meio, passando a menos de 3 quilômetros de uma aldeia usada pelos índios na estação de seca, segundo um laudo feito posteriormente pelo antropólogo Márnio Teixeira Pinto. Segundo ele, a rodovia restringiu o deslocamento dos índios no interior do seu território.

Na mesma década, o governo criou o Polígono Desapropriado de Altamira, uma área de mais de 6 milhões de hectares na qual estava inserido o perímetro da TI Cachoeira Seca, destinada a projetos de colonização e reforma agrária. Em março de 1977, a Cooperativa Regional Tritícola Serrana Limitada (Cotrijuí), do município gaúcho de Ijuí, recebeu do governo federal 400 mil hectares dentro da área do polígono. No local, deveria ser implantado um projeto de colonização para 2 mil famílias.

Com o aumento do fluxo migratório para a região, os conflitos entre índios e migrantes passaram a estampar a capa dos jornais. Um ataque de caçadores deixou ao menos 12 indígenas mortos a tiros, e seis funcionários da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), que faziam uma picada no quilômetro 100 da Transamazônica, foram mortos e esquartejados pelos Arara. Meses depois, o colono Pedro Brito Furtado foi morto de maneira semelhante em outro ponto da estrada.

Os conflitos eram a parte mais visível de uma política esquizofrênica do Estado brasileiro, que estimulava a colonização da área enquanto avançava em direção ao reconhecimento do território como área indígena. Em 1971, a Funai montou a primeira frente de atração para “pacificar” os Arara; no mesmo ano, o Incra criou o Polígono Desapropriado de Altamira, destinando parte do território indígena à colonização agrícola.

E o Incra continuava assentando colonos quando, por meio de um termo de compromisso, formalizou seu aval à construção da rodovia Trans-Iriri pela madeireira Bannach em 1984. A estrada, em território indígena, era um prolongamento do travessão 185 sul da Transamazônica até o rio Iriri, que desemboca no porto da Maribel. No ano seguinte, porém, a Funai interditou 1 milhão de hectares para seguir com a atração aos Arara exatamente na área dos assentados do Incra.

Muitos colonos relataram à Pública ter chegado à região na época da abertura da Trans-Iriri. Era o “tempo do mogno”, e a extração de madeira nobre, comandada pela Bannach, atraiu muita gente à região, como lembra o colono Firme da Conceição, 82 anos, que chegou em 1987: “Naquele tempo, era a Bannach fazendo a picada e abrindo a estrada e o Incra dando autorização pra ir loteando dos dois lados. Aí eu comprei essa terrinha. Nunca tinha ouvido falar que aqui era área de índio, nunca tinha visto um índio aqui”, diz Firme. “Aqui era a madeireira na beira do rio, abrindo a estrada, e no resto era colono trabalhando. Meu irmão entrou primeiro, era terra devoluta. Aí ele tirou um lote e me deu outro”, relata o colono Valdir Soares dos Anjos, que também está ali desde 1987. Até hoje a estrada aberta pela madeireira é o ponto de maior concentração de ocupantes não indígenas.

Foi também em 1987 que a frente de atração estabelecida 16 anos antes pela Funai finalmente conseguiu contato com o subgrupo Arara que hoje habita a TI Cachoeira Seca. Durante muito tempo, os índios se isolavam cada vez mais, fugindo dos brancos. Em 1988, a Funai formou um grupo de trabalho para delimitar o território tradicional indígena, mas a demarcação física só foi concluída em agosto de 2011. Foram muitas idas e vindas do processo, marcado por contestações judiciais de várias partes (prefeituras, madeireiros, sindicatos de produtores rurais etc.) e por manifestações contrárias dos ocupantes não indígenas do território. E o Incra seguiu batendo cabeça com a Funai: em 1997 e 2006, o órgão fundiário criou projetos de assentamento sobrepostos à área indígena.

A Norte Energia prometeu solucionar a questão da extrusão até a emissão da licença de instalação da usina, em junho de 2011, o que não ocorreu. O levantamento dos ocupantes não indígenas da área – que nem sequer foi concluído pela Funai – já antecipa a dificuldade de o Incra finalizar a questão, reassentando os colonos. Só em um dos municípios próximos, Uruará, o órgão conta com uma fila de mais de 1.800 famílias cadastradas para obter um lote da reforma agrária. Isso sem contar o valor financeiro a ser pago como indenização às famílias e a possível judicialização do processo, o que pode torná-lo ainda mais vagaroso.

Em relação aos ribeirinhos, a questão é ainda mais complexa. Como são reconhecidos e protegidos legalmente como população tradicional, o reassentamento deve garantir a continuidade do modo de vida das comunidades. “O ribeirinho só sai do seu lugar se existir um lugar idêntico para ele ir. E não existe um lugar idêntico a onde eles estão hoje”, diz a procuradora Thaís Santi, do MPF em Altamira. “Então, eu realmente acho que eles vão ter que ficar lá”, opina.

Sobrepostos à área indígena, os ribeirinhos ficaram sem acesso a serviços básicos como postos de saúde, escolas, energia elétrica e água encanada. “O município não pode trazer nada pra cá porque é TI. Aí a gente só faz é esperar”, conta a liderança Melânia Gonçalves. “A gente não quer sair daqui. Podem até me dar uma outra terra, mas quem vai me dar um rio desse aqui, onde eu nasci e me criei?”

Do lado dos índios, a frustração com Belo Monte é evidente. Da promessa de solução fundiária e proteção territorial da Cachoeira Seca, restaram obras que andam a passos lentos, reuniões infrutíferas com a Norte Energia e pressões como o desmatamento e o roubo de madeira. Isso em um cenário em que a Funai de Altamira agoniza: o órgão indigenista, que contava com 53 funcionários, tem hoje apenas 17 pessoas para lidar com um emaranhado de problemas em um território de milhões de hectares.

Procurada pela Pública, a Funai não respondeu aos pedidos de entrevista. A Norte Energia afirmou que não se pronunciaria.
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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Quanto vale um rio? - Projeto Amazônia Resiste

Por Marina Amaral e equipe da Agência Pública



Cercados por minas da Vale desde a ditadura, os Xikrin enfrentam agora a extração de níquel a 3 km da aldeia e a presença de metais pesados no Cateté

O projeto “Amazônia Resiste” é uma ampla investigação jornalística da Agência Pública sobre a resistência indígena em vários pontos da maior floresta tropical do mundo. 

A partir de vídeos, textos, fotografias, infográficos e podcasts seis equipes de reportagem retrataram o que acontece em campo no Pará e Mato Grosso – das aldeias às instâncias de poder relacionadas à realidade indígena. 

Os protagonistas desta narrativa são os índios, especialmente a resistência que exercem diante de um quadro completamente desfavorável ao seu modo de vida. 


Coordenação Geral 
Marina Amaral 
Consultoria em Antropologia 
Spensy Pimentel 
Editor de Conteúdo 
Thiago Domenici 
Coordenação Audiovisual 
Sofia Amaral 
Direção de Arte e Finalização
André Oliveira 
Produção de Conteúdo 
Jessica Mota 
Consultoria Técnica
Geraldo Floriano 
Gerente Administrativa 
Roberta Carteiro 
Repórteres 
Anna Beatriz Anjos 
Ciro Barros 
Jessica Mota 
Naira Hofmeister 
Sofia Amaral 
Tânia Caliari 
Videorrepórteres 
Ana Mendes 
Adriana Latorre 
André Oliveira
Iuri Barcelos 
José Cícero da Silva 
Imagens aéreas 
Paulo Henrique Damasceno – Fly Media
Parceiro 
Climate and Land Use Alliance (CLUA)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

A questão indígena em 4 minutos

por Caetano Patta, Ciro Barros, Iuri Barcelos, Thiago Domenici

De um lado, os interesses dos povos indígenas. De outro, os interesses do agronegócio e do modelo de desenvolvimento vigente no país. Nesse contexto, a atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai) é fundamental para dirimir inúmeros conflitos e exercer seu papel constitucional de identificar, demarcar e monitorar terras indígenas, mas também é responsabilidade do órgão indigenista prestar apoio e proteção social.
  • 800 mil índios
  • 246 etnias
  • 13% do território nacional
  • 98% na Amazônia legal
  • Desmatamento é 11 vezes maior fora das áreas índigenas
  • 350 indios mortos em conflitos desde 2010

Veja o vídeo:



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FONTE: Agência Pública

sábado, 5 de setembro de 2015

Que tal ver um filme para comemorar o DIA DA AMAZÔNIA?


Dia 05 de setembro comemora-se do Dia da Amazonia.  Que tal, assistir a um filme que fala desse paraiso verde?

Como susgestão temos o "Amazonia", que recebeu o prêmio ambiente WWF no Festival de Veneza 2013.  O filme é uma ficção que narra uma aventura fantástica de um macaco prego, o "Castanha", criado em cativeiro.

Castanha é sobrevivente do acidente do avião que o transportava em plena floresta amazônica.  De repente Castanha se vê diante de uma realidade desconhecida, sendo obrigado a enfrentar perigos, desenvolver relacionamentos inimagináveis, com onças, pássaros, botos, etc.

O filme é uma coprodução de Brasil e França, e tem como roteirista Luiz Blognesi, direção de Thierry Ragobert, com a participação vocal  de Lúcio Mauro Filho e Isabelle Drummond.

Assista o Trailer ou clik aqui para ver o filme completo;




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sexta-feira, 17 de abril de 2015

Desmatamento na Amazônia caiu 80% em oito anos, diz estudo alemão




Pesquisa analisou 15 mil violações às leis ambientais entre 2004 e 2012 e o modo como a fiscalização atingiu criminosos



Vista aérea do Rio Igapó-açu, no Amazonas: maior vigilância reduziu desmatamento - Luiz Claudio Marigo




















A destruição da floresta amazônica brasileira diminuiu significativamente, segundo um estudo internacional liderado pela Universidade de Bonn, na Alemanha. A perda da vegetação é, agora, cerca de 80% menor do que em 2004.

De acordo com as estatísticas destacadas pelo artigo, foram derrubados 27.772 km² de floresta em 2004, principalmente para uso agrícola. Em 2012, o desmatamento atingiu 4.656 km².
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Coautor da pesquisa, o professor Jan Börner, da Universidade de Bonn, destaca que o desflorestamento é realizado principalmente por grandes criadores de gado, mas também pela agricultura em pequena escala. A abertura de novas estradas promove a extração de madeira e a devastação da cobertura florestal.

Usando dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e de centros de estudo internacionais, Börner estudou cerca de 15 mil violações da legislação florestal em toda a bacia amazônica. Seu objetivo era medir a eficácia das medidas de proteção à vegetação.

A aplicação da lei florestal é, a princípio, semelhante ao controle de limite de velocidade no trânsito: quanto maiores as penalidades e mais frequentes os controles, maior será o potencial de dissuasão — explicou.

Nos últimos anos, os policiais responsáveis pela preservação da Amazônia foram equipados com aparelhos de GPS para registrar as localizações espaciais de violações da legislação florestal. Os cientistas usaram esses dados para medir se os padrões do desmatamento mudam a partir dessas inspeções.

O estudo sugere que a proteção eficaz da floresta depende da presença física destes reguladores. Outras medidas devem ser tomadas, e muitas vezes isso implica em uma cooperação entre autoridades de níveis federal e estadual — avaliou o pesquisador. — A lei foi particularmente bem sucedida no Mato Grosso e no Pará, os estados com maiores índices de desmatamento. Neles, os promotores públicos mantêm listas negras de empresas agrícolas que violam a legislação. Desta foma, os comerciantes não compram mais produtos provenientes destas fontes.
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Fonte: O GLOBO -  Sustentabilidade

terça-feira, 23 de setembro de 2014

ONU: Brasil é exemplo de sucesso na redução do desmatamento

Por Alessandra Correa de New York para a BBC Brasil



"O Brasil foi o país que mais reduziu o desmatamento e as emissões de gases que causam aquecimento global", destaca o relatório divulgado nesta quinta-feira na reunião da ONU sobre mudanças climáticas que ocorre em Bonn, na Alemanha. 



O documento, produzido pela organização Union of Concerned Scientists (União de Cientistas Preocupados, em tradução livre), com sede nos Estados Unidos, explora como, na primeira década deste século, o Brasil conseguiu se distanciar da liderança mundial em desmatamento e do terceiro lugar em emissões de gases e se transformou em exemplo de sucesso.

"As mudanças na Amazônia brasileira na década passada e sua contribuição para retardar o aquecimento global não têm precedentes", diz o relatório, intitulado "Histórias de Sucesso no Âmbito do Desmatamento", que analisa a trajetória de 17 países em desenvolvimento com florestas tropicais.

"A velocidade da mudança em apenas uma década – na verdade, de 2004 a 2009 – é impressionante".


QUEDA




Os autores destacam a queda de 70% nas taxas de desmatamento no Brasil na comparação entre os dados de 2013 e a média entre 1996 e 2005 e observam que aproximadamente 80% da floresta original ainda existe.
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Ressaltam ainda que, a partir de meados dos anos 2000, as emissões resultantes de desmatamento no

domingo, 21 de setembro de 2014

A Magia da Amazônia


Por Paulo Franco

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English Transcription:

The magic of the Amazon: A river that flows invisibly all around us

What do you guys think? For those who watched Sir Ken's memorable TED Talk, I am a typical example of what he describes as "the body as a form of transport for the head," a university professor. You might think it was not fair that I've been lined up to speak after these first two talks to speak about science. I can't move my body to the beat, and after a scientist who became a philosopher, I have to talk about hard science. It could be a very dry subject. Yet, I feel honored. Never in my career, and it's been a long career, have I had the opportunity to start a talk feeling so inspired, like this one...  see more..
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A MAGIA DA AMAZÔNIA: UM RIO QUE FLUI INVISIVELMENTE AO NOSSO REDOR

Antonio Donato Nobre, em uma excelente palestra para a TED Talks, discorre de maneira científica, mas ao mesmo tempo apoixanada sobre a Amazônia.

Antonio, constroe uma metodologia didatica extremamente eficiente, iniciando uma comparação do planeta ao organismo humano, chamando a atenção para funções específicas do coração, do fígado, dos rins, pulmões, etc.

Com essa receita ele vai levando os ouvintes numa viagem que vai revelando um nível altamente complexo dos sistemas vivos e revelando-se cada vez mais fascinante.

Num paralelo bastante interessante é quando ele sugere que o telescópio Humble tenha suas lentes invertidas, e passassem a olhar para a terra ao inves de olhar para o universo longíquo.  Talvez o universo existente na terra seja menos conhecido pelos humanos do que o universo exterior.
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Um sistema fisico, fisiologico tão complexo e rico,quanto o sistema vivo de milhões de seres vivos que a floresta abriga.

"Há mais olhos do que folhas na floresta.", diz um ditado indígena.




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ANTONIO JOSE DONATO NOBRE é engenheiro agrônomo com Doutorado em Earth Sciences Biogeochemistry pela University of New Hampshire, EUA.  Responsável pelo escritório regional do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).  Tem relevante atuação na divulgaçao e popularização da ciência, em temas como a Bomba biótica de umidade e sua importância para a valorização das grandes florestas, e os Rios Aereos de vapor, que transferem umidade da Amazonia para as regioes produtivas do Brasil.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Globo Rural: Médicos Melhoram a Saúde de Regiões Distantes

 

 

Segundo a OMS/ONU, em 2012 o Brasil contava com 1,8 médicos para cada mil habitantes. A media é baixa quando comparada com outros países, como os vizinhos Uruguai (3,7), Argentina (3,2), ou ainda europeus como Alemanha (3,6) e Espanha (4,0). O mais grave é que a distribuição destes doutores sempre foi muito desigual pelo território brasileiro. De maneira geral, quanto mais pobre e mais distante a região, menos a chance de ela ter médicos em atividade.

 

 


No extremo norte do Brasil, a maior parte da população é pobre e sempre sofreu com uma série de problemas de saúde: malária, verminose, leishmaniose, mortalidade infantil elevada.

O povo sofre com doenças variadas, enfrenta epidemias do campo, se acidenta com frequência no trabalho, e padece com o isolamento e atendimento precário. Esta é a realidade da maioria dos lugarejos mais distantes do nosso território. Regiões agrícolas que muitas vezes não tem nem médicos para socorrer a população.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, em 2012 o Brasil contava com 1,8 médicos para cada mil habitantes. A media é baixa quando comparada com outros países, como os vizinhos Uruguai (3,7), Argentina (3,2), ou ainda europeus como Alemanha (3,6) e Espanha (4,0). O mais grave é que a distribuição destes doutores sempre foi muito desigual pelo território brasileiro. De maneira geral, quanto mais pobre e mais distante a região, menos a chance de ela ter médicos em atividade.

A combinação de pobreza e atendimento precário sempre marcou a história do município de Calçoene, na Amazônia. Calçoene fica ao norte de Macapá,

capital do Amapá, o segundo estado brasileiro com menos médico por habitante, atrás apenas do Maranhão. No município o povo vive do comércio, da pesca e principalmente da agricultura familiar.


Calçoene conta com um hospital, posto de saúde, enfermeira, dentista e assistente social, mas até há pouco tempo só tinha três médicos em atividade. Três médicos para uma população de 9.700 pessoas, uma média de 0,3 doutores para cada mil habitantes.

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“Totalmente insatisfatório. Muitos usuários não conseguiam vaga. Nós já estávamos chegando a um caos. Sem saber o que fazer em relação a essa situação de contratação de médico”, declara Maria de Jesus Caldas, secretária de saúde/Calçoene/AP.

domingo, 9 de março de 2014

Desmatamento em 2013 no Brasil sobe 28%

Por PAULO FRANCO




Depois de 4 anos de reduções initerruptas e de 9 anos de redução substancial no desmatamento da amzônia, em 2013 houve uma elevação de 28%.   Os dados são do PRODES (Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica por Satélites), do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Dentro da curva descendente iniciada a partir de 2004, o único ano em que houve um crescimento no desmatamento foi  2008, com 11%.  Felizmente, não passou de um soluço, e a tendência descrescente foi retomada com êxito. 
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Após atingir o pico de 27.800 km² no ano de 2004, a queda do desmatamento até o ano de 2012,  foi de 84% quando foi desmatado apenas 4.571 km².  Um queda vertiginosa, diga-se de passagem, tanto que esse resultado foi reconhecido internacionalmente e o Brasil acabou ganhando o prêmio "Campeões da Terra-2013 " condedido pela ONU.

É lógico que em termos absolutos e até no contexto das reduções ocorridas, o fato até poderia ser considerado não tão relevante assim.

O fundamental é que se acenda um "alerta vermelho" para que as autoridades responsáveis pelo controle, não permitam que isso se transforme numa tendência, com aumentos do desmatamento nos próximos anos.

A sociedade e o governo tem que trabalhar com uma missão que seria o desmatamento zero. Sabemos que, embora seja muito díficil atingir essa meta, não é impossível, mas o foco tem que ser sempre esse.

Os estados mais vulneráveis, atualmente, ao desmatamento tem sido o Mato Grosso e o Pará.  No caso do estado do Mato Grosso a causa maior é a expansão para o plantio de soja.   Já no estado do Pará, tudo indica ser grilagem de terras para a especulação, com propriedades mais extensas.  Conforme informações do INPE, esse desmatamento tem se concentrado no entorno da rodovia BR-163.  

Em ambos os estados, mas principalmente no Pará, o IBAMA tem que recrudescer a fiscalização, a autuação e o embargo desses desmatamentos.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Desmatamento na Amazônia caiu 70% entre Agosto e Novembro









Desmatamento na Amazônia caiu 70% entre agosto e novembro em relação ao mesmo período de 2012
Dados são de ONG. Madeireiros e pecuaristas vão para o interior da floresta


Por RENATO GRANDELLE de O Globo


RIO — Um estudo apresentado nesta quinta-feira mostrou mais uma face do desmatamento da Amazônia. Segundo a ONG Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o desflorestamento caiu 70% entre agosto e novembro deste ano, em relação ao mesmo período em 2012. Parece contradizer os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados com exclusividade pelo GLOBO, que indicaram um aumento de 28% do desmatamento entre agosto de 2012 a julho deste ano. No entanto, os estudos retrataram diferentes dimensões da perda da floresta.

Enquanto a análise do Inpe é mais completa e cobriu um ano inteiro, a do Imazon focou nos grandes desmatadores e analisou um período menor.

Ambos os levantamentos, porém, apontam a dificuldade para acompanhar como a Amazônia é invadida por agricultores e madeireiros, além de ser alvo crescente da especulação imobiliária.


O sistema Prodes, usado pelo Inpe, detecta cortes superiores a 6,25 hectares. A fiscalização do Imazon, por sua vez, é menos detalhada. Suas imagens só identificam regiões cuja área devastada tem mais de dez hectares.
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Pesquisador do Imazon, Heron Martins não se surpreende com a grande redução do desmatamento:

— O aumento da fiscalização e de programas de sustentabilidade atingiu o desmatamento especulativo, a grilagem e a agroindústria. Mas ainda há o que fazer.

Pesquisa aponta migração de atividades para áreas conservadas

Segundo o Imazon, entre agosto e novembro de 2012 e o mesmo período deste ano, os índices de desmatamento caíram 88% no Mato Grosso (de 249 para 30 hectares) e 84% no Pará (613 para 98 hectares). Também foram registradas quedas em Amazonas, Rondônia e Tocantins. Em Roraima e no Acre, o desmatamento aumentou, mas de forma irrelevante (inferior a 15 hectares).

O instituto, no entanto, constatou a migração de empresas ligadas à atividade madeireira e à agropecuária do Mato Grosso para o Pará, e de Rondônia para o sul do Amazonas.

— O arco do desmatamento está avançando para o interior da floresta, à medida que alguns municípios distantes não têm mais madeira para explorar — lamenta Martins.

Vice-presidente da Conservação Internacional no Brasil, André Guimarães elogia o estudo do Imazon, mas considera que avaliar apenas o desmatamento é “olhar para o retrovisor”.

— Temos que aumentar a produtividade da agroindústria nas áreas já desmatadas e evitar a invasão a terras indígenas e a unidades de conservação.
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Matéria extraída de O Globo.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Dilma promete 10 mil escolas ecológicas e sustentáveis

Por TÂNIA MONTEIRO para Agência Estado 



A presidente Dilma Rousseff recebeu nesta terça-feira, 26, no Salão Nobre do Palácio do Planalto cerca de mil participantes da 4ª Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, que está sendo realizada em Brasília. A presidente Dilma foi ovacionada pelos presentes, a maior parte de adolescentes.

Em breve discurso, prometeu construir até 2014 dez mil escolas ecológicas e sustentáveis no País. "O Ministério da Educação está empenhado em assegurar apoio crescente às escolas ecológicas, escolas sustentáveis e isso vai se refletir no fato que nós teremos uma meta de chegar até dez mil escolas ainda em 2014", prometeu Dilma.

A presidente fez questão de cumprimentar grande parte dos presentes e tirar foto com eles. Dilma ganhou uma "barretina", uma espécie de chapéu de folha de coqueiro, feita pelo povo Xukuru, grupo indígena de Pernambuco, e o colocou na cabeça.
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"O nosso País tem de ser comprometido com o meio ambiente e combater o desmatamento e lutar por práticas ecológicas, principalmente na produção agrícola, e defender energia renovável, proteção dos seus biomas, proteção da biodiversidade, assegurando que o Brasil seja um exemplo disso, e ser um país desenvolvido, mas verde", afirmou. A presidente tem destacado projetos nessa área e usado essas ações como contraponto à Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente de Lula.

Marina agora compõe a chapa do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), possível candidato ao Planalto e adversário de Dilma na campanha do ano que vem. A ex-ministra reiteradamente acusa o atual governo de não dar atenção ao tema "meio ambiente". Depois de citar que os países do mundo diminuíram as suas matas ao longo da história, Dilma ressaltou que "o Brasil, apesar de ter perdido muito da Mata Atlântica, tem toda uma floresta Amazônica a garantir que seja preservada e a garantir que seja essa nossa reserva". A presidente Dilma recebeu das mãos dos participantes 108 projetos para escolas sustentáveis representando 26 Estados e o Distrito Federal.